Capítulo 45

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Emma

Eu esperava Shawn inquieta, enrolando as pontas do cabelo e andando em círculos pelo quarto tentando focar em alguma coisa que pudesse me entreter. De relance vejo a pequena planta que Tomas me deu. A mesma que sempre me fazia companhia quando eu precisava, e que de alguma forma conseguiu sobreviver depois da batalha.

Nós duas sobrevivemos – penso. Talvez o universo tenha algo preparado para nós, ou talvez tudo seja uma piada cruel de quem quer que se ache no direito de manipular nossas vidas.

Próxima à pequena planta havia um arranjo de flores brancas com algumas rosas vermelhas no centro, talvez colocado ali por algum empregado para dar mais vida e cheiro ao ambiente. Porem quando me aproximo algo estala dentro de mim, e de repente o cheiro doce das rosas começam a arder meu nariz. O borrão vermelho em meio ao fundo branco trouxe a tona uma memoria que eu mesma pensava ter esquecido.

Harriet se sacrificando para não me entregar. Traidora foi do que a chamaram, quando na verdade quem deveria ter sido chamada assim era eu. Havia sangue em minhas mãos, de todas aquelas pessoas que matei mesmo que para proteger quem eu amava.

Havia sangue por toda parte. De Harriet, meus pais, todos aqueles soldados que assim como eu acreditavam estar lutando por um bem maior, e Shawn... Meu coração começa a martelar contra meu peito. Mal percebi o momento em que peguei o vaso, e foi difícil continuar segurando enquanto minha mão ensopada de sangue tremia.

Nada disso teria acontecido se eu não fosse estupida o bastante para acreditar nas palavras de Emilio, o ódio que eu sentia pela família real não era suficiente para me fazer querer matá-los... Ou talvez essa parte minha que odeie a família real seja apenas uma ideia que Emilio plantou na minha cabeça, assim como eu me apaixonar por Tomás. Até que ponto ele havia me alterado, como eu vou saber quem eu sou e quais pensamentos são meus de verdade...

Talvez desde sempre eu fosse podre e sombria por dentro.

Eu traí Shawn, eu provoquei sua morte, e se por algum motivo eu não tivesse conseguido trazê-lo de volta... Ao lembrar como me senti quando vi que eu não o teria mais senti algo rugindo em minhas veias, algo novo... Ate que as flores que estavam no vaso ao qual eu segurava explodem em chamas com uma rajada de fogo azul envolvendo as rosas e as devorando.

O susto faz com que eu derrube o vaso no chão, e dê alguns passos para trás até bater de leve na mesa.

Congelo.

O que acabou de acontecer? Encaro minhas mãos, o sangue havia sumido e os indícios de qualquer que fosse o poder que tivesse me feito explodir as rosas em chamas também. Talvez tudo não tenha passado da minha imaginação. Porem quando vejo as manchas de fogo no que restou do vaso sei que isso não se trata de algum tipo de alucinação provocada pela minha mente confusa.

Ar.

Eu precisava de ar. Abro as janelas do quarto para tirar qualquer vestígio do cheiro de queimado, olho novamente para as minhas mãos esperando sentir novamente aquilo que senti há poucos minutos. Nada acontece, o único vestígio do que acontecera eram os pedaços do que restou do vaso. Minhas mãos haviam voltado a tremer, e eu precisava limpar essa bagunça, não preciso de mais pessoas fazendo perguntas.

Quando termino de limpar a porta se abre de uma vez e eu me assusto. Porém, não era Shawn que estava atrás dela e sim minhas antigas criadas Mark e Lucy. Alivio toma conta do meu corpo, torci tanto para que elas estivessem bem e que tivessem encontrado o abrigo em segurança, a ultima vez que nós havíamos nos visto foi no dia do meu casamento. Em pensar que isso tudo aconteceu a menos de uma semana, para mim parece que foi a uma vida atrás.

The Selection - Shawn Mendes (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora