Capítulo 1 ✅

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EM AMBERLY, fazer magia não é tão difícil quanto respirar. A grande maioria não sabe muito bem como funciona, mas se você assistiu com atenção às aulas de biologia, vai entender que a mágica faz parte do nosso corpo. Os poderes começam a se manifestar em você assim que você completa seu primeiro ano de vida, obviamente há algumas exceções. Até os seis anos de idade se ele ou ela não mostrarem qual sua especialidade, é considerado sem poderes. Ou seja, essa pessoa é fora do padrão social, uma pessoa não comum.

Mas isso é bem raro de se acontecer, em Amberly apenas duas pessoas são assim. Bom, uma delas, na verdade – meu vizinho – se recusa a fazer mágica. Ele é um antigo soldado da guarda real. Lembro que quando eu era criança, ele ficava narrando suas histórias de guerra, e como ele perdeu suas duas pernas nas trincheiras. Desde então ele é obrigado a se locomover em uma cadeira de rodas, que na maioria do tempo o deixa bem... Ranzinza. A outra pessoa que não possui poderes, também é uma conhecida minha. E põe conhecida nisso! Por que essa outra pessoa, sou eu!

Aos dezessete anos eu, Emma Schoemberg, ainda não descobri qual meu poder. Até os quatro anos as pessoas ficavam me dizendo que eu ia conseguir e que isso era natural, que eu era muito nova ainda, e blá blá blá. Aos seis anos, eu ainda não sabia qual meu poder, e os médicos diziam para minha mãe que isso era psicológico, devido a minha mais recente perda. Meu pai. Ele, assim como meu vizinho, era um soldado, mas infelizmente um dia ele foi mandando para as trincheiras e morreu em combate. O ruim é que nem deu para fazer um velório, já que seu corpo - pelo que dizia na carta - foi completamente incinerado. Quando fiz dez anos, os médicos começaram a fazer testes em mim, não testes daquele tipo escrever alguma coisa, ou ver a minha estrutura óssea... Não, testes de verdade, tipo jogar um carro em cima de mim para saber se meu puder é a força, ou era arremessada a distancia caso meu poder fosse voar, ou ter a super velocidade. Depois de tudo isso, eles falaram que não tinha mais jeito, e eu nunca ia desenvolver algum poder.

Eu levava isso na boa, mas as crianças que estudavam comigo, eram más. Falavam que eu era uma aberração, e me atacavam com seus poderes. Como os adultos diziam: isso tudo é brincadeira de criança. Essa realidade mudou quando um aluno novo chegou à escola, Tomás. Ele tinha um poder meio estranho na época. Ele era um verde, não verde do tipo que essa era a cor dele, mas seu poder era chamado de verde, pois ele era capaz de fazer aparecer rosas em tudo que é lugar. Então por se tratar de um poder na maioria das vezes feminino, ele era alvo de várias brincadeiras. Felizmente, aquelas crianças me deixaram em paz, mas só por um momento, eu ainda era a esquisita sem poderes por ali. Então o bullying voltou.

Só que dessa vez eu não estava sozinha, Tomás tinha se tornado mais que melhor amigo, um aliado. Então um dia quando eles vieram fazer aquelas brincadeiras comigo, Tomás simplesmente os prendeu em uma trepadeira

Nossa amizade se fortaleceu ainda mais desde então.

Enquanto faço meu caminho em direção à sala de aula, que por sinal eu já estava atrasada, percebo uma movimentação estranha vindo lá de fora. Eram soldados da Guarda real, esse tipo de visita não era tão incomum visto que Amberly é a capital de Illéa, e com o palácio real a menos de três horas daqui sempre haviam vistorias na escola principalmente para acompanhar o rendimento dos alunos.

Graças a minha habilidade em entrar despercebida em lugares, ninguém me nota entrar na sala. Exceto Tomás, que assim que entro me manda um olhar de reprovação. Sento-me ao seu lado, em seguida o professor toma a nossa frente e continua mais uma aula.

...

Enquanto o professor falava sobre a melhor forma de se defender em uma luta, eu ficava imaginando como seria se eu tivesse algum poder. Quantas vezes eu desejei que pelo menos uma vez, uma única vez, conseguisse pelo menos mexer em uma colher com a mente, ou fazer com que as pessoas fizessem o que eu quero... Tudo isso para provar a todos que eu consigo que eu sou tão normal quanto eles.

The Selection - Shawn Mendes (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora