Lucy permaneceu deitada pelo resto da manhã, descendo apenas para o almoço. Todos já esperavam a mesa. Seu pai, Beth, Christopher e Vivienne e também seu novo cunhado. Ela cumprimentou a todos com um sorriso amarelo e sentou-se entre o irmão e a empregada. Serviu-se com o caldo de carne bem grosso e uma fatia de torta de abóbora. O cheiro incitava as narinas e a fazia salivar.
O marido de sua irmã foi o primeiro a se pronunciar.
- Então, Lucy. Conte-nos um pouco de suas aventuras! Eu, como um humilde filho de pequenos agricultores não tive a chance de participar, então estou muito curioso.
Todos olharam instantaneamente para ela. Lucy já havia perdido as contas de quantas vezes contara a história em casa, mas sua irmã e cunhado ainda não haviam ouvido. Olhou mais uma vez para seu prato. O caldo marrom e fumegante estava salpicado com alguns pedaços de cebolinha verde, que boiavam estáticas, presas a consistência pesada da comida.
- Eu...eu não me lembro muito bem e, na verdade estou um pouco indisposta. Vou me deitar. Desculpem-me.
Ela apoiou as duas mãos na mesa e levantou-se de supetão. Foi o suficiente para que suas vistas escurecessem e uma sensação de estar girando descontroladamente confundiu seu equilíbrio. Se Christopher não tivesse sido rápido em levantar-se e agarrá-la, Lucy teria caído com toda a força no chão.
Todos levantaram-se horrorizados e se aproximaram.
- Lu, você está bem? - Vivienne perguntou, desesperada.
O irmão ainda a tinha apoiada nos braços, com uma expressão de horror marcando o rosto tão parecido com o dela mesma. Pelo canto dos olhos ela pôde ver que Beth lançava um olhar de preocupação para Lucian, que devolvia com igual sentimento.
- Sua irmã está bem, Vivienne - o pai se manifestou - Vou levá-la para o quarto agora.
Com uma imensa demonstração de vitalidade Lucian ergueu a filha no colo, como se fosse uma pluma, nem mesmo o machucado da perna lhe impedira. Virou-se para todos mais uma vez.
- Podem continuar a comer. Logo me juntarei a vocês. - e desapareceu pelo corredor, em direção as escadas.
- Pai eu estou bem! Pode me pôr no chão! - Lucy temia que a perna o incomodasse ainda mais caso galgasse o lance da escadaria carregando peso.
- Não é comigo que tem que se preocupar, Lucy Galahad. - ele respondeu, muito sério.
Após chegar ao corredor do segundo andar entrou na porta que correspondia ao quarto dela, pousando-a sobre a cama, que ainda estava desfeita.
- Precisamos conversar. - ele puxou a cadeira que ficava de frente para a penteadeira e sentou-se, virado para a cama onde a filha estava - Quero que você seja muito sincera, entendeu?
Lucy ofendeu-se. Nunca havia mentido para o pai, de certo omitira algumas coisas relacionadas a viagem, mas inventar mentiras? Nunca!
- Papai! O senhor sabe que nunca minto! Pode esperar tal coisa de Christopher e Vivienne, mas não de mim!
Ele coçou o queixo salpicado por uma suave pelugem, ainda muito sério.
- Eu sinto falta de sua mãe, muita falta... - começou, do nada - Ela saberia lidar com este tipo de situação muito melhor do que eu...
Neste momento Lucy percebeu o pai corar. Era a primeira vez na vida que via aquilo. Foi então que percebeu que algo estava errado, uma pena ter sido tarde demais.
- Lucy...você deitou-se com algum homem neste tempo que estava fora? - apesar de estar desconsertado, foi direto.
A jovem sentiu como se o estômago que já estava embrulhado subisse e descesse descontroladamente. Como ele percebera? Engoliu seco e não foi capaz de responder a pergunta, apesar da boca aberta as palavras não saíam.
Foi o suficiente para Lucian. Seus olhos escureceram e o rosto se fechou em uma máscara indecifrável.
- Quem foi... - sibilou - Me dê o nome!
Ela sabia que o pai, sempre muito ciumento e zeloso, seria capaz de uma loucura!
- Não pai, você não...
O homem levantou-se com uma agilidade que contradizia seu estado e agarrou a cadeira na qual estivera sentado, arremessando-a contra a parede, fazendo com que se espatifasse como se feita de vidro.
- O NOME!!!! - ele estava furioso, como nunca o vira na vida.
Lucy meneou a cabeça num gesto negativo. Lucian aproximou-se, tentando controlar a raiva ao mesmo tempo que desejava intimidá-la. Mas ela sabia como lidas com isso, era o rebento mais parecido com ele e apesar de ter herdado o temperamento doce da mãe era conhecida por não dar o braço a torcer. Agora mais do que nunca não poderia trair a confiança de Jacob.
- Você não consegue compreender, não é mesmo? Sempre foi minha criança mais responsável e eu nunca imaginei que isto aconteceria logo com você. Está grávida, Lucy! Grávida! E quando eu pegar quem fez isso com você não haverá distância que o maldito fugitivo percorra que me separe do pescoço dele!
- Pai, ele não fugiu! Ele vai voltar!
- E por que acha isso? Por um acaso ele te prometeu?
Ela inflou o peito e ignorou o tom de escárnio de seu progenitor.
- Sim, ele me prometeu! Disse que voltaria e o fará!
- Pois eu o estarei esperando... Esperarei ansioso para conhecê-lo! - Com essas palavras o homem deixou o quarto, batendo a porta atrás de si.
A reação que se esperava de uma moça a estas alturas era um choro descontrolado. Mas Lucy estava feliz. Feliz por constatar que logo daria mais um herdeiro a Jacob. Ele viria por ela, apenas isso importava!
N/a: Desculpem pela demora! Estou sem pc e sem celular, não da pra escrever! Hoje fiz esse capítulo rapidinho num notebook emprestado, só para que vocês não esperassem muito. O capítulo é pequeno, mas prometo compensar! Aproveito pra anunciar para quem não segue meu blog que fui entrevistada pelo portal Catraca Seletiva! Para quem quiser saber um pouquinho mais de mim segue aqui o link: http://www.catracaseletiva.com.br/2017/05/entrevista-paola-ricardo-autora-de.html
Também quero lembrar que tanto a Vakinha quanto a vendas dos livros seguem firmes e fortes, os links estão no meu perfil. Tenham um excelente final de semana! Bjos!
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A Donzela de Ferro(Concluído - SEM REVISÃO)
RomansaLucy Galahad é uma jovem independente e decidida. Suas maneiras e modos parecem estranhos para a sociedade medieval. Dominando muito bem as artes de estratégia e combate a moça pode até assustar à primeira vista. Mas tudo isso vem à calhar quando um...