PARTE 2

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   Passado o fim de semana, fui flutuando para a escola, só com a voz dele na mente.

Procurei, procurei e nada.

- Ué, cadê ele? É dia de prova.

- Tá falando sozinha, amiga?

- Pensando alto. Mas me fala como foi a prova.

- Ih! Nem me fala. Passa lá em casa mais tarde.

- Tá.

Volto para sala pensando nele e na prova que ainda nem estudei.

♫♬♪♫♬♪♫♬♪

- Mãe vou estudar na casa da Pam.

- Assim?

- Como assim? Eu vou na casa da vizinha.

- Mas não é mais criança. Coloca uma roupinha melhor.
Eu nunca fui muito de ficar arrumada, mas mamãe pegava no meu pé, acho que ela queria uma bonequinha.

Coloquei um vestido soltinho, prendi metade do cabelo e coloquei um brinquinho de pérola.

- Nooossa! Agora sim!

- Eu vou lá. Beijo.

Fui despretensiosa, com intenção mesmo de estudar quando me deparo com aquela perfeição.

Que ele tá fazendo aqui? – penso.

- Vai ficar aí parada? Entra. O Luan faltou a prova e eu falei pra ele vir, já que você também vai estudar. Algum problema?

- Não.

- Luan, num sei se já viu, essa é a Carol. Ela estuda no 2ºB.

- Eu vou fazer a prova na sua sala.
Apenas sorri sem saber o que falar ou como reagir.
- Senta aí, amiga.

Nunca tinha ficado tão próxima dele.

Eu juro que tentei me concentrar no que Pam falava, mas não consegui.

Fui pra casa pensando em cada detalhe dele, do aparelho, o jeito que mexe no cabelo, o som da gargalhada, mas física... nada.

- Estudou muito? – minha mãe veio saber.

- Demais.

- Que bom. Quero ver nota boa, hein.

- Uhum!

Corri para estudar de verdade, estudei tanto que acabei dormindo por cima dos livros.
No outro dia não tinha como eu disfarçar, quando cheguei a escola, ele já estava cercado de meninas e eu morri de ciúmes. Mas senti que dessa vez foi diferente, ele me olhou, notou quando olhei para ele e fiquei chateada. Talvez por confirmar o que sentia, ou ciúmes. Agora eu não era apenas mais uma aluna, agora eu tinha o mínimo da atenção dele, mesmo cercado foi pra mim que ele olhou e isso me deixou super ansiosa para o intervalo.

- 3, 2, 1 – tocou.- Finalmente.

Saí e ele já estava com aquele violão, pensei em me aproximar, mas ia parecer que era mais uma daquelas meninas. Porém, o destino resolveu me ajudar e Pam foi para o círculo, eu como não queria nada fui falar com ela.

- Oi miguxa.

- Oi - falo com Pam olhando pra ele que sorri.
- Começou a gostar das músicas?

- É, ele não canta tão mal assim.

Ele cantava olhando para mim e eu me segurei para não demonstrar que já estava em suas mãos.
- Olha quem está aqui... Não acredito. Minha princesa junto dessa plebe, prestigiando esse cantorzinho – Renato chegou esnobando.

Luan visivelmente morre de raiva. Renato era um riquinho que amava esnobar os demais e eu odiava isso, mas ele vivia no meu pé, se dizia apaixonado por mim. O que agora ia ser um problema, porque eu estava apaixonada, justo por aquele que ele mais implicava.

Luan se dava bem com toda a escola, menos com Renato e sua turminha, eu não podia perder o pouquinho de atenção que ganhei por causa de Renato.

- Que ridículo Renato o que você falou.

- Só achava que você não era dessas de se encantar com besteira.

- E não sou, vim falar com uma amiga. E não fala mais, está todo mundo olhando.

- O que é que tem?

- Eles querem ouvir os cantores e não você.
Acabei saindo de lá parecendo a maior patricinha e Renato veio atrás.

- Sai do meu pé. Já não basta a vergonha que acabei de passar.

- Eu não vou desistir de você.

- Está fazendo tudo errado. Eu vou estudar pra prova.

- Boa sorte, princesa.

Deu até vontade de chorar pensando no que Luan tinha achado disso.

Sorte que logo o intervalo acabou e me forcei a prestar atenção na aula. Quando foi na hora da saída pensei em falar com Luan, pedir desculpas, mas para variar ele já estava cercado de meninas.
Que ódio! Fui gostar logo de um cara que vive cercado de mulher, enquanto tem outro que dá tudo por mim. Coração burro – penso.

HORA DA PROVA

Luan entra na minha sala e procura um lugar, eu que não sou besta, já tinha planejado pra ele ficar ao meu lado.

- Tem alguém aqui?

- Não.

Ele joga as coisas e senta meio sem querer papo comigo.
- Luan, eu... Eu queria pedir desculpas por ontem.
- Não sabia que era amiga dele.

Nem deu tempo de responder o professor chegou e foi logo colocando ordem e entregando a prova.

- Boa sorte e qualquer coisa dá um toque – falei para quebrar o gelo que restava.

Ele dá um sorrisinho que me faz derreter.
- Mudou de lugar? Tá se sentindo muito preparada ou não estudou nada?

- Nem oito nem oitenta, prof.

Eu fazia a prova e olhava pra Luan, em um determinado momento ele olhou.

- Quer alguma? – Luan sussurra.

- Vamos conferir? - sussurro.

Ele balançou a cabeça que sim e bem discretamente fomos conferindo e fazendo igual a prova toda.

- Pronto – ele sussurra.

- Vou entregar – respondo ainda em sussurro.
Levantamos quase juntos. Eu fiquei na porta esperando.
- Valeu! – ele falou assim que me viu.

- Era bom que estudasse aqui.

- Aí "cê" num ia prestar atenção na aula.

Ele disse aquilo e senti meu rosto ficar vermelho.

Será que ele percebeu que tô a fim dele? - penso
- Vou pra sala, ainda tenho outra prova hoje.
- Boa sorte.

Eu estava que não aguentava de felicidade. Mais que nunca eu precisava ir nesse show.

AMOR E ÓDIOOnde histórias criam vida. Descubra agora