"Capítulo XXXII"Tengia e Sarah desencarnam

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A vida é tão preciosa, que nem damos o valoradequado a este tributo que Deus nos concede a cadareencarnação. Quando minha filha Hannah foi destavida, senti tanta dor, e como conhecedora da vidaespiritual, vi que fui tola, ela como espírito tem suaprópria caminhada, sua própria evolução. Então o queeu precisava fazer era rezar, emanar luz para ela, paraque pudesse evoluir, enquanto eu na terra fazia minhacaminhada, sei que me enganei, e continuava meenganando, mas como ser diferente, a dor é algo quenão temos o controle do desliga. Então mudei, resolvimudar, e me elevar, me preparar para uma vida serena,construída da moral e dos preceitos de Deus. Me torneireclusa, apenas me alimentava com comidas saudáveis,não me alimentava de sofrimentos de animais, queriame purificar. Sarah e Tengia, minha fiéis amigas, seguiram meu caminho, e conseguimos nos tornarmulheres sábias, passávamos dias na cabana da floresta,tendo conhecimento do espírito, das ervas e das magias.invocavam os espíritos da natureza, para as magias.Espíritos ligados à natureza vinham nos ensinar tudo enos tornamos as bruxas do bem.

 Nossos mentores espirituais passava horas nosensinamentos lições que passamos para nossas pupilasda sociedade. A sociedade se fixou na floresta, nuncamais voltamos para a cidade, transformamos o prédioem orfanato, e lá recolhemos centenas de criançasórfãs, e demos as elas a dignidade, e uma família nofuturo. Faziam parte de uma família, todas as damaseram ames, e tratavam aquelas crianças até na faseadulta como filhos. Pude experimentar o amor de umfilho adotivo, um amor do coração. me sinto extasiadacom amor incondicional. A Santa Inquisiçãocontinuava a fazer vítimas, mas as piores vítimas eramaquelas que eram deixadas sem família, crianças, recémnascidos. A nossa luta não terminou, e mesmo depois,que estava quase no fim, ainda ouvimos do padreAlexandre, nosso amigo, algumas torturas, que nosdeixou emocionadas. Tengia era a mais velha do nossogrupo, vinha tendo uns desmaios de uns tempos. Omédico veio até nós e nos disse. 

—Sinto muito dizer, mas Tengia está muito doente,em sua cabeça há um tumor que está crescendo, aqualquer momento ela partirá. 

Para nós da sociedade, ela era amiga valiosa, foi uma mãe para mim, então fizalgo diferente dessa vez, ao contrário de quando perdiminha filha e mãe, fui em busca da espiritualidade paraele e para nós. Tudo que até então sabíamos, colocamosem prática, aceitaríamos sem dor, e assim o fizemos.Quando Tengia partiu, foi um dia de muita chuva, o céuchorou por ela, mas nós não choramos, fizemos umafesta, como os anjos fazem no céu com a chegada deum filho que retorna da terra, com a missão cumprida. Ocorpo foi cremado e as cinzas jogadas na floresta, lugareste que ela amava. De volta à terra. 

A luta continuava,e essa foi por muito anos, com o fim da santainquisição, chegamos ao fim de milhares de mortes .Édifícil falar sobre tudo isso, deixo para vocês buscarinformações e se tornarem melhores, ser seres humanos,que não escravizam.

Haras recebeu uma carta com umpedido de ajuda de um padre de Andaluzia. No pedidoele dizia que havia uma casa nos arredores da cidade,onde existiam cerca de 80 recém nascidos, em situaçãode miséria, todas as crianças tinham histórias trágicas,desde o abandono até a morte dos pais.Na verdade, depois da santa inquisição, havia muitasbatalhas na região, onde os homens não voltavam edeixava mulheres viúvas e crianças órfãs. As mulheresse tornaram prostitutas para poder sobreviver num paísde guerrilhas. A cidade estava apinhada de mulheresvulgares na rua, nas tabernas. Os homens podiamescolher de graça com qual quisesse ficar. Era a decadência de famílias ricas e bem de vida. A igrejatentava voltar ao normal, mas estava entrando embancarrota.

 O sagrado casamento , já não era bem-vindos.E os que estavam casados davam pouco valor a talato. Haras organiza com cuidado a viagem até o vilarejosituado na carta. Precisava ir com cuidado, e com tantascrianças precisam de muita carruagem. Com ajuda doFrei Sebastião, ela conseguiu arrumar todas as mulheresem carruagens e foram para o local, saíram alta horasda noite, e teriam que voltar antes do amanhecer paranão despertar a fúria do governo contra elas, ajudavamo povo, mas seriam capazes de mandar matá-las por seintrometer em assuntos da cidade. Como queriamchegar ao local depois das 2:00 horas da madrugada,era um silêncio terrível, nem pio de coruja se ouvia. Océu era forrado de estrelas, a lua ia alto, uma noitegelada, o lugar tinha montanhas que dificultava aentrada de ar misturados na região, mantendo a camadade neblina fria da noite sobre o vilarejo da cidade.Desceram da carruagem e foi Haras quem bateu naporta. A casa era bem fechada, as janelas com grades,parecia aqueles castelos medievais, até a corlembrava. Não havia uma luz e nem um choro decrianças, o que era estranho, teria elas errado o lugar,ou quem sabe a casa. Uma voz de uma senhora, ládentro respondeu que logo iria abrir. Ouviam-se passosdescendo a escada e uma luz bruxuleante se viu atravésdo vidro da porta de ferro e muita alta.

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