Desde de o dia em que nascemos a Morte nos acompanha, observando ao longe nosso progresso para encontrá-la. Muitos à temem, poucos enxergam a beleza única que ela contém, somente os loucos já a cortejaram. Porém, por mais que sejam os esforços dos vivos, é inevitável que algum dia a Morte os carregara para o mundo dos mortos.
Com Kymbra, no entanto, foi diferente. Aos olhos dos tolos vivos, ela era apenas uma garota pobre e indecente. Mas a Morte sabia sobre a incrível habilidade que a menina continha, poder trazer os mortos a vida era uma grande e perigosa façanha. Porém, Kymbra só havia ressuscitado uma pessoa durante toda sua vida, Nalin, a sua irmã mais nova.
Morte achava incrível como a garota conseguia entender que um dia todos morrem, não importa quantas habilidades ela tivesse e quantos esforços fizesse, a Morte iria trazer a todos para o mundo dos mortos. Sem nem perceber, Kymbra havia se tornando uma alma realmente muito importante para a Morte.
Porém, a garota morreu muito cedo, cometeu suicido. O amor de sua vida, o qual prometera que nunca a deixaria não importa o que acontecesse, foi embora viver seu sonho, sem se importar com os sentimentos da garota. Ao pular da ponte, Kymbra nunca se sentiu tão viva, era como se todo o peso dos problemas tivesse a deixado.
Aquela foi a primeira e última vez que a Morte chorou quando trouce uma alma para o mundo dos mortos. Era incrível que Morte ainda enxergava beleza naquilo que Vida tinha feito, depois de tantos anos, os sentimentos ainda estavam ali presentes, escondidos atrás de muros e trancas de ferro.
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Quando uma alma chega ao mundo dos mortos, ela leva um tempo para se acostumar com a sensação que é de estar fora de seu corpo físico. Geralmente Morte ira simplesmente deixa a alma caída no chão perto de seu cadáver, mas dessa vez aguardou pacientemente até que Kymbra abrisse seus olhos.
Passaram-se horas antes que a menina acordasse, mas Morte esperou, deixou que seus humildes ajudantes trouxessem as outras almas que estavam a vir. Por mais que fosse seu dever recolher as almas, Morte não podia deixar Kymbra, não conseguia, o afeto que sentia pela garota era imenso.
Em quanto a menina não acordava Morte estudava cuidadosamente seus traços. O rosto era delicado e belo, como se tivesse sido esculpido milimetricamente. Seus cílios eram longos e grossos, acentuavam os lindos olhos castanhos que estavam escondidos sobre as pálpebras. Os lábios em formato de coração, nem tão cheios e nem tão finos, vermelhos como sangue e macio como as nuvens. Os cabelos negros como a noite, com cachos prefeitos, iam até a altura de seus seios fartos.
"Como tamanha beleza, coube em uma alma tão pequena? " Pensou a Morte, e isso só a fez se sentir mais triste. Era como se um campo florido inteiro havia murchado, o mundo dos vivos perdeu uma alma tão bondosa e com tanta beleza que Morte quase sentiu pena da Vida, quase.
Ao se perder em seus pensamentos, Morte levou um pequeno susto quando Kymbra acordou. A garota não parecia assustada, muito menos confusa, parecia indiferente quanto o que estava acontecendo. Com certa dificuldade mudou seus olhos para Morte, que sorriu para a garota.
Morte deu as boas-vindas para Kymbra, explicou metodicamente onde estavam, como funcionava o mundo dos mortos e o que poderia fazer ali. Em quanto falava a garota não dizia sequer uma palavra, prestava atenção em cada pequena silaba, não querendo perder um detalhe do monologo da figura encapuzada.
No momento que terminou, a alma da menina já havia se acostumado mais com o fato de estar fora de seu corpo físico. Kymbra se levantou e olhou ao redor, pode ver seu corpo caído no meio da avenida, que no momento estava fechada para transito e cheia de viaturas, pessoas curiosas e uma ambulância.
Os policiais continham as pessoas de entrarem na cena do crime, em quanto dois detetives estavam analisando seu corpo. Para Kymbra, aquela visão não era dolorosa, não a incomodava, ela havia feito sua decisão de morrer, e foi exatamente isso que aconteceu. Diferente da maioria das almas que chegavam naquele mundo, ela não chorou, não desmaiou ou ficou em choque, simplesmente ficou parada, olhando tudo ao seu redor.
Seu coração só foi realmente se partir, quando viu Nalin perto dentro perto de uma das viaturas chorando, e ao seu lado estava ali o garoto que ela amou mais do que ninguém, Mark. Sua irmã estava com as roupas cheias de sangue, sinal que havia segurado o corpo de Kymbra até Mark a afastar do cadáver de sua irmã mais velha. Mark estava vestindo o uniforme da policial, abraçando Nalin na inútil tentativa de consolar-se e consolar a garota ao mesmo tempo.
Ao ver as duas pessoas que ela mais amou em toda sua vida, a culpa bateu nela com força. Mas ela manteve sua compostura, respirou fundo e perguntou para Morte se ainda poderia olhar os dois mesmo estando morta. A resposta foi positiva para alegria de Kymbra, e ao ver que a garota estava feliz, ela lhe propôs uma coisa.
Kymbra iria se conectar com a alma de uma dos dois, porém o preço disso era ter que sentir a dor e o sofrimento deles, até o dia que eles a reencontrariam. A garota pensou, teria que escolher entre a irmã e o amor de sua vida, era uma escolha difícil, por isso teve que analisar a situação como um todo.
Nalin sempre foi cercada de pessoas que a amava, ela tem muitos amigos, um alguém que a ama profundamente e tudo aquilo que sempre sonhou. A mais nova iria ter consolo das pessoas que a amam quando voltasse para casa, e iria se recuperar em poucos menos de um ano, já iria ter aceitado a morte da irmã e não sofreria tanto assim.
Já Mark não tinha ninguém além de Kymbra. Por mais que seus colegas policiais estivessem com ele grande parte do dia, ele se sentia sozinho, só compartilhava suas emoções com a garota que estava morta. Quando chegasse em seu apartamento, ele iria deitar em sua cama e chorar até dormir, sem ninguém para o abraçar e dizer que tudo ficaria bem. Com esses pensamentos a garota se decidiu, iria conectar sua alma com a de Mark, para que pelo menos não estivesse de fato sozinho durante sua vida.
Então, Morte, com um pequeno aceno de sua mão, lançou uma magia sobre Kymbra e Mark. Com isso eles estavam conectados para o resto da eternidade, não importa o que acontecesse, os dois estariam juntos a todo o momento e sentiriam os mesmos sentimentos.
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Durante dois longos anos, Kymbra esteve junto de Mark a todo o momento, o seguindo não importa onde fosse. E por mais que ela não quisesse estar perto dele, a garota não poderia ir embora, as duas almas não poderiam ficar mais de seis metros de distância um do outro, se tentassem ultrapassar isso era como se uma correte invisível os prendesse.
Em quanto isso Morte sempre estava de olho na sua alma preferida, observando a garota de longe, deixando seus afazeres de lado só para ter certeza que tudo estava bem. E por mais que tentasse ser discreta, a muito tempo Kymbra havia notado que a figura encapuzada a seguia, e ela não se importava, na realidade ficava feliz em saber que Morte presava por sua segurança e felicidade.
Porém, por mais que Morte presava pela felicidade da garota, um dia ela foi obrigada a quebrar seu coração em milhões de pedaços. Numa quinta-feira de outono, o sol estava brilhando e os pássaros cantando, era para ser somente mais um dia comum de trabalho policial para Mark, mas algo inesperado aconteceu. Em quanto estava no meio de uma patrulha levou um tiro diretamente na cabeça.
Naquela quinta-feira, Morte trouce a alma de Mark para o mundo dos mortos, em quanto Kymbra, pela primeira vez em dois anos, caiu no chão em prantos, gritando de dor, não só porque ela sentiu a bala perfurando o crânio do policial, mas também por ver o seu amado morrendo de uma forma tão bruta.
Sem poder fazer nada além de esperar, Kymbra andou até a alma de Mark e colocou a cabeça do recém-chegado em seu colo, acariciando seu cabelo, esperando ele abrir seus olhos para ela poder reencontrar o amor de sua vida mais uma vez.
Morte observava ao longe aquela cena, ela tinha medo que a garota a odiasse por ter levado a alma de Mark. Mas, na realidade Kymbra não estava com raiva, na verdade estava feliz por poder estar perto de seu amado mais uma vez, no mundo dos mortos eles poderiam recomeçar sua vida amorosa e dessa vez nada poderia os separar.
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The Seven Sons of Death - Part 1 (+14)
Macera"Desde de o dia em que nascemos a Morte nos acompanha, observando ao longe nosso progresso para encontrá-la" Há muitos anos houve uma guerra entre a Morte e o Tempo. A batalha durou muitos e muitos milênios, até que Tempo saiu vitorioso... Mas...