Estrelas no céu

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Daichi olha para a lousa e só consegue imaginar o quão mais legal seria estar fazendo alguma coisa idiota com Suga, seja brincar de esconde-esconde pelo recife ou tentar (inutilmente) vencê-lo em uma corrida.

O jeito que Asahi explicava as coisas era muito mais legal do que aquela professora.

A cadeira é desconfortável. Daichi mal consegue se concentrar na explicação, mas solta uma risadinha para si mesmo lembrando de Aouli metendo um beijo na boca dele por achar legal. E como Suga tinha ficado um pouco puto.

O sinal toca e Daichi levanta em um pulo, enfiando rapidamente as coisas na mochila. Ele sorri para seu caderno instintivamente.

Suga.

Então o coração dele bate dolorosamente no peito e o sorriso se desfaz.

Ah...

Suga não estava na praia.

Ele joga a mochila no ombro e vai embora. Pegando qualquer coisa para comer na máquina de vendas, Daichi caminha até a biblioteca para estudar um pouco.

Suga podia não saber como canudos funcionavam, mas sabia bastante de direito penal e sempre ajudava Daichi a estudar para as provas.

Ele abre a porta da biblioteca e a encontra vazia. Suspirando, ele joga a embalagem da comida no lixo e senta na mesa perto da janela, observando as nuvens do lado de fora. O céu está um pouco cinzento, mas alguns raios de sol ainda conseguem espiar entre as nuvens...

Daichi abre o caderno e começa a ler as anotações do dia.


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02 de outubro

PECULATO: apropriação ou desvio de dinheiro público ou coisa apreciável feito por abuso de confiança por uma das partes, geralmente funcionários públicos

PECULATO FURTO: quando o funcionário público utiliza o poder que seu cargo oferece p/ pegar um objeto material p/ uso próprio ou alheio, mas não é dono dele

PECULATO APROPRIAÇÃO: o funcionário público se apropria do objeto por causa do cargo que possui e meio que rouba a coisa pra si

PECULATO DESVIO: o cara dá um destino que o beneficia ao objeto

PENA: multa ou prisão hehehe se fodeu

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Daichi suspira. Que bando de anotações imprestáveis. "hehehe se fodeu" definitivamente não presta, ainda mais que ele nem escreveu qual o valor da multa ou quanto tempo o cara vai preso.

Ainda sem conseguir se concentrar direito, ele pega a latinha de energético na mochila e toma metade. Então, abre o livro de direito penal e se debruça para tentar entender como funcionava a pena para peculato.

Daichi tenta focar várias e várias vezes, mas não consegue. O barulho do relógio na parede é irritante, e a biblioteca está silenciosa demais. Os passarinhos piam lá fora. Os galhos pelados das árvores balançam com o ventinho gelado que sopra.

Soltando um gemido de desconforto do fundo da garganta, Daichi arrasta a cadeira para trás num pulo e recebe um olhar feio de uma menina perto da estante. Ele joga tudo na mochila e, esfregando a mão no cabelo, parte para o estacionamento.

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