" Capítulo XIX"Perigos

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Era fim de uma tarde fria, que traria a verdade,logo mais, aquela mulher seria interrogada por Rafael elogo saberiam porque Madras entregouHaras. Geovane, entrou na sala de Rafael que estavanervoso com seu subordinado. 

 — Senhor Geovane, nos conte por quê foi até asociedade?

 — Senhor recebemos uma denúncia que Haras éfeiticeira, e fomos averiguar. 

 — Muito me preocupa sua descabida atuação, como,era a mim que deveria ter sido comunicado, e não tertomado medidas de acordo com sua cabeça. 

 — Sinto muito senhor, mas a denúncia procedia deuma pessoa que é dotada de veracidade.

 — Me diga quem denunciou e como foi isso. 

 — Ontem de noite recebi um bilhete em casa da senhora que me afirmou que Haras é feiticeira, que elafaz mandingas, que faz magias, e ela garantiu tertestemunhas.

 — Então o senhor ouviu as testemunhas? 

 — Não senhor, pensei que a palavra dela eraimportante. O homem ouvia e não acreditava naquilo. 

 — Bem, então o senhor fez tudo aquilo de acordocom apenas a palavra de uma pessoa que nem sei quemé, e não seguiu os protocolos que enviei ao senhor, não obedeceu aos procedimentos, para não sermos chacotados outros, devo me envergonhar do senhor? Comosabe não sigo a injustiça de todos os outrosinquisidores? Mas será que preciso dar outra aula detudo que ocorre, entre a igreja e tudo mais? 

 — Não senhor, essa senhora é séria? A senhora (Madras), esposa de Julius, aquele moço que mora nacolina, acreditei que fossem de confiança... Senhor tudosobre a igreja me é vago, se o senhor puder meesclarecer fico agradecido, assim não errarei mais 

 — Faço isso, em outra hora. Bem devo acreditar queo senhor Julius, sabe que sua mulher denunciou umasenhora que faz o bem para comunidade, uma senhoraque recolhe garotas perdidas, crianças abandonadas,mulheres que homens as fazem sofrer, é isso? 

 — Senhor, não sei nada disso, apenas sei que eladisse que faz mal para as pessoas. 

 — E então devemos mudar a maneira comofazemos, e nos tornamos aqueles inquisidores maus, que matam, que sacrificam, torturam por torturar,apenas pelo sofrimento sem provas. Inquisidor é aqueleque inquire, pergunta, questiona, pesquisa 

 — Senhor Rafael, sei que errei, mas foi por boacausa. 

 — O senhor tem caso com ela, com essa senhora?Olhe o que vai me responder, porque se descobrir averdade, e você mentir para mim, será colocado juntodela, e se tornarão réus do mesmo crime. 

 — Não senhor, não tenho nada com ela. Sabia averdade, e tinha convicção que ele foi vítima nas mãosdessa moça que o usou, então deu por satisfeito e odeixou ir para uma cela. Sarah no quarto, estavacomeçando a ficar preocupada, quando ouviu quealguém abriu a porta, era Rafael. 

 — Desculpas Sarah, mas estou ocupado, e tenho quefazer o que é melhor, vou pedir que te tragam algo paracomer, mas deve ficar aqui, até de noite, aí voltarei comnotícias. 

 — Me conte o que está acontecendo. 

 — Para sua proteção, no momento digo que tudoestá sob controle, fique tranquila, todos vão ficar bem.Ela viu que não adiantaria pedir, e se contentou emsaber disso, pediu o que comer.A floresta recebia mais duas moradoras, elascaminhavam, com cuidado, para que não fossemseguidas, passavam por lugares, às vezesrepetidamente, para despistar algum descuidado, que  por ventura as seguissem, mas pareciam tudo deserto,apenas a companhia dos pássaros. Elas deram o sinalcombinado e entrou, foi uma festa a chegada delas,mais uma vez a solidariedade era presença marcantenaquele momento tão significativo entre elas. Harasveio ter com elas. 

 — Como foi lá, me conte. 

 — Foi o esperado, está tudo bem, mas por enquantoé melhor continuarmos aqui, suponho que deveríamos ficaraqui por longos tempos, aqui é mais seguro. 

 — Você me deve uma explicação, começou falandodessa mulher e agora tudo isso aconteceu, previu isso? 

 — Sim, vi toda situação, ela está se vingando, comofez quando matou sua filha. 

 — Como assim, pode me contar o restante dahistória? 

 — Vou contar, mas primeiro precisamos comer etomar um banho, está muito frio lá fora, precisamos nosaquecer, preciso falar com Eleonor, onde ela está? 

 — Ela não está aqui. Pensei que tivesse ficado lá?Foi enviada para algum lugar?

 — Não, não mandei fazer nada. Tengia, procure porela, veja com alguém, tem que saber de algo. Temos queachá-la. E assim foram perguntado por ela e nada.

 — Haras, quando foi a última vez que a viu, ondeela estava? 

 — Eu a vi a dois dias atrás, antes de sair, para verJulius, será que ela sabia de algo?

 — Não sei, aqui ninguém a viu desde ontem, aliásnão viram ela ontem. 

 — Haras será que ela te seguiu também, e foi tercom Madras. 

 — Meu deus, se Madras a viu a matou, não pode ser.Foi então que uma moça falou: 

 — Haras, a Eleonor foi ter com aquele homem,aquele que estamos trabalhando, ontem ela ia conversarcom ele, esqueceu disso?

 — Nossa, na confusão esquecemos disso, ela deveestar bem, ele gosta dela. Mas temos que averiguar,quem está na escala de seguir para o lugar, temos queresgatar a filha dele, e se Eleonor ficar lá, corre risco deficar presa também, ela gosta daquele cafajeste.

 — É a Tricha e Brisna, elas iriam hoje de noite, mascom tanta confusão, não sei se vão. 

 — Sim, vamos dar continuidade, ela tem sofrido atécom a fome naquela casa, sem contar que ele aprostitui, pensa ser dono dela, ela perdeu a mãe muitojovem, depois disso a estuprou e leva homens para ela,isso não é vida. Sem contar que as mulheres que elearruma, ele as violenta. 

 — Vamos fazer como combinado. E assim com anoite chegando, foram à mansão daquele asquerososenhor, donos de terras, muitos empregados que eram tratados com lixos humanos, deveria ter uma lição...A casa estava toda iluminada, algumas carruagens naporta da entrada, uma música se fazia ouvir, entram pelos fundos, por onde só os empregados podiam asver, eles não seriam problemas. Abrimos várias portas e nada, de Eleonor, chegamosaté a sala de onde vinha o som de uma música, dessas bem toscas, que a ninguém deve dar créditos a ela. Oque via me deixou enojada, as meninas que vieram conosco, estavam nuas deitadas no sofá, e dois rapazesaté que bem feitos de corpo as lambiam, era jogadoalgo nela, que não dava para discernir o que era, maseles apreciavam e começavam a ficar violentos, o donoda casa a tudo assistia, e se comprazia com o que via,ele gostava de perversidade. 

As meninas estavam preparadas para isso, tinhamconhecimento que a causa era perigosa, todas vinhamde situações iguais e que lutavam, para se libertar dehomens desse naipe. Alguém entrou na sala, eraEleonor, vestida como uma vadia, semi nua, apenascom 'lingerie' rebolava na frente do dono da casa, ela mevia de onde estava e deu sinal com a cabeça, como quedizendo estar bom para nós entrarmos em ação.De onde eu estava podia ver, me virei e fui em direçãoaos quartos, segui pelas escadas abaixo, rumo ao porão,era lá que ele mantinha a filha de 18 anos, que nuncavira o sol. Abri a porta e dei de cara com umajovem toda enroladinha em cima da cama, demonstravamedo, vestia apenas uma "calcinha", o quarto fedia aurina, e fezes. Tinha sujeira para todo lado, pratos nochão, lugar desumano, o próprio pai a tratava mal. 

Procurei por algo para ela vestir, como não achei nada,tirei meu casaco e enfiei nela. Tengia rápida, meajudou-a segurá-la, coloquei um sapato que achamosno corredor, e partimos dali, passamos pela sala onde obacanal acontecia, dei sinal para Eleonor e saímos,ficamos à espera das três na saída da fazenda pelosfundos, onde ele não nos encontraria. Não demoroumuito e elas vieram, estava bem, no possível.Eleonor, não estava entre elas, ficamos mais algunsminutos à espera dela e foi quando a vimos chegar. 

— Como vocês estão? 

— Estamos bem, vamos? E se puseram a caminharno meio do mato, até encontrar a carruagem que aesperavam, dei sinal para partirem. No outro dia,Tengia e Zenit foram até a cidade, precisavam sabernotícias de Sarah e ver como andavam as coisas comMadras. Elas tinham acesso à casa do homem que asajudou, ele era um homem justo e confiável, eramamigos.

Dama da NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora