PARTE 31

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Entre lágrimas...

- Meu filho, Bruna. Meu filho. Ele não pode morrer.
- Ele não vai.

- Ele parecia tão frágil.

- Mas ele é forte, ele resistiu até agora.

- Por que ele saiu correndo daquele jeito?

- Não teve como conter ele quando ele te viu.
- Quê?

- A última coisa que ele disse enquanto corria foi... papai. Cê não escutou?

Luan não aguentou escutar aquilo e tombou na parede e escorregou até sentar no chão.

- Você não sabia. Não se culpa.

Luan nem falava mais nada, nem pensava em nada direito, tentou apenas lembrar da vozinha de Davi, ele queria lembrar dele falando papai.

Eu nunca escutei meu filho chamar papai e sua última palavra foi essa. Ele ia correr pra mim. Pra mim... ele me amava antes mesmo de me conhecer. Deus, por favor, não me pune através dele. Salva ele, salva meu filho, por favor. Tira o que quiser de mim, mas ele não. – ele pensa.

Bruna ligou para os pais que foram o mais rápido possível.

- Eu não quero te deixar aqui. Vem Luan.

Ele não tinha forças pra se levantar.

- Luan, vem.

Ela puxava no braço dele, mas ele não reagia.
Já eu... eu recusei, mas Lucas acabou me convencendo a tomar um calmante. Ele me deixou sentada no sofá na sala de espera e foi atrás de Bruna e Luan. Encontrando o amigo daquele jeito ele o apoio nos ombros e levou pra sala de espera também.

- Vou chamar uma enfermeira, ele precisa de um calmante também.

- A gente veio o mais rápido. Meu filho. – Dona Marizete chega já amparando o filho. Em prantos ela abraça Luan que só sabia repetir...

- Ele é meu filho, meu filho, mãe, meu filho.
Lucas e Bruna me deram um pouco de atenção.

- Eu quero ir na capela, não vou aguentar ficar aqui.
- Eu também vou. – Luan falou.

Marizete me abraçou.

- Nessa hora vocês precisam ter força e se unir. Rezem juntos.

Mas eu nem conseguia olhar pra cara do Luan, era como se ele tivesse culpa de tudo, se ele tivesse ficado comigo há anos, se tivesse me escutado... Ele também estava com raiva de mim por ter escondido tudo e ele não poder desfrutar da companhia do filho todos esses anos.
Bruna, Lucas, Luan e eu fizemos uma corrente de oração. Marizete e Amarildo ficaram esperando notícias.
Foram muitas horas que pareceram dias.
Lucas e Luan já tinham desmarcado os shows por pelo menos uma semana.

- A cirurgia terminou. – Seu Amarildo veio avisar.

- Como ele tá? – Luan falou antes que eu.

- Eles fizeram o possível, agora é esperar.

- Era pra ter feito o impossível.

- Calma filho, cê tem tanta fé, não perca agora.
- Eu posso ir ver ele? – Eu precisava vê-lo.

- Acho que ainda não.

Mas não demorou muito o médico disse que os pais poderiam entrar, um de cada vez.

Eu fui, mas não aguentei ficar muito tempo, ele parecia tá dormindo, mas aqueles tubos me deixaram muito nervosa.

- É melhor sair. – A enfermeira me chamou.

- Eu quero ficar.

- Mas você tá muito nervosa ainda e ele não pode ter visita por muito tempo.

Quando sai Luan estava esperando pra entrar.
- Quem disse que você pode entrar?
- Eu sou o pai e nada vai impedir.

Não estava com forças pra brigar, na verdade nem era certo, ele realmente tinha direito.
Luan passou a mão na cabeça dele e emocionado falou baixinho.

- Oi pequeno, aqui é o papai - tenta ser mais forte para poder continuar - a gente mal se conhece, mas desde que soube que sou seu pai algo nasceu aqui no peito. É amor, amor por você. Sai logo daqui. Seu anjinho da guarda tá aqui do seu lado, não tenha medo.

A enfermeira entrou.

- Já tô indo. Eu preciso dizer só mais uma coisa.

Ela se retirou.

- Davi, meu filho, a partir de hoje a gente não vai mais se separar... eu te amo.

Apesar de querer ficar ele se retirou.

- E aí cara, como tá? – Lucas queria saber de Luan depois do primeiro encontro.

- Cê sabia. Por que não me disse?

- Eu não tinha esse direito.

- Por que ela se casou? Ela enganou os dois.
- Ela não enganou ninguém, Luan. Ela nunca teve nada com o tal Renato. E eles nunca se casaram, ela saiu de casa porque os pais não apoiaram e ela foi morar com a Pam. Luan, sei que não tá sendo fácil pra você, mas também não foi nada fácil pra ela.

Depois de incansáveis horas começamos a nos reversar.
Íamos em casa, tentávamos dormir um pouco, comer algo e lá estávamos novamente. Pam e Lucas sempre ao meu lado, a família de Luan sempre ao lado dele.

Nunca ficávamos sozinhos.

Graças a Deus, Davi estava reagindo bem, mas ainda não tinha acordado. Os médicos acharam melhor poupar ele e deixaram em coma induzido.
- Pam, eu preciso ir. – Lucas já tinha adiado muitos shows.

- Eu entendo. Vai lá. Obrigada por tudo.
Lucas se despede de mim, apesar de me sentir mais confortável com ele do lado, eu entendo que ele não podia parar a vida dele.

- Pam, se quiser ir também, não se preocupe a gente fica com a Carol. – Bruna falou.

Pam era tudo pra mim, mais que uma amiga, uma irmã, mas a vida dela tinha que seguir, ainda mais agora... ela tinha ganho uma bolsa para ir para o exterior. Ela precisava agilizar tudo, não queria me deixar, muito menos a Davi, mas ficar ali não mudaria nada no quadro de Davi. Aos poucos a mãe dela me contou.

- Fico feliz por ela tia, ela tá crescendo. Eu queria muito ela aqui, mas entendo que precise ir. Davi tá bem e eu também.

Sem eu saber Pam e a mãe falaram com os pais de Luan para me darem todo o apoio, contou tudo o que aconteceu nesses anos e eles me acolheram de braços abertos.

AMOR E ÓDIOOnde histórias criam vida. Descubra agora