Capítulo 15

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Mais tarde eu acordei no meio da noite sentindo aquela dor nas minhas costas de novo. Me sentei na cama e tirei o lençol de mim com minhas pernas com medo de mexer os braços e piorar a dor. Esfreguei os olhos e olhei envolta me sentindo sozinha, mas também não queria a companhia dele. Nem quero mais passar um minuto nessa casa, de alguma forma me lembra quem eu era nesse mundo.
Então eu fui em direção ao corredor sem acender luzes ou fazer barulho nos meus passos, ele também não estava na sala, então eu continuei andando até sair pela porta encarando a rua deserta. Estava tão silenciosa que me causou arrepios, comecei a andar pela calçada chamando atenção de quatro homens que estavam encostados na parede de uma das lojas fechadas. Eu os ignorei e eles fizeram o mesmo, para minha sorte, pareciam não ter me notado passando por eles. Me abracei e continuei andando em alguma direção. Meus pensamentos pesados carregados pelo ódio das duas cadelas. Eu não conseguia tirar isso da cabeça, a dor nas minhas costas também não me deixou em paz piorando meus pensamentos e me deixando com mais raiva ainda. Mas depois de alguns minutos, eu percebi que isso tudo não vai me adiantar de nada... Preciso me distrair, e pensei em pegar a blusa de jass de volta. Ainda me lembro da mansão que Joseph me levou.
Parei e atravessei a rua entrando em outra mal iluminada, eu suspeitava de que era a rua certa. Eu só não tinha certeza, está tão escuro que só conseguir ver uma grande construção à minha frente, ela se destacava perto das outras casas simples e abandonadas também do lado dela. Quando subir as escadas da varanda, eu notei que estava começando a chover, uma chuva fraca que me deixou preocupada porque ainda tinha que voltar pra casa de jass. Quase me arrependendo de está aqui, mas não posso ir embora agora.
Então abri a porta sem bater e a fechei devagar evitando o ruído da madeira se arrastando no chão, fiquei ali um tempo observando o grande espaço. Percebi somente uma luz amarela vindo da cozinha e me distrair sem perceber barulhos de passos descendo as escadas. Na hora me assustei se não tivesse o reconhecido mesmo no escuro se aproximando da luz amarela.
-oi... Louise?
Parecia confuso comigo aqui parada e assustada. Limpei minha garganta antes de explicar e me aproximei da luz também ficando na sua frente a dois metros de distância.
-desculpa invadir... Eu só vim buscar...
-há, sei... Espere aqui eu vou pegar
Disse rápido e se virou em direção a escada novamente me deixando sozinha. Essa casa parece assustadora de noite... Tão escura. E por esse medo, eu entrei no cômodo que estava a luz amarela e percebi que era uma cozinha. As paredes estavam sujas dando uma impressão mais assustadora ao pequeno cômodo, mas parecia ser o único local que estava iluminado. Então eu me sentei na cadeira de madeira da mesa e esperei com medo do escuro bem atrás de mim. Apesar de ser um lugar sujo e assustador, tinha fogão, geladeira e tudo que uma cozinha normal deveria ter.
-aqui
Tomei um susto quando ele apareceu do meu lado me entregando a blusa escura e sorrindo quando percebeu meu susto que me deixou constrangida. Abaixei o rosto depois e dobrei a blusa no meu colo observando ele indo até a geladeira pegando uma vasilha branca com uma tampa vermelha. Pegou duas colheres em uma gaveta do armário e se sentou do meu lado me oferecendo uma das colheres, eu tive que aceitar e agradeci depois.
-oque foi isso no seu braço?
Perguntou de repente quando eu havia levantado meu braço para chegar até a vasilha de sorvete. Peguei um pouco e passei minha mão no corte cicatrizado me lembrando daquela cena de novo. Queria ter feito isso com ela, poderia estar pelo menos em um hospital por falta de sangue.
-foi... Um acidente
Inventei rápido engolindo um pouco do sorvete e mantendo meus olhos na minha colher enquanto pensava de novo sobre aquilo. Se não fosse aquele tapete...
-entendo
Disse depois levantando seu braço puxando a manga da sua blusa revelando uma cicatriz horrível de um corte grande, olhei aquilo assustada e o encarei quase perguntando oque havia acontecido para ele ter ganhado isso. Mas não disse nada e voltou a colocar a colher na vasilha de sorvete parecendo concentrado. Coloquei a minha lá também e depois comecei a me incomodar com o silêncio.
-e... Você encontrou alguma coisa sobre seu pai?
Perguntei lambendo minha colher e olhando pra ele com a mesma expressão séria e pensativa. Demorou alguns segundos até eu perceber que ele estava tirando alguma coisa do bolso, depois jogou vários papéis brancos em cima da mesa perto de mim. O encarei de novo e vi que ele estava sério ainda sem dizer nada para me explicar. Então eu comecei a olhar os papéis lendo-os atentamente, mas não conseguir entender nada... Era língua de humanos.
-oque é isso?
-documentos, eu também não sei oque são ou se pertenceram a ele, mas acho que sim
Ainda usava um tom sério me incomodando de novo por achar que fiz uma pergunta desagradável. Juntei os papéis e peguei mais um pouco do sorvete colocando na minha boca e depois olhando para a porta. Percebi pelo vidro dela que estava chovendo muito forte, isso me deixou desesperada.
-pode passar a noite aqui se quiser
Falou de forma calma sem olhar pra mim concentrado comendo aquele sorvete que já estava acabando. Eu passei uma mão na minha testa e comecei a pensar de novo... Se eu ficar... Não posso ir...
Um trovão me fez tomar uma decisão que talvez me arrependa mais tarde, mas talvez não seja tão ruim assim. Que mal pode acontecer se eu fizer isso?

Uma garota sozinha na floresta (2° temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora