Capítulo 6- Effect

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Estava parada, encarando a porta do meu armário, onde eu havia colado uma folha de papel com todas as informações que eu tinha até agora.

Filme Nº1- Me mudar para Monte Carlo e me aproximar de Gael e dos amigos dele. Quem é Alice? Tem alguma conexão com o clube do País das Maravilhas?

Jamais imaginei que Stella fosse fã de literatura, ela não tinha o perfil de quem lia Lewis Carrol, ela mais parecia alguém que lia O Exorcista. Estava ciente de que haviam grandes chances de Alice ser apenas um nome estúpido que havia colocado na câmera, mas tinha a mesma chance de alguém desse clube saber de alguma coisa em relação as fitas de vídeo e talvez um deles ser a pessoa que está por trás da chantagem. Até mesmo todos eles poderiam estar envolvidos nisso, em um tipo de pacto doentio de clubes ou algo assim. Deve ter sido por isso que ela havia mandado eu me aproximar deles, para conseguirem ficar de olho em mim. De uma maneira ou de outra eu sabia que tinha mais chances de eu acabar com isso se eu pegasse as provas contra meu pai e sumisse de lá.

Encarava as poucas coisas que escrevi com uma leve chama de esperança dentro de mim, o próximo passo seria me aproximar do clube de Stella. Alguém bateu à minha porta e eu fechei meu armário, escondendo as informações. Do lado de fora estava Jonah, com um olhar extasiado.

— Por favor me diga se é verdade que você e Gael brigaram na frente de todos os alunos de fotografia?— ele entrou mesmo sem ser convidado e deitou-se em minha cama, como se já tivesse toda a intimidade do mundo.

— Foi uma discussão, só isso. Ele é um grosseiro.

Jonah abriu um enorme sorriso —Detalhes, quero detalhes.

— Não teve nada demais, puxei papo e ele foi um estúpido, eu revidei e acabou.

— Verdade que ele tentou tomar a sua câmera dizendo que era a de Stella?

— Na verdade é a câmera de Stella.

Ele arregalou os olhos e se levantou em um pulo —Por favor deixa eu ver, todo mundo se perguntou onde havia ido parar. A câmera sumiu, nem a mãe dela sabia onde estava.

— Ela me mandou, recebi depois do enterro— peguei a câmera e entreguei a ele.

— Achei que vocês não fossem próximas—   disse Jonah, em um tom desconfiado.

— Não éramos, mas a gente não consegue entender a cabeça de um suicida, não é mesmo?

— Nora, Nora, você me faz popular, sabia? Um monte de gente me mandou vir aqui para ouvir o seu lado da história com o Gael, já que nos categorizaram como amigos.

— Então você está me dizendo que só somos amigos porque eu te deixo popular na escola?- disse, sarcasticamente.

— Exatamente, e porque você é interessante.

Eu ri, a presença de Jonah sempre tornava tudo mais leve. Depois de olhar a câmera ele devolveu-a a mim.

— Se algum dia você for fazer um ritual para falar com ela, você pode usar a câmera, era o objeto que ela era mais apegada.

— Espero que eu nunca tenha desprazer de conversar com o espírito dela.

Jonah se dirigia até a porta —Tenho que ir, vou dar uma corridinha pelo campus, quer ir comigo?

— Não obrigada, sou alérgica a corrida.

Ele riu —Ah! Quase ia me esquecendo, os gêmeos e eu te convidamos para dois eventos. O primeiro vai ser amanhã à noite no quarto de Lucas, vamos trazer umas bebidinhas clandestinas e fazer uma festinha discreta. A segunda vai ser domingo à noite, teremos um cinema aqui na escola.

Filme Nº 7Onde histórias criam vida. Descubra agora