Namoro de Mentira - H.S| RETIRADA

Capítulo 1

Melina Gardner

Planilhas, e mais planilhas para organizar, pilhas de relatórios para ler. Amo meu trabalho, mas confesso que as vezes isso tudo se torna muito cansativo. Acho que depois de um tempo, meu trabalho dos sonhos, acabou se tornando monótono. Meus dias se tornaram monótono, acorda sempre às 06:00AM correr pelo parque até as sete, voltar para meu apartamento e me arrumar para trabalho, sempre comprar um café e uma rosquinha no Starbucks, trabalhar até as cinco, saindo somente para almoço e depois ficar em casa somente, lendo e relendo relatórios. Ainda tem as sextas ou sábados que Gabi me leva pra alguma boate ou pub. Uma rotina bem monótona depois que você sempre faz a mesma coisa à três anos seguidos.

Vale ressaltar também, as fugas dos encontros em família, que eu sempre agendo alguma viagem à trabalho. Gabi diz que tenho medo do irei sentir quanto estiver com todos eles, mas eu sempre digo que só não gosto muito de encontros familiares. Ela sabe que isso é mentira, Gabi me conhece de uma forma que acho que nem minha própria mãe ou meu pai me conhecem. Ela conhece todos meus gestos e manias, meus gostos ou desgostos, preferências e não preferências. Sempre digo à ela que sabe mais da minha vida do que eu.

De certo modo, lá no fundo, eu sei que tenho medo. Chega a ser até estranho, eu ter medo da minha própria família. Mais eu convivi durante dezoito anos da minha vida com eles. Dezoito anos de uma vida que não desejo pra ninguém, nem para meu pior inimigo... Não sei se era por eu ser a filha do meio, não sei, talvez seja. Mas acontece que durante aquele tempo, posso dizer que a garota que eu era na adolescência, para essa agora com vinte e três anos, você vê uma diferença tão absurda que você ficaria espantado. Eu não digo só fisicamente, mais emocionalmente também.

Eu me considero hoje em dia uma mulher bonita, podia não me considerar antes, mais hoje eu tenho confiança na minha aparência. Tenho confiança em mim mesma, mais eu não tenho confiança em mim quando estou com minha família. Eu não sei como reagiria com todos juntos como nos velhos tempos, eu não tenho total firmeza nisso. Tenho medo que a antiga Melina volte.

"Are we crazy?
Living our lives through a lens"

Ouço o toque do meu celular ecoando pela minha sala, olho em cima da mesa que está cheia de papéis, tateio sobre eles e não o encontro.

"Trapped in our white-picket fence
Like ornaments"

Levanto da cadeira e vou até minha bolsa que está no pequeno sofá ao lado da porta. Mexo dentro dela até que o encontro. O nome do meu querido irmãozinho mais novo brilha na tela. Fico em dúvida se devo atender ou não, sempre tento evitar ao máximo minha família, porém com Matthew é diferente. Deslizo a tela atendendo a ligação.

- Até que fim, pensei que teria que ligar pra sua secretaria e marcar uma hora com você, como o resto da família faz! - resmunga assim que atendo, minha relação com Matt sempre foi mais diferente com a de Lisa. Acho que com ele sim, eu pude saber como era ter irmão.

- Desculpe, não sabia onde tinha colocado o celular e estava o caçando. - respondo rindo, conversa com ele sempre me fazia bem.

- Conheço essa velha desculpa. Mas enfim, na verdade liguei porque quero conversar com você, mais precisa ser pessoalmente. - sua voz não era mais relaxada com antes, agora tinha uma tonalidade mais séria.

- Algo sério? aconteceu alguma coisa? -pergunto alarmada. Matt quase nunca assumia esse tom de voz, e a última vez que isso aconteceu foi quando nossa avó morreu.