UMA LINDA LIÇÃO SOBRE CONFIANÇA

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O sol havia acabado de se pôr quando os quatro garotos passaram andando devagar pelo corredor ao lado da casa de Eric indo para a parte de trás do quintal gramado. Naquele dia mais cedo, assim que saíram da escola dos excluídos, Eric havia dito para que eles fossem para sua casa bem no início da noite e lá estavam eles, obedientes como sempre.

Quando chegaram à parte de trás viram Eric parado ao lado de uma fogueira feita dentro de um círculo de pedras e que acabara de ser acesa.

- Se aproximem, por favor – ele disse daquele jeito formal como fazia sempre que estava prestes a fazer algo que os meninos provavelmente não iriam gostar muito. – Kaius. – Ele chamou o garoto ruivo enquanto andava para o lado contrário onde os garotos estavam, e Kaius o seguiu. – Você conseguiu conversar com ela?

Kaius virou o pescoço olhando para Alec, Pietro e Lorenzo que, com toda certeza, se perguntavam o que ele e Eric estavam conversando em segredo.

- Sim – Kaius disse quase sussurrando; no dia anterior Eric havia pedido para que ele falasse com Lívia Ruby que ele, Eric, queria ficar com ela. Kaius realmente chegou a conversar com ela, mas não tivera coragem de dizer o que Eric pediu, o fato é que Kaius gostava de Lívia e se não conseguisse ficar com ela não queria que Eric ficasse, então quando conversara com ela na escola havia convidado a garota para sair, e ela aceitara. – Ela disse que não está afim, e pediu que você não insistisse, que essa é a palavra final dela.

- Tudo bem, muito obrigado Kaius! – Eric falou e então andou de volta para perto da fogueira parando em frente aos amigos, quando Kaius parou ao lado de Lorenzo ele começou a falar: – a base sustentadora de uma amizade é a confiança, sem ela não somos amigos, somos apenas conhecidos que gostam de conversar sobre suas vidas; daqui um mês nós passaremos pela Cerimônia da Descoberta e tomaremos caminhos diferentes, então eu resolvi chama-los aqui hoje para que façamos a promessa que seremos amigos apesar de toda história sobre as famílias elementares estarem a frente de tudo.

- Você quer que a gente faça um pacto? – Alec perguntou.

- Sim, eu quero que façamos um pacto, mas nada que envolva a sangue, fiquem calmos. – Ele andou até a mesa de madeira que ficava no quintal para os almoços de domingo da família e pegou cinco tigelas de porcelana que estavam empilhadas e entregou uma para cada um dos amigos e também ficando com uma. – Repitam o que eu disser, e depois despejaremos a areia que há dentro das tigelas na fogueira juntos. Eu prometo – ele começou e os amigos repetiram. – Que seremos amigos enquanto houver confiança entre nós. – E então eles viraram as tigelas sobre as chamas, e ao invés da fogueira se apagar o fogo subiu rapidamente.

- Era pra isso acontecer? – Lorenzo perguntou com os olhos arregalados.

- Sim, isso significa que a nossa promessa tem valor. – Eric sorria. – Eu quero que vocês entendam que podem confiar em mim para tudo o que precisarem, assim como eu sei que posso confiar em vocês.

Mais tarde naquela noite Kaius decidiu ligar para Lívia e desmarcar o encontro dos dois, ele se sentia completamente mal por ter mentindo para Eric – e assim traído sua confiança – e achava que se pelo menos não tivesse o encontro com Lívia se sentiria menos culpado.

Semanas depois quando Eric morreu, Kaius não se sentiu tão culpado quando encontrou Lívia na biblioteca da Casa da Magia e ficaram conversando para quase depois de uma hora se beijarem na seção de diários; agora que Eric estava morto não parecia nada ruim iniciar um relacionamento com Lívia.

Mas, com toda certeza, se havia algo que Kaius não gostaria – e nem mesmo conseguiria – se esquecer, era o que Eric havia falado sobre a confiança entre os amigos.   

Pequenos Garotos Maus - Livro 2: PerseguidosOnde histórias criam vida. Descubra agora