Brilho nos seus olhos

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    — Ei, acordem. A festa tá começando.

Daichi sente Suga mexer-se em seus braços, despertando-o. Ele abre os olhos e, por entre o cabelo de Suga, vê a cabeça de Nishinoya para fora da água, olhando na direção deles.

Dolorido, Daichi levanta-se, puxando Suga consigo. Eles coçam os olhos e suspiram.

— Desculpe, Noya, a gente acabou dormindo... — Daichi coça a nuca.

— Não tem problema. Antes de irmos para a festa, a Miria pediu para levá-los à biblioteca.

— Biblioteca...?

— Sim, vamos. Tem alguém que vocês precisam conhecer.

Noya sorri e afunda. Daichi e Suga pulam na água atrás dele. Segurando firme na mão de Suga, Daichi deixa-se levar pelos túneis coloridos. Dessa vez eles estão iluminados pela luz branca e suave das pedras brancas encravadas nas paredes; olhando para cima, Daichi vê que não há mais raios de sol — já é noite.

Estranhamente, os túneis estavam desertos. Eles ouviam as correntes de água passando pelos corais, e mais nada. Na próxima curva, encontraram-se com Tanaka guiando Hinata e Kageyama, que pareciam tão confusos quanto eles. Virando à direita, eles se deparam com uma grande e alta abertura na pedra.

O coração de Suga palpita no peito. Ainda seguindo Noya e Tanaka, eles entram pela abertura.

É uma área circular enorme. As paredes sobem até muito alto e descem por vários metros. Nelas, várias prateleiras cavadas na pedra contêm livros, frascos, objetos de vidros, caixinhas de madeira, e mais centenas de outras coisas.

Suga olha ao redor, sentindo algumas de suas escamas se arrepiando. Tantos livros... Ele sequer conseguia imaginar quanto conhecimento estaria ali. Os antigos reis dos mares aparentemente eram um povo muito curioso.

— Aqui! Aqui!

Noya acena do alto. Os quatro nadam atrás dele, surpresos em verem outro bolsão de ar no topo da caverna. De lá eles veem uma plataforma, como a dos lugares que eles tinham ficado, mas ela levava para dentro de um buraco na pedra que parecia seguir metros adentro.

— Oi! Asahi!

A voz de Tanaka ecoa na pedra, e eles ouvem um "tap tap tap" no piso molhado.

— Ai meu Deus, calma, eu esqueci de guardar esses livros. Nishinoya, você pode- Ah!

A pessoa que veio de dentro da mini caverna era um garoto alto de cabelos compridos, e ele carregava uma pilha enorme de livros; ela voou de suas mãos quando ele escorregou e quase caiu, apoiando-se na parede. Os livros caíram no chão, alguns deles rolando até a água e afundando.

— Você é humano! — Daichi e Kageyama dizem ao mesmo tempo, apontando para o garoto na parede. Ele tinha pernas (bem compridas, aliás) e usava uma camiseta roxa.

— Vocês também...?

Ele se equilibra de novo e vai até a beirada da plataforma, ajoelhando. Observa Daichi e Kageyama cuidadosamente e depois põe os olhos em Noya e Tanaka.

"Já abrimos exceção uma vez, podemos muito bem fazer de novo", dissera Miria.

Kageyama não entende muito bem o que está acontecendo. Tinha outro garoto humano ali na frente dele, de camiseta e shorts, como se estivesse em sua própria casa.

— Eles chegaram hoje de tarde — Tanaka explica, e o outro se estica para recolher os livros que deixara cair — São o Suga, o Daichi, o Kageyama e o Hinata.

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