Capítulo 24 (Penúltimo Cap.)

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Já passava de meia-noite quando uma jovem foi encontrada, bastante ferida, em um terreno baldio próximo a uma favela. Um casal, que passava próximo dali, ouviu gemidos e chamou a polícia.

Andréia fora amordaçada, esfaqueada e abandonada naquele local. E, conforme ela mesma explicou aos policiais, fingiu-se de morta, e conseguiu escutar para onde os homens que sequestraram Fred o teriam levado.

Assim que o delegado Rogério foi avisado, pelo rádio, sobre o suposto local que Fred e William se encontravam, imediatamente, ele acionou seus homens e também uma ambulância e seguiu para lá, com Otávio em seu encalço. Todavia, quando chegaram ao lugar, num galpão abandonado próximo à cidade de Diadema, encontraram Fred chorando sobre o corpo ensanguentado de William.

Fora um alívio para todos descobrir que o menino saíra completamente ileso, apesar de ter também a roupa ensanguentada. Mas William não teve a mesma sorte, seu estado era gravíssimo.

Os primeiros-socorros foram dados ainda no local. Minutos depois, William deu entrada no hospital, em estado de coma, e foi levado imediatamente à sala de cirurgia, para que fossem retiradas as balas alojadas em seu corpo. Enquanto isso, Rogério, em nome da velha amizade que tinha com os Fraga, foi buscar Margarida e Eloísa.

Sentindo a necessidade de protegerem-se mutuamente, a caminho do hospital, as duas mulheres seguravam com firmeza a mão uma da outra.

Oh, meu Deus, salve a vida do William, implorou Margarida, enquanto experimentava os sentimentos mais confusos de toda a sua vida, pois, se por um lado, sentia-se contente por saber que seu filho não sofrera nenhum arranhão, por outro, sentia-se mergulhada na mais profunda angústia. Afinal, o estado de seu amado era muito grave.

Elas encontraram Fred nos braços de Otávio, e suspiraram de alívio ao constatar que o menino, de fato, estava bem.

— Oh, graças a Deus não fizeram nada com você, meu filho. Graças a Deus! — balbuciou Margarida entre lágrimas, e abraçou o menino com força. — Eu tive tanto medo.

Por ainda estar em estado de choque, o garoto subitamente desatou a chorar e a dizer:

— O Wil morreu, mamãe. O Wil morreu!

Eloísa desmaiou neste momento. Por isso, depois de medicada, a pedido do médico, Otávio a levou de volta para casa. Fred também foi junto, após ter sido examinado pelo pediatra.

Margarida permaneceu no hospital, apesar da insistência da enfermeira para que fosse descansar.

— Você não pode fazer nada por ele. Vá para casa, descanse e volte amanhã.

— Não! Eu não vou sair daqui enquanto não conversar com o médico.

— Mas...

— Eu já disse. Só saio daqui depois que souber o real estado do meu noivo.

Após mais de cinco horas dentro da sala de operação, William foi transferido para a U.T.I. Seu estado ainda era grave, embora a operação tivesse sido bem-sucedida. Sentada sozinha em dos bancos da sala de espera, Margarida orava baixinho quando sentiu alguém tocar em seu ombro, por trás.

— Senhorita?

Ela reconheceu imediatamente a voz, mas mal pôde acreditar quando se virou e o viu.

— Marcos?!

— Guida?!

— O que...? O que faz aqui?!

— Eu? Eu trabalho aqui.

Marcos mal sabia o que dizer. Não esperava uma surpresa tão agradável no final de seu plantão. Até o cansaço sumiu. E ele quase esqueceu o motivo que o levará até ali.

Impossível esquecerOnde histórias criam vida. Descubra agora