Lágrimas nos olhos

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Kageyama e Hinata não apareceram até o Sol sumir no horizonte, dizendo que estavam explorando as cavernas subaquáticas e toparam com um pinguim perdido. Os quatro, então, sentam-se na praia ao redor de uma pequena fogueira que Daichi acendera, e que aquecia os meninos humanos.

— Eu e o Daichi conversamos — Suga começa — e decidimos que vamos junto com vocês.

— Só vou poder ficar poucos dias por causa da volta às aulas. Você pode voltar comigo, Kageyama...

— Não. — o moreno diz em uma voz determinada, olhando fixamente para os dois garotos do outro lado da fogueira — Vou ficar em Nerida. Ou o mais próximo que der. Não vou voltar.

— O quê? — Daichi pergunta, juntando as sobrancelhas — Tem certeza?

— Tenho. Não tem nada que me prenda aqui, e não tenho nada a perder. O Hinata é tudo que me restou. Decidi ficar com ele.

Suga olha para Hinata, esperando que o menino tivesse enfiado algum juízo na cabeça do amigo.

— Nós conversamos. — Hinata lambe os lábios e encosta a ponta dos dedos nos de Kageyama — Ele tem certeza. Se é isso que ele quer, não vou impedi-lo.

Kageyama volta o olhar para Hinata, e o ruivo sorri para ele.

— Mas Hinata... Você sabe onde fica Nerida? — Suga pergunta, inseguro.

— Os boatos dizem que fica encravada em um recife que cerca uma ilha ao norte.

Boatos...? — Daichi ergue uma sobrancelha.

— Sim. É mais ou menos perto da rota de migração das baleias. Elas dizem que ouvem apitos ao passarem por certa área. Há boatos de que sereianos foram vistos por lá também. Parece ser um lugar remoto e meio escondido. Claro, né...

Os olhos de Hinata refletem o fogo com intensidade assustadora.

— Quando eu e minha família estávamos indo pra lá há alguns anos, o plano era seguir com as arraias por parte do caminho e depois encontrar as baleias. Mas íamos de bem mais longe, acho que daqui é mais perto e é rota das baleias.

— É sim. — Suga confirma. — Mas a maioria delas já migrou por causa do frio. Alguns pequenos grupos estão a caminho ainda. Talvez possamos ir com eles. Alguns peixes que chegaram recentemente ao recife disseram que tem umas quatro baleias vindo pra cá. Eu estimo que devam chegar amanhã de manhã.

— E a gente? — Kageyama pergunta, referindo-se a ele e a Daichi.

— Vamos com o meu carro por terra até onde der. Depois teremos que ir pelo mar.

A ideia de nadar no mar aberto era apavorante para Daichi. Apesar do medo, ele sabia que se estivesse com Suga tudo ficaria bem.

— Esperem aqui, vou pegar o mapa e veremos mais ou menos onde fica Nerida.

Daichi vai até o carro e pega seu mapa. Hinata e Suga calculam a rota de migração das baleias até o norte, e Hinata faz um grande círculo no lugar aproximado onde a cidade estaria. Nesse círculo era possível ver pequenos pontinhos no mapa; algumas ilhas pequenas e irrelevantes demais para sequer terem nome. Daichi usa o mapa em seu celular para poder olhar melhor aquela região. Parecia ser um pequeno arquipélago de ilhas vulcânicas, e aparentemente todas elas eram inabitadas. O último pedaço de terra com gente e viável ir de carro era uma ilha um tanto maior, um ponto turístico famoso na região pelos ótimos pontos de mergulho. Seria necessário pegar uma balsa, mais nada.

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