Capítulo 10

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FIOS. ELETRICIDADE. ENERGIA. À medida que andávamos pelo corredor em direção ao nosso andar, eu podia sentir a eletricidade sendo conduzida pelas paredes. Kian me contou que embaixo de cada parede há centenas e centenas de fios e às vezes é possível sentir a eletricidade nas paredes. As pessoas em Angeles são extremamente exageradas quando o assunto é tecnologia, aqui cada coisa funciona a base da eletricidade, portas, janelas, chuveiros, até mesmo a cama.

Não sei se me acostumo com coisas assim. Mesmo Amberly sendo o centro comercial de Illéa, eu sempre fui costumada a viver com pouco. Alias, não tínhamos muito com o que gastar energia.

Kian e eu acabamos de sair da enfermaria. Ele achou um pouco suspeito que eu continuasse com a dor de cabeça e os enjoos por três dias seguidos. A curandeira falou que isso deve ser por conta do nervosismo, ela fez uma analise rápida em mim, e disse que não tinha nada de errado. O resultado de tudo isso foi que passamos um dia inteiro na ala hospitalar, ou seja, perdemos mais um dia.

Daqui a dois dias seria a prova real e eu não fazia ideia do que ia fazer. Em tese nós teríamos que desfilar com nossos trajes – cada um representando seu poder – e no fim faríamos uma breve demonstração de tudo. Até a parte de desfilar estava o.k, mas quando chegava a hora de demonstrar o poder ficava um pouco complicado, isso porque como você já sabe: EU não tenho poderes,

Kian e Harriet estão fazendo o máximo de mistério sobre a roupa que eu vou usar. Eu já tentei imaginar como vai ser, e cada vez eu me arrependia. Eu nunca tinha visto nada sobre o trabalho do Kian, então não sei muito bem com o que estamos lidando. Meu maior medo era que eu fosse desfilar sem nada, o que faria sentido visto que eu não tenho nenhum poder, sendo assim não teria o que vestir.

A verdade é que eu estou a cada segundo mais nervosa com essa prova, eu tenho que passar dela para poder ter a chance de falar com o príncipe sobre o alistamento. E a cada segundo que estou aqui mais uma pessoa é tirada da sua família para lutar na guerra. Argh.

Eu tenho que passar. Por Tomás.

E mesmo que a ficha ainda não tenha caído:

Pelo meu pai.

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A tarde foi anunciado que haveria uma entrevista com todas as Selecionadas. Uma equipe vem nos filmando desde que chegamos à maior parte do tempo, eles gravam onde as outras meninas treinam. Ainda não tive tempo de conhecer nenhuma das outras garotas, as únicas com quem ainda tenho contato são as que vieram comigo no voo.

Agora minha equipe estava comigo em meu quarto. Por longas e tortuosas horas, elas tentam me tornar apropriada para dar uma entrevista. Ainda não me acostumei a ter pessoas fazendo tudo por mim, nem um banho eu posso ter sozinha. Elas devem achar que eu não sei tomar banho ou me vestir sozinha. Céus! Quantos anos eu pareço ter? Quatro?

O pior de tudo é a maquiagem. Nunca fui o tipo de garota que usa toneladas e toneladas de maquiagem. Muito menos a que sabe exatamente todos os nomes de cada potinho daqueles e para que sirvam. Ao me encarar no espelho, fico com a impressão de que meu rosto foi trocado por de uma daquelas garotas de capa de revista. Pareço alguém da nobreza. Pareço linda, perfeita. E odeio isso. Odeio como eles tentam me mudar, como se a cada segundo eles confirmassem minhas suspeitas de que o príncipe quer alguém sem alma, mas com um rosto bonito ao lado dele.

A única coisa que pude escolher foi o vestido. Acabei escolhendo um na cor azul. Tinha uma gola alta, batia acima dos joelhos e ficava confortável na cintura. A moça que me ajudava a se vestir pôs um broche prateado perto da alça do meu vestido. Era meu nome, e estava escrito com letras brilhantes. Não duvido nada que seja algo precioso como diamantes. Engraçado, enquanto a nobreza gasta o que tem como podem, pessoas vão à guerra, passam fome para servir ao rei.

The Selection - Shawn Mendes (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora