Pequenos Garotos Maus - Livro 2: Perseguidos

14. ELA VAI SER SUA IRMÃZINHA

Lorenzo e os amigos terminaram de comer a primeira pizza e não quiseram mais nada – eles nem mesmo tocaram no bolo que Pietro trouxera, era a segunda vez que o diário fizera eles perderem a vontade de comer um pouco de chocolate.

Depois de levarem o restante das coisas até a cozinha, eles voltaram e Kaius colocou um filme pra passar na TV do seu quarto, mas Lorenzo não conseguira se concentrar na história.

Já tarde da noite, Kaius, Alec e Pietro já deveriam estar no terceiro sono quando Lorenzo após se virar pela vigésima vez em seu colchão no chão sentiu o telefone vibrando debaixo do travesseiro, ele pegou o aparelho e atendeu rapidamente depois de ver que era o número do seu irmão.

- O que foi Frederico? – Ele disse sussurrando ao atender.

- Me desculpe ligar tão tarde Lorenzo... Eu preciso que você venha se encontrar comigo.

Ele se levantou rapidamente e andou cuidadosamente até o lado de fora do quarto.

- Você tá louco? Nós já conversamos o que tínhamos para conversar.

- Olha, eu só preciso que você venha me encontrar. Pelos velhos tempos.

Naquele momento Lorenzo se lembrou do dia da Cerimônia de Estabilização dos poderes em que seu irmão participara; apesar de toda a intriga que o seu pai tinha em relação a família que Frederico entrara, o Sr. Lignum aparentava estar muito contente na ocasião o que fez toda a experiência ser melhor; toda a família ficara feliz naquele dia.

- Tudo bem, onde você está?

- Naquela praça que fica próxima a casa do seu amigo.

Lorenzo desligou o telefone e voltou até o quarto para pegar seu casaco e calçar o tênis, ele nem se preocupara em tirar a calça de moletom que usava – indo contra a todo o seu conceito de moda. Quando se virou para sair do quarto, ele avistou o diário em cima da escrivaninha de Kaius, ele não sabia bem porquê estava fazendo aquilo, mas pegou o caderno azul e o enfiou dentro do bolso do casaco.

O garoto desceu as escadas tentando não fazer barulho nenhum e seguiu até a porta da casa, ele destrancou a porta e ao abri-la um vento frio o atingira fazendo-o o tremer. Do lado de fora Lorenzo agradecera a Enéc em pensamento ao encontrar a bicicleta de Pietro encostada na cerca lateral da casa dos Quartzite.

Lorenzo seguiu pedalando pela rua vazia com a cabeça um pouco abaixada por causa do vento frio, ele virou duas vezes no cominho e assim que avistou a praça ao longe, pode ver seu irmão em pé no meio da grama, o cabelo brilhando por causa da luz da lua. Ao chegar à praça, ele deixou a bicicleta caída na calçada e caminhou até estar de frente com Frederico.

- Estou aqui, o que você quer?

- Quero que você a conheça. – Frederico falou e no mesmo momento Lorenzo foi atingido por uma rajada de vento quando uma figura apareceu ao lado do irmão.

Aquela deveria ser a mulher mais bonita que Lorenzo já vira em sua vida. Ela era alta, pele pálida, seios fartos (ele simplesmente não conseguira evitar dar uma olhada) e cabelos cacheados ruivos. Lorenzo precisou se segurar para não ficar boquiaberto.

- Lorenzo, essa é a Bell.

- E você é o James, aposto. – Ele brincou.

- James? – Bell falou e sua voz soou aveludada aos ouvidos de Lorenzo.

- Lorenzo é muito brincalhão, não se importe. – Fred respirou fundo antes de continuar. – Eu queria que vocês se conhecessem, porque são as pessoas mais importantes da minha vida.

As imagens dos pais de Lorenzo, juntamente com Elizabeth e Meredith, suas irmãs, surgiram na mente do garoto, e ele se sentiu incomodado por Frederico os excluir do circulo de importância.

- Seu irmão fala muito de você Lorenzo, é bom finalmente encontrá-lo. – Ela disse sorrindo.

- É... – Lorenzo pensou em dizer que também era bom encontrá-la, mas simplesmente não conseguia mentir em relação a isso.

- Lorenzo, acho que se você conhecer a Bell você verá o quanto ela é especial, e irá perceber que os meus planos não são errados como você pensa.

- Desiste disso, Frederico! – Lorenzo acabou falando alto demais. – A reprodução é para os vivos...

- Não diga isso! – Seu irmão falou.

- Acho melhor você deixar esses seus planos de lado. E pare de me procurar se for por isso que você quer me encontrar, caso contrário eu vou contar tudo para os nossos pais, e você sabe que o papai pode levá-lo ao julgamento mágico!

Lorenzo se virou e andou pisando forte até a bicicleta, ele saiu pedalando rápido sem se preocupar em olhar para trás e depois de virar a esquina no fim da rua, ele parou a bicicleta e parou por um momento respirando para não chegar muito exaltado na casa de Kaius. Então, enquanto sentia seu coração desacelerando aos poucos, Lorenzo percebeu que o diário vibrava no bolso do seu casaco e o tirou rapidamente. Quando o abriu uma mensagem apareceu naquela caligrafia feia.

Seu irmão está seguindo por um caminho sem volta, ainda bem que vou estar juntinho de você para ver tudo isso acontecer. Vai ser muito divertido!

O coração de Lorenzo começou a acelerar novamente, mas ele não podia esperar mais para tentar se acalmar. Colocando o diário de volta no bolso, ele montou na bicicleta e correu até a casa de Kaius.

Lorenzo deixou a bicicleta de Pietro no mesmo lugar que a encontrara quando saíra da casa e entrou o mais silenciosamente que conseguira, trancado a porta quando a fechou. Ele subiu as escadas e se assustou quando encontrou Alec no corredor, perto da porta do banheiro.

- Onde você estava, Lorenzo? – Alec o perguntou, ele estava com os olhos inchados e o cabelo bagunçado.

- Eu desci pra beber um pouco de água – ele falou, e então se lembrou que estava calçado. – E dar uma volta do lado de fora, tava precisando respirar um pouco de ar fresco.

- Ah, tudo bem.

Alec voltou andando até o quarto e Lorenzo o seguiu, ele tirou os tênis enquanto o amigo se deitava no colchão e antes de ir se deitar também ele deixou o diário no mesmo lugar que o encontrara.

Lorenzo se deitou já sabendo que não conseguiria dormir tão cedo, ele virou e revirou encima do colchão, mas quando conseguiu dormir sonhou que o diário revelava para todo o clã os planos do seu irmão e que ele acabara sendo sentenciado a ser um Renegado também, pois todos concluíram que ele era cúmplice de Frederico.