Algas nas pedras

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Morna, a água salgada do mar arrasta-se preguiçosamente pela areia da praia, enquanto a brisa fresca carrega o gosto do sal por entre as palmeiras, pedras, e buracos de caranguejos. Pequenas bolhas se formam em contato com a pele dos dedos de Daichi; o sol reflete na água azul e lança bonitas cores sobre as rochas próximas. A tarde começava a cair, devagar, prolongando o dia de verão.

A praia está deserta exceto pelas gaivotas e caranguejos. O coração de Daichi bate rápido no peito. Ele veste sua máscara de mergulho, pega seu snorkel e pula na água. Cristalina, ele consegue ver tudo perfeitamente: as algas nas pedras, pequenos peixes, a areia no fundo se remexendo com o balançar das ondas, conchas coloridas contra o branco.

Dando braçadas, Daichi nada junto às pedras da encosta até avistar a pequena embarcação naufragada. Não era mais do que um pequeno barco de pescador abandonado que afundara, talvez a uns 5 metros de profundidade. Daichi coloca o snorkel na boca, puxa o ar, e mergulha.

Ele bate os pés na direção do barco — sua carcaça está cheia de corais coloridos, peixes, anêmonas, pequenos animais — e entra pelo furo do casco. Algumas caixas velhas se acumulam num canto, barris, a âncora, cordas, o mastro. Daichi avança pelo barco e chega a uma escadinha parcialmente destruída que leva ao que seria os aposentos do capitão. Os raios de sol penetram pelas rachaduras e buracos. Ele sorri para si mesmo ao ver Suga ali, deitado sobre uma camada de algas, tirando um cochilo gostoso. Daichi bate três vezes na madeira e Suga abre os olhos, ainda sonolento. Ergue-se, olhando ao redor, fazendo com que peixinhos saiam do meio de seus cabelos e se escondam entre as rochas mais próximas.

Ao ver Daichi, Suga abre um sorriso e vem nadando até ele rapidamente. A água vibra com seu apito alegre. Suga dá um abraço rápido em Daichi e logo o puxa para fora da embarcação, levando-o de volta à superfície.

Daichi arranca sua máscara e pega ar.

— Não acredito que você estava dormindo essa hora da tarde.

— O quê, achei que você não vinha!

— Desculpe, fiquei resfriado.

Suga sorri novamente e aperta Daichi com força em seus braços, espremendo-o também com sua cauda prateada. Os dois riem, flutuando no meio do mar.

— Poxa, pena que você não veio ontem. Os golfinhos foram embora. Mas algo me diz que as baleias estão chegando — Suga abre um sorriso de canto.

Daichi está tão embasbacado que nem responde. Suga brilha sob o sol alaranjado. Daichi se derrete por inteiro.

— Quer fazer o que hoje?

Ele dá de ombros, sorrindo feito bobo, as mãos firmes nos ombros de Suga. Suga sorri também e rouba um beijo salgado.

— Olha, descobri essa gruta super legal um pouco depois da ponta da praia, se quiser ir... Tem uma família de baiacus vivendo lá. E acho que um polvo. Vamos?

— Mas você só foi uma vez?

— Bom, eu achei a gruta, mas não explorei direito. Estava te esperando.

Daichi se derrete novamente.

— Vamos lá, então.

Suga pega na mão de Daichi e o puxa para debaixo da água. Eles vão rápido; Suga agita sua cauda com certa impaciência, nadando em zigue-zague, competindo com os peixes ao redor. Solta apitos altos, faz cambalhotas, volta à superfície para deixar Daichi respirar de vez em quando. Atravessam a baía rapidamente, Suga ainda puxando Daichi pela mão — "você nada devagar demais", ele dissera — e emanando calor.

Daichi segura-se em algumas pedras da encosta e veste a máscara.

— Ok, você vai precisar de bastante ar, então se prepara. É um pouquinho escuro até lá, espero que você não se importe.

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