Capítulo 19

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- Parabéns, Guida! Você fez uma defesa maravilhosa - cumprimentou William, na saída do tribunal.

- Eu estava meio insegura. Afinal, esse foi meu primeiro grande caso. Mas acho que...

Ela parou de falar quando uma jovem exuberante se aproximou de repente e foi logo falando:

- Sou estudante de direito e acompanhei sua defesa, doutora Margarida Esteves. Achei que você foi perfeita. Parabéns!

Discreta, Margarida correu os olhos pelo vestido curto e decotado da jovem à sua frente. Definitivamente, aquele não era o traje adequado para uma estudante de direito, pensou. Mas não deixou transparecer sua opinião, afinal, aquilo não era da sua conta, concluiu.

- Obrigada.

- Meu nome é Roseli - continuou a jovem, estendendo a mão para cumprimentá-los.

- Eu sou...

- Eu sei quem você é, doutor William Fraga - adiantou-se a moça, com um sorriso insinuante nos lábios. - Venho acompanhando há algum tempo a trajetória de sucesso de vocês dois.

William fitou por alguns segundos a bela morena e riu, numa reação automática ao sorriso dela.

- Se não for nenhum incômodo, doutora, gostaria de fazer algumas perguntas... É para um trabalho da faculdade.

- Estou com um pouquinho de pressa - argumentou a advogada, tentando se desvencilhar o mais breve possível da jovem inconveniente.

- Eu prometo que serei breve. Por favor...

- Está bem.

- Quando pegou essa causa acreditava mesmo na inocência do seu cliente? - questionou Roseli, após retirar de sua bolsa um papel com anotações à caneta e também um moderníssimo e diminuto gravador .

- Sim, acreditei.

- Não lhe passou pela cabeça em nenhum momento que ele poderia ter realmente matado a esposa?

- Como disse, eu acreditei na inocência do meu cliente.

- Mas todos os fatos o colocavam como o principal suspeito, não é verdade?

- É verdade. - Margarida suspeitou que a moça não estava prestando muita atenção às suas respostas. Ela não tirava os olhos de jabuticaba de cima de William. - E é exatamente por isso que ninguém pode ser considerado culpado sem provas.

- E como conseguiu que a dona Augusta Vespeto,..?

- Augusta Volpeto - corrigiu William gentilmente.

Ela lançou um olhar rápido para suas anotações no papel, antes de comentar, com um sorriso cativante nos lábios:

- Oh, sim. É verdade. Obrigada, doutor Fraga! Prosseguindo... Como a senhora conseguiu que a dona Augusto Volpeto, vizinha do senhor Anderson, testemunhasse o que viu, se desde o começo ela e os demais vizinhos alegavam nada ter visto?

- Não foi fácil - respondeu Margarida, sem conseguir mais ocultar um certo ar de aborrecimento -. Mas, alguém, numa denúncia anônima à polícia, disse ter visto quando um homem estacionou um carro preto a alguns metros do local e entrou na casa do senhor Anderson, por volta das três horas da tarde. Através dessa denúncia, conseguimos chegar ao senhor Adriano, ex-diretor dele.

- E por que a denúncia não foi suficiente? - inquiriu Roseli.

- Foi um crime quase perfeito. O senhor Adriano usou luvas e não deixou provas digitais no local, além de ter como álibi o filho e a ex-mulher, que alegavam ter estado com ele naquele horário.

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