Capítulo 12

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Alguns meses depois...


— Doutor Marcelo, há quanto tempo! Como foi de viagem?

— Bem, obrigado, dona Virgínia — respondeu o velho advogado, com um sorriso no rosto. — E por aqui, como estão as coisas?

— Está tudo bem, graças a Deus.

Outros empregados vieram ao encontro de Marcelo, para dar-lhe as boas-vindas e saber das novidades.

Ao ouvir o burburinho, Margarida saiu de sua sala para ver o que estava acontecendo e, ao ver o velho amigo, que já não via há mais de seis meses, correu para lhe dar um abraço apertado e afetuoso.

— Doutor Marcelo, quanta saudade! Como foram as férias?

— Maravilhosa. Pena que eu estava sozinho.

— Vai me dizer que não arranjou nenhuma namorada? — perguntou ela em tom de brincadeira.

— Bem, tentar eu tentei, né? Mas a idade não ajudou muito.

Evidentemente feliz, Margarida levou-o para sua sala. Havia muitas novidades a serem contadas de ambos os lados.

— E Otávio e William, onde estão? — quis saber ele.

— O doutor Otávio saiu um pouco mais cedo — respondeu ela, enquanto se aconchegava por detrás de sua escrivaninha. Marcelo sentou-se em uma das poltronas à sua frente. — E o William foi para uma audiência.

— E você, por que não foi com o Will?

— Hoje eu fui dispensada — comentou, tão divertida quanto uma criança. — Falando sério, isso aqui está uma loucura. O senhor nem imagina.

Com um sorriso garboso, o velho advogado confessou:

— Imagino sim. E durante muitos dias senti muita falta dessa correria toda, mas descobri que há outras maneiras de viver. O trabalho é muito importante na vida de um homem, mas não é tudo. Há muitas outras coisas...

— Com certeza. E o senhor já trabalhou muito. Agora está mais do que na hora de curtir a vida, de gastar um pouco do que conquistou.

— É verdade... E por falar em gastar, eu trouxe para você uma lembrancinha.

Ele abriu sua pasta, tirou uma pequena caixa e colocou sobre a mesa de Margarida, que olhou atenta o pequeno embrulho antes de pegá-lo.

— Não precisava se incomodar comigo, doutor Marcelo.

— Não foi incômodo algum. Você não vai abrir?

Ela abriu com todo cuidado e ficou perplexa. Era um conjunto de pulseira, colar e anel com pedras de safira.

— Meu Deus! É... é lindo! — balbuciou, fortemente emocionada. — Parece muito com o que ganhei de minha avó.

— E teve de vendê-lo quando chegou a São Paulo, não é verdade?

— Como sabe disso? — perguntou, e em seguida lembrou que havia contado a William. — Will comentou?

— Não só comentou, como me pediu que eu procurasse algo parecido.

Ainda dominada pela emoção, ela tornou a balbuciar:

— Ai, meu Deus... Isso... Isso deve ter custado caríssimo! — Não era exatamente isso o que queria dizer, mas as palavras não faziam qualquer sentido neste momento. — Eu... Eu nem sei o que falar... O William é um louco varrido.

Impossível esquecerOnde histórias criam vida. Descubra agora