PARTE 13

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- Amor, a minha mãe falou algo pra você, num foi?
- Não vamos falar sobre isso.

- Não queria que ficasse mágoas. É bom colocar tudo pra fora.

Sento e olho pra ele.

- Às vezes não te reconheço, acho que você é igual a eles.

- Eles?

- O Renato, a sua mãe... um outro mundo.

- Uma patricinha mimada que tudo tem que ser do meu jeito, uma garota orgulhosa que não admite quando erra, uma pessoa que resiste a realidade dos outros e impõe seu jeito de ser.
- É. Bem assim mesmo.

- Eu era assim, antes de você. Eu passei por cima dessa menina pra admitir que te amava e abriria a mão de tudo por você.

- Tem certeza?

- Por que fala assim?

- Cê não gostou muito da realidade de shows.
- Quando a gente é jovem a gente tem muitos sonhos mesmo, eu já sonhei em ser modelo. Mas um dia a gente desperta pra realidade e sonhos mais concretos.

- Não é um sonho. Ou melhor não só um sonho, é minha realidade, eu amo cantar, meus pais acreditam nisso. Quando acabar a escola eu vou poder me dedicar mais e cantar pra esse Brasilzão.
- Não pensa em fazer uma faculdade?

- Até pensei em fazer biologia.

- E então. Você pode ser um grande biólogo e cantar de hobby.

- Por que não aceita que quero ser cantor?
- Porque é uma vida difícil, de sacrifício onde uma hora eu não vou poder acompanhar você, você não vai ver seus filhos e outras mulheres vão está com você.

- Esse é o ponto, cê tá com ciúmes.

- E não era pra tá? Na minha frente você fica todo atencioso, imagina quando não tô. E se um dia você sair de casa brigado comigo, vai me trair com a primeira. Eu não quero tá em casa cuidando da família e meu marido na farra.
- Não é assim. Eu sei que parece que é viver de festa, mas é mais que isso. Quando subo num palco e vejo todo mundo cantando comigo eu sinto uma coisa aqui (coloca a mão no peito, na altura do coração) eu amo isso. Amo ver aqueles sorrisos, amo quando clamam meu nome, é uma paixão e uma sensação boa que não tem como explicar. Queria tanto que entendesse.

- Falando assim... eu vou tentar entender.

- Qual seu sonho?

- Agora, não sei mais.

- Por quê?

- Antes meu maior sonho era morar fora do Brasil. Mas agora... eu penso em ficar com você pra sempre, casar, ter filhos.

- Awn minha princesinha – selinho - vamos casar e ter dois filhos.

- E um cachorro?

- Um cachorro.

- Minha mãe não deixa eu ter. Diz que ano que vem eu vou embora e não vou poder levá-lo.
- E vai mesmo?

- Não. Se você não for.

Aquela conversa já mostrou o que os dois temiam, seus planos para o futuro eram bem diferentes e só esse ano era certeza que trilhariam o mesmo percurso. Mas para o amor não há planos, as coisas simplesmente acontecem. Luan estava determinado em seu sonho, mas a cada dia se via envolvido nesse amor, já Carol nem sabia mais para onde seguir, só sabia que estaria ao lado do Luan, só bastava convencer seus pais que seu futuro não era fora do Brasil.

   Meu pai chegou de viagem e pensei que mamãe fosse fazer um inferno e ele tentaria me convencer que era melhor terminar. Eu já estava com meus argumentos ensaiados, mas nem foi preciso usar, depois que mamãe conversou com ele, ele aceitou de boa.

PRIMEIRO DIA DE AULA


- Pam é verdade que a Carol se acertou de vez com Luan? – Isa quis se atualizar o que aconteceu nas férias.

- Eles sempre estiveram bem, só não podiam assumir, mas agora tá de boa. Ela até conseguiu transferir pra nossa turma.

- Que bom.

Eu não me aguentava de tanta felicidade, entrei na escola de mãos dadas com meu amor. Eu sentia os olhares de ciúmes de algumas meninas, mas a felicidade no rosto do Luan me deixava segura.
- Chega tô empolgada pra estudar. Vou ter até ânimo para acordar pra vir pra escola.
- E ano passado cê num vinha animada pra me ver, não?

- Vinha, mas vinha tensa também. Era sempre escondido e tão pouco tempo e agora não, vai ser da entrada até a saída colados.

- Eu costumo sentar lá trás. – Luan me informou.
- E eu na frente. Cê vem pra frente, né?

- Eu não.

- No meio da sala.

- Do meio pro fundão.

- Tá.

Eu não queria ficar nem um tempinho longe dele.
- Luan, tá sabendo que semana que vem é aniversário da Carol, né? – Pam aproveita que fui ao banheiro.

- Sei.

- Vamos fazer uma festa surpresa pra ela? Mas pra não ter bronca vamos fazer no fim de semana.
- Eu num vou tá aqui no fim de semana.
- Então a gente faz no dia. Eu vou falar com a tia.
Mas ao contrário do que eu imaginava, mamãe não estava apoiando meu namoro, ela estava esperando o momento certo para aos poucos fazer eu desistir, na verdade mais que isso, fazer eu odiar o Luan, só que eu nem desconfiei.
- Ah Luan, a tia não deixou. Disse que era melhor no fim de semana mesmo.

- Então vamos fazer aqui mesmo, na escola.
- Beleza.

✨✨✨✨✨✨

- Amanhã é meu niver.

- Eu tenho um presente pra você.

- Que é?

- Abre a porta pra mim?

- Seu maluco, meu pai está em casa. Mas é claro que abro.

Meia noite recebo uma mensagem de feliz aniversário e no fim tinha " tô aqui". Fui bem devagar, abri a porta e ele estava lá com um buquê e um ursinho. Fiquei tão boba que até esqueci dos meus pais.

- Vamos logo antes que alguém acorde. – Luan falou me levando pelo braço.

Já no meu quarto pude apreciar aquele presente. Não era apenas um buquê ou um urso, era o conjunto e o melhor a audácia de Luan de vir aqui passar a noite comigo.

- É o melhor aniversário da minha vida.
Logo cedo acordei e Luan saiu antes dos meus pais levantarem.

Era certeza que esse ano seria perfeito. Chego na escola e todos fingiram esquecer, mas na hora do intervalo Luan me distraiu e quando voltei para sala a festinha estava armada.

- Aaah gente. Obrigada! Cê sabia de tudo, né?
Luan sorri.

- Não acaba aqui, não.

Como era de se imaginar ele cantou pra gente.

- Eu sei que é amor e sinto pra valer
Pois por você eu dou a cara pra bater
Se eu te peço um beijo mata o meu desejo
E tira o meu sufoco com o seu prazer
Como que eu faço pra tirar da cabeça
Sendo que você não sai do meu coração?
Sempre que me pede pra que eu te esqueça
Fico no sufoco com essa paixão
Eu não sou brinquedo, mas você me pisa
E sem querer judia do meu coração
E faz minha cabeça, sempre que decido te dizer um não...

AMOR E ÓDIOOnde histórias criam vida. Descubra agora