PARTE 16

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   - Não, eu não tô grávida. Mas é que...

- Fala logo, pelo amor de Deus, muié.

- Tenho conversado muito com minha mãe e ela só fala nessa minha ida para o exterior. Eu sou de menor e eles mandam. Agora mesmo nas férias eu vou pro Canadá.

- Quê?

- Eu não sabia como te falar. Ela quer que eu conheça a universidade que o Renato estuda. Eu pensei que ia ser mais fácil, mas ela está me pressionando. Então eu pensei...

- Pensou o quê?

- Pensei na gente casar.

- O quê?

- Se quando a gente terminar a gente casar, eles não vão mais poder mandar em mim.

- E como a gente vai viver?

- A gente faz faculdade e trabalha. Vai ser muita mudança, mas a gente vai tá junto.

- Isso não vai dar certo.

- Porque você só pensa nessa carreira, tá colocando ela na frente do nosso amor.

- Num é assim. Cê tem uma vida de princesa, não tem como eu te dar essa vida e também a gente é muito novo.

- Você num tá entendendo. Eu vou embora ano que vem. Isso quer dizer ficar longe de você.
- A gente vai achar uma saída.

- A única saída é essa.

- Nem se inventa de engravidar. É uma loucura.
- Eu não pensei em engravidar, só casar. E também, não tem como engravidar sozinha, não se preocupe.

- Ainda tá tomando aquelas pílulas que a médica passou?

- É claro. Eu não ia fazer uma loucura dessas Luan.
Começo a chorar e ele não vem me amparar dessa vez. Percebi que mesmo o amor sendo grande o sonho dele era maior e o nosso fim estava próximo.

- Entende uma coisa. Eu te amo, mas a gente tem muito o que viver. Já te expliquei, não é só um sonho de menino, eu amo cantar e preciso me dedicar a isso. Eu vou fazer uma faculdade, mas se a gente tiver casado e não conseguir da conta de tudo, aí sim a gente vai brigar e terminar.
- Tá falando que de qualquer forma a gente vai terminar.
- Não. Ainda falta um tempo. A gente vai pensar em algo.

- Eu pensei que seu amor por mim era que nem o meu por você, maior que tudo.

O clima entre a gente estava normal, mas eu não conseguia mais sentir aquela felicidade plena, é como a qualquer minuto tudo fosse acabar, eu vivia cada momento de forma intensa o que me ligava ainda mais a ele.

- Eu viajo esse fim de semana, vem comigo.

- Claro.

- Não vai dizer, vou perguntar aos meus pais?

- Você quer ou não quer que eu vá?

- É claro que quero.

- Eles vão ter que deixar, senão deixar eu fujo.
- E não te devolvo mais.

- Era meu sonho.

Esse era meu último tempinho com ele antes das férias. Meus pais não queriam deixar, mas eu estava decidida, eles acharam melhor falar com os pais de Luan e dizer que estava sob responsabilidade deles. Tudo bem.

- Ainda bem que dessa vez todo mundo sabe.
- Desculpa dona Marizete por meus pais terem a imagem errada de vocês, tudo culpa minha.
- De certa forma fomos sim, não podíamos passar um mês com você sem seus pais saberem.
- É passado. E vocês fizeram por amor ao Luan.
- Não parece animada.

- Eu vou para o Canadá próximo fim de semana. Passar as férias todas.

- Vai ser bom, eu sei que vocês se amam e queriam ficar sempre juntos, mas assim você passa mais tempo com seus pais, tira um tempo só para você e Luan se dedica aos shows sem correria.

- Até quando vão apoiar ele?

- Pra sempre.

Escorreu uma lágrima na minha face.

- Não gosta da ideia dele ser cantor, né? Mas minha filha se você o ama tem que aceitar.
- É que vejo nosso futuro em risco por causa desse sonho dele.

- Não pense assim, pense que ele vai se realizar e juntos, vocês vão buscar seus sonhos, formar uma família. Mas tudo ao seu tempo.

- Eu queria que meus pais pensassem assim.

- Eles vão acabar aceitando sua decisão se você se mostrar madura para arcar tudo.

- Obrigada dona Marizete, cê tá sendo uma amiga como minha mãe era. Eu sinto saudades disso, de ter alguém pra dividir e me aconselhar.
Luan estava mais atencioso que nunca, cheios de paparicos.

- Amor, sabe que vou ficar na casa do Renato, né?
- Sei. Mas prometi pra você não ter ciúmes dele. Eu confio em você.

- Fico mais tranquila assim. E... confio em você também, só não fica colado demais nessas meninas.
- São fãs, amor.

- É, fãs que tão de olho no meu lugar.

- Mais é brabinha.

A semana passou super rápido e eu até que estava mais animada com a viagem, encarei como uma viagem de férias normal, onde iria conhecer lugares que sonhei, ter um tempo para mim e dá espaço para saudade, assim a volta ia ser ainda mais gostosa.

- Não marca nada viu. No dia que eu voltar quero você aqui.

- Vou preparar aquela noite pra gente.
- Já tô contando as horas pra voltar.

- Aproveita, amor.

- Até parece que quer me ver longe.

- Não né, mas seus pais planejaram isso por tanto tempo e você já vai decepcioná-los ano que vem, dá essa alegria pra eles.

- Vou decepcionar, é?

- Você num vai para o Canadá, nem pra nenhum "oto" lugar, vai ficar comigo.

Fiquei tão feliz em escutar aquilo...

♫♬♪♫♬♪♫♬♪

Estava arrumando os últimos detalhes para fechar a bolsa.

- Pronta?

- Quase tudo pronto.

- Pra que tanta coisa? Você só vai de mudança ano que vem. A gente vai fazer compras.

- Fiquei indecisa em algumas coisas.

Nunca mais tinha visto meus pais tão felizes, eu poderia pedir um carro de presente que eles comprariam.
Eu falava com Luan todos os dias, esses shows estavam deixando ele mais e mais feliz, a cada dia estava ficando mais conhecido e eu ficava muito feliz por ele.

Como Renato era o único conhecido, passei muito tempo com ele, mas mantendo uma certa distância. Não queria dar motivo para ninguém falar coisas que não aconteceram... mas tem horas que o sangue ferve e a gente faz coisa sem pensar.
- Não acredito.

- Você não tá acostumada com os shows dele? – Renato questiona sem entender minha reação ao ver umas fotos.

- Shows sim, mas essa aí é uma festinha com pessoal da sala.

- São amigos, ele tá de férias.

- É, mas ele não precisava ficar assim com Malu. Eu sei que ela é quem dá em cima, mas...

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