Capítulo 21

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As festas de fim de ano sempre a deixavam nostálgica. Era inevitável. Contudo, naquela semana, Margarida se deixou contagiar pela empolgação de Fred e Andréia e comprou uma imensa árvore de Natal, muitas bolas coloridas, laços vermelhos vistosos e enfeites de tudo o que era tipo.

Fred fizera uma farra no momento em que foram decorar o apartamento, e fez questão de ajudar a montar a árvore e pendurar cada enfeite. E, no final das contas, aquilo tudo contagiou o coração de Margarida de alegria, embora algo ainda doesse lá dentro: a saudade de William.

O rapaz havia ficado mais de um mês fora do país e só chegaria à véspera de Natal. E ela mal podia esperar o momento para revê-lo. Havia tanta coisa para conversar...

- Como estou, mamãe?

Fingindo-se séria, ela se aproximou lentamente de Fred e ergueu uma de suas mãos, forçando-o a girar em torno do próprio corpo. O menino estava com quase sete anos de idade agora, mas parecia bem mais alto do que as outras crianças da mesma idade.

Ela torceu a boca enquanto o avaliava. Depois, sorriu.

- Você está lindo, meu amor!

O filho a abraçou pelas pernas.

- Você também está linda, mamãe.

- Humm... Estou com ciúme - disse Andréia, que havia acabado de entrar no quarto de Margarida.

- Você também está muito bonita - comentou ele, com toda a sua sinceridade.

- Muito obrigada, Fred! Você está um gato!

- Mamãe, onde está o presente do Wil? - perguntou então o menino, visivelmente ansioso.

- A Andréia colocou no carro.

- Será que ele vai gostar, mamãe?

- Tenho certeza que sim.

- Então, vamos logo, mamãe! Não quero chegar atrasado.

Margarida e Andréia entreolharam-se e, em seguida, caíram na risada.

A casa estava lotada de parentes e amigos, e ele encontrava-se rodeado por um grupo de rapazes e moças, antigos colegas de faculdade. Mas quando ela passou pela porta, num vestido verde de seda, ele esqueceu de tudo, de todos. Parecia até que o mundo havia parado de girar.

- Wil!

Fred saiu gritando e correndo para seus braços. William deu alguns passos e pegou o garoto no voo.

- Ah, meu garoto!

- Eu estava com saudade, Wil.

- Eu também, Fred! Eu também...

Os lábios de Margarida se entreabriram num sorriso suave, enquanto caminhava lentamente na direção dele. Mas ela, inesperadamente, se viu confusa com a imensidão de sentimentos que aflorou em seu coração e alterou completamente o seu ritmo.

Será que William sentira a sua falta, como ela sentiu a dele? Especulou, quando ele pôs Fred no chão e estendeu a mão para puxá-la para si.

- Eu quase morri de saudade - cochichou William em seu ouvido.

- Eu também sentiu muito a sua falta, Wil!

Era quase meia-noite quando William desapareceu da festa e, logo em seguida, Eloísa passou pedindo para que os pais unissem seus filhos na sala de estar.

As crianças se espalharam por toda a extensão da sala, e, à meia-noite em ponto, o famoso Papai Noel desceu as escadas com seu enorme saco vermelho. As crianças se acumularam em torno do bom velhinho, enquanto ele distribuía presentes e sorrisos. Rôu, rôu, rôu.

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