Pequenos Garotos Maus - Livro 2: Perseguidos

23. GAROTOS BRUXOS NUNCA DIZEM "NÃO"

Mais tarde naquele dia Pietro saiu do quarto sentindo como se fosse explodir a qualquer momento. Ele nunca se sentira tão nervoso e ansioso em toda a sua vida, nem mesmo no dia da Cerimônia Descoberta.

Ele desceu as escadas e encontrou a mãe esperando por ele na sala de estar. Ela estava linda – como sempre – usando um vestido preto que ia até a altura dos joelhos e o cabelo amarrado em um rabo de cavalo atrás da cabeça.

- Seu pai já foi para a Casa da Magia arrumar tudo com o Hector. – Ela foi até Pietro e lhe deu um abraço forte. – Vai dar tudo certo, não fique nervoso. Vá logo buscar o seu amigo excluído. – Ela falou "amigo" de forma a expressar que não queria que o garoto fizesse amizade com excluídos.

- Tudo bem mãe, já estou indo. – Ele falou pegando o telefone. – Semper.

- Semper. – Ela respondeu com um sorrisinho.

Pietro saiu de casa enquanto colocava o número do telefone do pai de David para chamar, depois de dois toques ele ouviu a voz do garoto.

- Está pronto? – Pietro falou.

- Sim, apenas me diga onde te encontro.

- Naquela praça.

- A nossa praça? – Pietro sabia que o garoto sorria ao dizer aquilo.

- Sim. Estou indo para lá agora. – E então ele desligou, saindo apressado pelo caminho.

Quando chegou a praça David já estava lá esperando, o garoto usava uma calça jeans escura, tênis brancos e uma camisa social de botões... e estava com a bicicleta de Pietro.

- Essa é a minha bicicleta?

- Sim, você é sempre esquecido desse jeito?

- Não poderia te responder com imparcialidade. Podemos ir? – Ele perguntou e David assentiu sorrindo.

Pietro pegou a bicicleta e indicou para David subir no quadro, antes de se sentar, o garoto louro andou até ele e lhe deu um selinho. Logo os dois saiam pelas ruas de Rosalinda. Pietro pedalando mais rápido do que era realmente necessário.

- Gostei do seu estilo garoto certinho. – Pietro comentou quando eles estavam á duas ruas da Casa da Magia.

- Eu não sabia o que deveria usar para uma cerimônia de magia. Eu ainda acho que aceitei isso tudo fácil demais.

- Logo você vai ver mais magia com seus próprios olhos, deve ser mais fácil aceitar depois disso.

Pietro virou na última esquina e então estava lá o casarão antigo e conservado com o Símbolo dos Roseanos encravado na fachada logo acima da entrada da Casa Da Magia. Ele parou a bicicleta e David desceu.

- Eu já passei por essa rua antes, mas não me lembro desse lugar. – David falou olhando impressionado para a enorme construção.

- Tem magia envolta de todo esse terreno, ela faz com que qualquer excluído que não tenha conhecimento sobre o clã perca o interesse nesse lugar assim que o olha e logo depois o esqueça.

Os dois seguiram andando pelo pátio de entrada indo em direção a lateral da Casa da Magia para entrarem pelas portas dos fundos.

- Depois você vai precisar me explicar porque as pessoas sem magia são chamadas de excluídos. – David falou.

- Tudo bem.

Pietro deixou a bicicleta no chão perto da porta e então entrou esperando por David. Os dois seguiram pelo corredor até que Pietro parou em frente a porta de Hector, que se abriu revelando o jovem ancião e o pai do garoto.