- Parabéns, Guida! Você fez uma defesa maravilhosa - cumprimentou William, na saída do tribunal.
- Eu estava meio insegura. Afinal, esse foi meu primeiro grande caso. Mas acho que...
Ela parou de falar quando uma jovem exuberante se aproximou de repente e foi logo falando:
- Sou estudante de direito e acompanhei sua defesa, doutora Margarida Esteves. Achei que você foi perfeita. Parabéns!
Discreta, Margarida correu os olhos pelo vestido curto e decotado da jovem à sua frente. Definitivamente, aquele não era o traje adequado para uma estudante de direito, pensou. Mas não deixou transparecer sua opinião, afinal, aquilo não era da sua conta, concluiu.
- Obrigada.
- Meu nome é Roseli - continuou a jovem, estendendo a mão para cumprimentá-los.
- Eu sou...
- Eu sei quem você é, doutor William Fraga - adiantou-se a moça, com um sorriso insinuante nos lábios. - Venho acompanhando há algum tempo a trajetória de sucesso de vocês dois.
William fitou por alguns segundos a bela morena e riu, numa reação automática ao sorriso dela.
- Se não for nenhum incômodo, doutora, gostaria de fazer algumas perguntas... É para um trabalho da faculdade.
- Estou com um pouquinho de pressa - argumentou a advogada, tentando se desvencilhar o mais breve possível da jovem inconveniente.
- Eu prometo que serei breve. Por favor...
- Está bem.
- Quando pegou essa causa acreditava mesmo na inocência do seu cliente? - questionou Roseli, após retirar de sua bolsa um papel com anotações à caneta e também um moderníssimo e diminuto gravador .
- Sim, acreditei.
- Não lhe passou pela cabeça em nenhum momento que ele poderia ter realmente matado a esposa?
- Como disse, eu acreditei na inocência do meu cliente.
- Mas todos os fatos o colocavam como o principal suspeito, não é verdade?
- É verdade. - Margarida suspeitou que a moça não estava prestando muita atenção às suas respostas. Ela não tirava os olhos de jabuticaba de cima de William. - E é exatamente por isso que ninguém pode ser considerado culpado sem provas.
- E como conseguiu que a dona Augusta Vespeto,..?
- Augusta Volpeto - corrigiu William gentilmente.
Ela lançou um olhar rápido para suas anotações no papel, antes de comentar, com um sorriso cativante nos lábios:
- Oh, sim. É verdade. Obrigada, doutor Fraga! Prosseguindo... Como a senhora conseguiu que a dona Augusto Volpeto, vizinha do senhor Anderson, testemunhasse o que viu, se desde o começo ela e os demais vizinhos alegavam nada ter visto?
- Não foi fácil - respondeu Margarida, sem conseguir mais ocultar um certo ar de aborrecimento -. Mas, alguém, numa denúncia anônima à polícia, disse ter visto quando um homem estacionou um carro preto a alguns metros do local e entrou na casa do senhor Anderson, por volta das três horas da tarde. Através dessa denúncia, conseguimos chegar ao senhor Adriano, ex-diretor dele.
- E por que a denúncia não foi suficiente? - inquiriu Roseli.
- Foi um crime quase perfeito. O senhor Adriano usou luvas e não deixou provas digitais no local, além de ter como álibi o filho e a ex-mulher, que alegavam ter estado com ele naquele horário.
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Impossível esquecer
Storie d'amoreDuas vidas marcadas para sempre por tragédias terríveis, mas que se encontram no momento em que ambas mais precisam de conforto. E uma linda história de coragem, força e superação passa a ser delineada. ESTA OBRA ESTÁ REGISTRADA NA FUNDAÇÃO BIBL...