"Capítulo XLII"Exu é uma entidade guardiã

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O Exu é uma entidade, o espírito de alguém quenasceu e morreu, portanto pertence ao chamado povode rua...Exu é denominação genérica. Pode haver omasculino, chamado simplesmente de Exu, e também oelemento do gênero feminino, chamado de Exu Mulher,Pomba Gira, Pombagira, Pombagira ou Bombogira, quesão corruptelas do vocábulo yorubá , que simplesmentesignifica Exu. Ela é uma entidade que pertenceu, em sua últimaexistência, ao gênero feminino, e que por inúmerasrazões foi agregada a uma das muitas linhas de ExusMulheres e veio trabalhar na Umbanda, assim comoocorre com os Exus masculinos. É, portanto, apersonificação feminina de Exu, por isso se reveste deuma auréola de mistério e sensualidade que desperta a atenção de todos nas casas de culto das religiões afro brasileiras.Quando incorporam, os Exus masculinos costumamse caracterizar com capas, e . As Pomba Giras vestemsaias rodadas, usam , , e . Mas, não é obrigatório que osmédiuns utilizem estas vestimentas para aincorporação.

 Cada terreiro trabalha de formaautônoma. Alguns centros uniformizam a roupa dosmédiuns; todos, por exemplo, vestem branco. Exu, queentre outras coisas é o Mensageiro dos Orixás noCandomblé, tem origem na religião africana, de modoque apenas em um período posterior, na fase dosincretismo, foi reinterpretado e até marginalizado noscultos afro-brasileiros, notadamente na Umbanda.Aliás, pela influência Católica na colonização eformação político-social do Brasil, Exu foi associadocom o demônio mesmo antes da fundação da Umbanda.Nessa religião, entretanto, essa figura foicomplementada como entidade maligna. Exu se tornou,para quem ignora as características e os fundamentosdas religiões afro-brasileiras, o representante dodemônio, do perigo e da imoralidade. Por isso, parece que os primeiros umbandistas oassociaram com africanos e escravos rebeldes. Exu foi,portanto, segregado da Umbanda, e se tornou olegislador da Quimbanda, do submundo. 

Mas muitoscentros que não praticam a Quimbanda permitem aincorporação de Exus. Muitos deles nem mesmo usam bebidas alcoólicas e nem fazem quaisquer apologias avícios. Nem todos são risonhos e brincalhões. Muitossão sérios e exigem atitudes corretas de seus médiuns ede seus consulentes.Outra interpretação umbandista coloca Exu naordem evolucionista de precedência, conforme omodelo kardecista. Ele é reduzido a um espírito menosevoluído, que todavia tem potencial para evoluir e setornar um espírito bom, o que nem sempre parece serverdade, pois há muitos Exus altamente evoluídos.

 Alguns umbandistas distinguem entre Exu pagão e Exubatizado, que se submeteu à doutrinação e encontrou ocaminho certo da escada da evolução. Em verdade, existem três patamares básicos onde sepode posicionar um Exu: o primeiro é o nível dezombeteiro, no qual o Exu ainda não se conscientizoude que deve buscar a luz. É o Exu pagão. Quero apenasbebidas alcoólicas e brincadeiras. Mas, ao final desseciclo, enxerga que não vai evoluir enquanto permanecerrealizando tais proezas. E passa ao nível de Exu delinha, trabalhando sob a supervisão de entidades que ofiscalizam e determinam tarefas a serem cumpridas naespiritualidade. Ao final desse ciclo, é um Exu Batizadoou Coroado. O terceiro nível é o de Exu Bará ouservidor de um Orixá. Ao atingir esse nível, pode o Exudeixar de incorporar em médiuns e permanecer apenasrealizando tarefas na espiritualidade, sob as ordensdiretas de seu Orixá Regente. Essa distinção reflete algo do caráter original ambivalente de Exu, apesar dorito de passagem do batismo, que define a distinção queé certamente nova. Novamente esse batismo do Exu pagão tem sidointerpretado como uma expressão e aculturação edomesticação do mal, do perigo e da imoralidade.

Háainda outra interpretação que considera os Exus comoentidades espirituais com a mesma evolução das demaisentidades, como caboclos e pretos-velhos, apenasposicionado em uma linha de trabalho diferente eestigmatizada muitas vezes até mesmo pelos própriosespiritualistas. Não existe, portanto, a noção de que eles são poucoevoluídos ou que se dedicam à prática da magia negra.Exus evoluem, sim, mas dentro de sua linha, comoqualquer outra entidade. Por isso, existem os poucoevoluídos e os que estão evoluindo, os que atingiram onível de evolução e vem como Exu batizado e játrabalham dentro de uma linha que exige correção e boaconduta, e os Exus Barás ou servidores de um Orixá.Exus são entidades (espíritos) que só fazem o bem eoutros que creem que podem também ser neutros oumaus. Dividem-se, de acordo com uma hierarquiaespiritual, em falanges, sub-falanges, grupos esubgrupos. Observa-se que, não raro, alguns terreirosde , e mesmo de , não orientam seus médiuns quanto ànatureza dessas entidades, o que é um erro muito grave.Muitos confundem Exu com um obsessor ou com um espírito de baixa evolução espiritual e moral, quandoisso não é verdade. 

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