21. OS MELHORES CONVITES SÃO INESPERADOS

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Quando chegou em casa naquele dia depois do encontro com os amigos, Lorenzo sentia que deveria estar aliviado por eles terem resolvido o problema com o diário. Mas tudo o que o garoto conseguia pensar é que prender o diário no cofre não resolvia o seu principal problema naquele momento: Frederico e sua namorada zumbi – Lorenzo riu com a comparação que fizera e então seguiu para cozinha.

- Por que toda essa felicidade? – Sua mãe falou quando ele entrou na cozinha sorrindo.

- Nada em especial. O que está fazendo com esse livro? – Ele perguntou para desviar do assunto, a mãe estava escorada na bancada no meio da cozinha com um livro de receitas aberto em sua frente.

- Eu tava pensando em fazer algo diferente para o jantar, mas agora que você chegou... – ela fechou o livro e olhou para o filho sorrindo. – Que tal se nós dois fizermos uma torta?

- Oh...

Aquilo chocou Lorenzo, as memórias mais vivas que ele tinha em sua mente a respeito da relação de sua mãe com Frederico eram dos dois cozinhando juntos; quando ainda era uma criança e Fred já adolescente, Lorenzo se sentava junto ao balcão da cozinha e assistia a mãe e o irmão fazendo diferentes tipos de guloseimas doces ou salgadas. Mas a comida que Frederico sempre preferira era torta salgada. Parecia estranho sua mãe querer cozinhar com ele justamente o prato favorito do irmão mais velho.

- P-por mim tudo bem. – Ele falou.

Lorenzo seguiu até a pia para lavar as mãos enquanto a mãe ia até a geladeira pegar algo. Quando o garoto voltou para a bancada ela havia trazido consigo uma vasilha com pedaços de frango pré-cozidos. Lorenzo começou a cortar o frango em pequenos cubos e logo ele e a mão estavam desfiando tudo.

O garoto e a mãe então entraram uma conversa animada sobre diferentes tipos de temperos que poderiam combinar na torta – Lorenzo nem imaginava que sabia tanto sobre esse assunto até começar a conversar com a mãe sobre. Quando eles terminaram de desfiar o frango e a mãe do garoto foi até o armário pegar uma panela a porta da casa se abriu e seu pai entrou trazendo Elizabeth e Meredith que conversavam animadas sobre o que haviam aprendido na escola naquele dia.

- Que cheiro bom, o que teremos hoje? – O pai de Lorenzo falou quando o viu na cozinha com a mãe.

- A gente nem colocou nada no fogo ainda, como você tá sentindo um cheiro bom? – Lorenzo falou rindo.

- Estamos fazendo uma torta salgada, de frango! – A Sra. Lignum falou toda animada.

- Tem muito tempo que não comemos isso. – Elizabeth falou animadamente e a irmã gêmea concordou balançando a cabeça.

- Então vão tomar banho pra gente comer juntos quando a torta ficar pronta. – O Sr. Lignum falou e levou as meninas em direção as escadas, ele não precisava dizer aquilo, os Lignum sempre comiam as refeições todos juntos.

Lorenzo pegou a panela com a mãe e começou a preparar o molho com o frango enquanto ela começava a bater a massa. Alguns minutos depois seu pai desceu e pegou um pote de sorvete na geladeira para preparar um Milk shake para a sobremesa. Assim que a torta estava pronta para ir ao forno Lorenzo correu até o andar de cima e tomou um banho rápido, quando voltou os pais e suas irmãs estavam juntos na cozinha, as meninas contavam sobre a festa de aniversário de uma colega que haveria em uma semana.

O garoto entrou na cozinha e ficou parado olhando a interação da família, sem falar nada com medo de atrapalhar o momento.

- A torta está pronta! – A Sra. Lignum gritou tirando o tabuleiro do forno e todos gritaram animados enquanto seguiam para a sala de jantar.

- Meninas, vocês fazem o agradecimento? – O Sr. Lignum falou quando todos já estavam acomodados em seus lugares.

As meninas assentiram e então começaram.

- Querido Enéc, muito obrigado pela magia e por tudo o que nos dá! – Elizabeth falou.

- Obrigado por manter nossa família unida e protegida. – Meredith continuou, e então todos falaram juntos: – Semper!

- Vamos atacar! – A Sra. Lignum falou antes de começar a cortar a torta.

Os Lignum comeram animados enquanto conversavam, Lorenzo contou para os pais sobre as aulas de magia e percebeu o quando seu pai ficou contente ao ver como ele falava animadamente sobre a Aqua; ele falou também que estava animado para o baile de boas vindas da IER apesar de não ter uma acompanhante e isso fez seus pais rirem; e Meredith falou que ela e a irmã seriam as acompanhantes dele.

Lorenzo observou como todos estavam animados naquela noite, tudo parecia muito natural, da forma que não parecia há muito tempo. Todos ali na mesa pareciam muito verdadeiros em relação a como se sentiam, e sobre todas as outras coisas da vida, apenas ele estava sentado ali guardando um segredo que nem mesmo era dele ao invés de contar logo aos pais para que eles dessem um jeito na bagunça de Frederico. Lorenzo sentia que deveria contar tudo aos pais, naquele mesmo minuto.

Mas ele simplesmente não conseguiria, Lorenzo sabia que os pais levariam toda aquela situação à um nível extremo que não teria volta para Fred. E o garoto deseja e pedia a Enéc com todas as forças que seu irmão abrisse os olhos e percebesse que aquelas suas ideias eram absurdas demais.

Uma hora depois seus pais começaram a arrumar a mesa de jantar e Lorenzo levou as irmãs para o quarto delas.

- Se troquem que eu já volto pra ler uma história para vocês dormirem.

Lorenzo foi até o quarto para pegar o telefone que estava encima de sua escrivaninha, mas no momento que estava saindo ele viu uma folha branca dobrada encima de sua cama. Ele pegou o papel e quando o desdobrou encontro um pequeno texto escrito em uma letra decorada que se parecia muito com a escrita dos antigos diários dos bruxos que ele lia na Casa da Magia. Lorenzo leu rapidamente o que estava escrito.

Lorenzo,

Seu irmão não sabe que eu estou te mandando essa carta, por favor, venha se encontrar comigo, eu preciso conversar sério com você. Encontre-me no mesmo lugar da noite passada e te peço que não conte a ninguém.

Bell.

Parecia que o coração de Lorenzo ia sair pela boca. Se aquele bilhete estava encima de sua cama significava que aquela vampira havia entrado em seu quarto sem ser convidada por qualquer pessoa da casa, aquilo era impossível. Ela até podia ter dito no bilhete que Fred não sabia sobre a carta, mas ele com toda certeza havia a convidado para entrar.

Furioso, Lorenzo saiu do quarto decido a contar tudo para os seus pais, ele se apressou ao descer as escadas, mas quando estava a meio-caminho da cozinha avistou os pais abraçados trocando carícias, como há tempos ele não via os dois juntos. Aquele parecia o dia de tudo voltar a ser como antes – ou pelo menos se adaptar.

Lorenzo não podia contar aos pais sobre Frederico e suas ideias típicas de um Renegado. O próprio garoto teria que resolver aquele problema ou acabaria com a paz de toda a casa.    

Pequenos Garotos Maus - Livro 2: PerseguidosOnde histórias criam vida. Descubra agora