Feridas do Passado (Concluída)

Rasteiras -- Capítulo 8

• Rodrigo

Quando eu vi a mel beijando o gabriel eu não sei o que deu em mim, eu nunca senti isso por ninguém, essa raiva se alguém se aproximar ou tocar e essa necessidade de estar perto nem que seja pra brigar.

Eu conheço a melissa a menos de 24 hrs e eu poderia afirmar que essa garota já me deixou na merda, o olhar dela de magoada quando eu disse aquelas palavras horríveis quebrou meu coração em mil pedaços, na hora foram as únicas palavras que me vieram a cabeça e não hesitei ao dizer cada uma delas.

Mas depois de passada a adrenalina do meu corpo e mente o arrependimento foi mortal, eu gostei dela PORRA, eu não sei o que tá acontecendo comigo meu coração despara perto dela, minhas mãos formigam pra tocá-la e não posso.

Não sei se foi amor a primeira vista ou se isso é só uma atração passageira, que quando aparecer outra garota eu perca o inteiresse.

Rio internamente por saber como isso será impossível de acontecer, percebi isso no palco enquanto cantávamos, várias mulheres gostosas pra CARALHO estavam me dando bola mas nenhuma parecia com ela e isso se tornou sem graça.

Eu sei pode parecer clichê ou pode parecer que eu sou um idiota adolescente que não manda nos sentimentos, que se apaixonou sem conhecer a pessoa a fundo... mas a verdade é que eu soube que era ela no momento em que olhei nos seus olhos pela primeira vez e vi uma menina mulher, que transmitia doçura, paixão, e tristeza.

E eu juro que quis tirar o seu olhar triste e colocar um feliz, e eu fiquei tão puto quando vi ela nos braços de outro que não pude conter minhas ofensas e agora me sinto um merda por isso.

Aqui tão perto dela podendo ouvir as batidas do seu coração acelerado assim como o meu, posso sentir que encontrei tudo que estava procurando sem procurar exatamente, ela apareceu do nada, sem mais nem menos, balançando todas as estruturas que mantive intactas por todos esses anos.

E vê-la assim quebrada me deixa impotente, sem saber o que fazer para ajudar, me sinto mais uma vez como um bosta que não pode fazer nada pela garota que está interessado, ela é tão linda, o seu cabelo cheira a melancia e aqui na curva do seu pescoço com meus braços ao redor da sua cintura é aonde encontrei minha paz.

Coloco sua cabeça no meu peito e afago seus cabelos loiros e sussurro um vai ficar tudo bem, e repito de novo, de novo, e de novo, até ouvir os seus soluços pararem aos poucos.

A vida sempre foi tão injusta comigo, primeiro me tirou minha mãe que nem pude conhecer, depois me fez ter uma adolescência horrível com um pai ausente e bêbado, ele chegava em casa depois do trabalho cheirando a whisky e eu só queria brincar com ele, sei lá ter um pouco de atenção e no lugar disso eu apanhava e muito desde os meus 6 anos.

Com o tempo o meu amor por ele foi ficando escondido em um lugar que até hoje não consegui encontrar, e uma raiva muito grande me dominou.

A única coisa que sempre esteve ao meu lado sem me cobrar ou pedir nada em troca foi a música e o meu talento para cantar, me sinto único quando canto.

Eu me considero um cara problemático que odeia o pai, tem contato com poucas pessoas da família a não ser algumas primas, um cara que nunca foi de uma mulher só, que sempre dormia fora de casa.

A mel não merece alguém como eu, ela merece mais muito mais, alguém que a ame com tudo de si, que cuide dela nos momentos difíceis, que tire várias gargalhadas diárias, leve ao parque para tomar sorvete e namore a luz da lua.

Ela é incrível e merece alguém do seu nível, não um canalha como eu, não sei se eu seria capaz de mudar, essa foi a pessoa que eu aprendi a ser, e essa é a pessoa que me tornei, não quero que minhas sugeiras respinguem nela e por isso vou me afastar e lutar ao máximo contra esse sentimento que já cresce dentro de mim.