AMOR E ÓDIO

PARTE 38

   Faltava poucos dias pra terminar as aulas. Falei com tia Ana que apesar de me aconselhar bastante disse que acolheria minha decisão.

Já Luan voltou ainda com a cabeça quente, mas seu Amarildo voltou com ele e teve uma conversa muito séria.

- Acho que tanta gente já aconselhou vocês, esses anos todos eu fiquei esperando você pedir algum conselho, mas tô vendo você se perder. Seu trabalho é um grande sonho, sonho que você alcançou e ainda vai conquistar muita coisa, mas o amor, a família, é algo que muitos batalham e não reconhecem o presente precioso que alcançou, cê sempre foi tão apegado a nós e sempre sonhou em ter sua família, você era tão jovem e ainda é, mas agora não tem como agir como um moleque. Seja homem e tome a decisão certa.
- Eu tomei mas ...

- Mas meteu os pés pelas mãos.

- Eu sempre me perco perto dela

- Mas esse não é o momento. Cê ama ela?

- Muito.

- Então aceita ela como ela é, aprende a conviver com ela.

- Acho que perdi ela de vez, ela não admira nem meu trabalho, antes ela reclamava mas era uma fã, agora nem isso, ela sentia algo, mas agora sou apenas o pai do filho dela.

- Como você, ela fala as coisas da boca pra fora. E pelo que você falou ela te deu uma dica e você não percebeu.

- O quê?

- Quando cê falou do Lucas e ela disse que era apenas amiga. Ela não se importa como ele tá cercado de mulher ou sozinho, mas você importa, se importa é porque ela te ama.

Luan coloca a vida em ordem e no show ele canta Tanto faz e pensa em voltar pra casa pra abrir de vez seu coração.

Até quando você vai tenta me negar, se enganar, se esconder de si mesmo. Se prefere eu posso inventar um lugar diferente aonde não há ninguém pra falar mal da vida da gente. Eu te levo pra gente se amar longe daqui.
É mor, tanta gente infernizou a gente, a gente ficou traumatizado, mas se for preciso eu invento esse lugar. Carol, eu não vou te perder. – Luan pensa.

Mas quando ele chegou em casa foi tarde demais.
Luan chega em casa todo animado e dona Mari se aproxima com cara de quem chorou.
- Que foi, mãe?

- Ah, meu amor. Eu não falei nada porque não quis atrapalhar, nem nos seus shows, nem na decisão dela, mas... ela foi embora.

- Quê?

- Eu pedi pra ela te esperar, mas ela só quis mesmo terminar as aulas. Eu tava tão acostumada com Davi aqui

- Ela foi pra onde?

- Pra Campo Grande.

- Corre Luan, faz alguma coisa, não faz tanto tempo que ela saiu. – Bruna como sempre torcendo para tudo dar certo.

Luan pegou a chave do carro e ia sair correndo.
- Cê não vai sair assim. – Seu Amarildo impediu.
- Cê mesmo disse pai, que eu devia tomar uma decisão, vou perder minha família se eu deixar ela ir.
- Conversar no aero não é o melhor lugar.

Luan não perde tempo e manda uma mensagem. Ele sabia que mesmo quando estava chateada sempre estava ligada nele. E com certeza iria ler.

Já estava chegando no aeroporto, eu segurava o choro pra não assustar Davi, mas meu coração nunca teve tão apertado.

Quando vi que tinha recebido algo dele, não acreditei, tive medo de ser apenas uma cobrança por ter levado Davi, mas era tudo o que precisava ouvir ou melhor ler.