17. LORENZO PRECISA SERIAMENTE DE AULAS DE ETIQUETA

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Lorenzo passa a manhã toda impaciente pensando sobre a questão do diário – já que Alec mandara uma mensagem contando que também fora chantageado pelo diário; agora todos os quatro já haviam sofrido por causa dessa ligação estranha com esse objeto e Lorenzo sentia que queria destruí-lo completamente.

Durante o segundo tempo de aula ele estava tão vidrado em seus pensamento que nem notara quando a professora de geografia lhe fizera alguma pergunta sobre algo relacionado a relevos e Caio Felps acabou fazendo uma piadinha sobre ele ser um cabeça de vento, e sem pensar antes Lorenzo acabou falando que era melhor ser cabeça de vento do que já ter tido a bunda vista por todos. Obviamente os colegas excluídos deles não haviam entendido o que Lorenzo falara, mas todos os integrantes do clã presentes na sala acabaram rindo do garoto.

Aquilo fez Lorenzo se sentir ainda mais culpado pelo que fizera ao garoto a mando do diário.

Depois do terceiro tempo de aula, Lorenzo saiu da sala apressado e foi andando até o pátio. Alec, Kaius e Pietro estavam sentados em uma mesa logo abaixo da sombra de uma árvore.

- O que ele te obrigou a fazer? – Lorenzo se aproximou perguntando.

Alec olhou para os lados temendo que alguém pudesse ouvi-los.

- Eu tive que fazer algo para "acordar" a professora. – Ele disse fazendo o sinal de aspas com os dedos e Lorenzo logo soube que não era algo bom. – Mas eu já sei o que nós vamos fazer com esse diário.

Lorenzo se sentou ao lado de Pietro e encarou Alec, esperando ansioso que o amigo falasse.

- Lá em casa tem um cofre, e nós vamos guardar essa coisa nele. – Alec falou.

- Nós só vamos trancar ele? – Pietro perguntou.

- Sim, mas usando magia.

- Não seria melhor que nós destruíssemos essa coisa? – Lorenzo falou tentando conter a voz.

- Se a gente conseguisse queimá-lo ou qualquer outra coisa que desse fim ao objeto, a força nela poderia acabar saindo. – Alec falou.

- E poderia acabar indo para um caderno de matemática ou coisa assim. – Kaius completou, e Lorenzo e Pietro assentiram com a cabeça ao perceber que o que os amigos falaram fazia muito mais sentido do que eles gostariam.

- Então quando nós vamos fazer isso? – Lorenzo perguntou impaciente.

- Hoje, depois da aula na Casa da Magia. – Alec fala.

- Tudo bem por mim! – Lorenzo fala e Kaius e Pietro assentem concordando com ele. – Preciso tomar água.

O garoto então se levanta e sai deixando os amigos o encarando. Lorenzo vai até a cantina da escola e depois de comprar uma garrafa de água segue pelo corredor apressado já pensando em voltar para sala. Mas então sem que consiga evitar ele acaba esbarrando em uma garota e fazendo-a cair de bunda no chão.

- Ei, você não olha por onde anda? – Ele diz olhando para ela no chão.

- Foi você quem me acertou! – Ela fala esfregando o ombro. – Acho que vou precisar ir a enfermaria.

- Tudo bem então, boa sorte. – Ele começa a andar, mas ela o chama.

- Você é mesmo mal educado, não é?! Vai mesmo me deixar aqui sozinha?

As garotas podem ser tão dramáticas, Lorenzo pensou ao se virar e ir até a menina caída no chão. Ele a segurou pelo braço que estava bom e a ajudou a se levantar deixando que ela se apoiasse nele para seguirem andando.

- Pega minha bolsa. – Ela disse apontando para o que parecia um trapo velho jogado no chão. Ele pegou a bolsa e eles foram andando pelo corredor.

- Sério que você não consegue ir sozinha a enfermaria?

- O cavalheirismo morreu mesmo, não é?!

- Sim, em mil novecentos e trinta e dois. – Ele falou ao se lembrar de uma aula de história que tivera na semana anterior e o professor citara que aquele fora o ano em que as mulheres conquistaram o voto.

- Que machista você! – A garota falou, com toda certeza ela sabia do que Lorenzo falara.

Quando chegaram à enfermaria, a garota foi andando com a enfermeira para dentro de uma sala com a porta aberta para a sala de espera onde Lorenzo estava segurando a bolsa-trapo-velho da garota. De onde estava ele pode ver a garota se sentando em uma maca e conversando atentamente com a enfermeira. Lorenzo reparou então que ela era muito bonita, seus cabelos pretos ondulados estavam soltos e iam até a cintura, e sua pele parecia tão pálida que ele sentiu vontade de levá-la para tomar um banho de sol.

Após uns poucos minutos a garota voltou andando com a enfermeira ao seu lado.

- Muito deselegante você derrubar a senhorita e querer deixá-la sozinha, rapaz. – A enfermeira o repreendeu.

- Desculpa! – Ele sussurrou abaixando a cabeça e só então percebeu que deixara a garrafa de água cair quando se esbarrara com aquela garota.

- Tudo bem, agora me leve para a minha sala. – A garota disse sorrindo.

- É só isso? – Ele ficou intrigado que as duas só entraram na sala e então saíram.

- Sim, felizmente ela não machucou nada, mas se sentir algo é só tomar um relaxante muscular. – A enfermeira falou.

Lorenzo então acompanhou a garota para fora da enfermaria. Os dois estavam em meio aquele tipo de silêncio constrangedor, quando ela falou:

- Ei, eu não sei qual o seu nome.

- Eu me chamo Lorenzo, e você?

- Eu sou Eliza.

Eles continuaram a andar, novamente em silêncio, até que Eliza indicou que eles haviam chegado a sua sala.

- A gente se vê depois então. – Ela falou pegando a bolsa da mão dele. – Espero que você não esbarre em mim novamente.

- Também espero que não, ou eu teria que ressuscitar o cavalheirismo novamente. – Ele brincou.

- Ah, claro, e isso seria terrível! – Ela disse sorrindo.

Lorenzo então se virou e seguiu andando pelo corredor sem conseguir conter o sorriso que surgia em seu rosto.

Pequenos Garotos Maus - Livro 2: PerseguidosOnde histórias criam vida. Descubra agora