Capítulo II

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Chegou a casa já tarde nesse dia mas também ninguém a aguardava, hoje sim a casa estava deserta num silêncio quase que assustador, mas não a incomodava. Assim que fechou a porta o telemóvel tocou era Rodrigo um amigo de longa data, era também ele uma pessoa sonhadora e simples, mas com um dom, tinha um ouvido para a música algo fora do vulgar conseguia reproduzir de ouvido músicas sem fim num piano, que era o único instrumento que sabia tocar, tinha aprendido a escutar as aulas do vizinho de cima que era professor de música para meninos ricos (como ele dizia), mas sem qualquer espécie de talento natural. Por várias vezes já tinha pensado como a vida era irónica aquele professor poderia ter tido o seu aluno prodígio, ter ajudado a criar um grande artista mas como este não podia pagar ficou-se por isto aprender através das paredes.

- Olá amigo como estás?

- Bem, posso passar ai hoje?

- Bom já é tarde e amanha é dia de trabalho mas que se passa?

- Tenho uma melodia no ouvido e gostava de a tocar

Rodrigo usava varias vezes um piano já antigo que Sílvia tinha, ela não se importava alias gostava imenso, era um velho piano da uma tia que já tinha falecido há muito tempo e que o filho dessa mesma tia, seu primo, lhe tinha levado pois sabia que Sílvia adorava apesar de não saber e nunca ter aprendido a tocar. Quando a tia lhe quis ensinar andava mais interessada noutras coisas e a senhora não durou até os seus interesses mudarem.

- Mas que te deu isso não é nada teu?

- Não sei amiga apareceu-me assim, hoje enquanto estava a fazer uma apresentação.

- Mas vens a que horas?

- Estou ai em 10 minutos se der para ti?

- Ok vou mudar de roupa, até já estou ansiosa por ouvir isso!

- Até já, á é verdade vi a Paula hoje

Houve um silêncio, Sílvia não sabia o que esperar

- E como estava ela?

- Pareceu-me bem, falámos pouco, perguntou por ti.

- Hum ok. Bem vou tirar esta roupa até já!

- Até já!

Sílvia desligou o telemóvel e começou a tirar os sapatos, não conseguia deixar de pensar no que Rodrigo lhe acabara de dizer, a Paula como estaria ela? Não se encontraram desde aquele dia!

Não tinha sido fácil andar para a frente mas também não havia mais espaço para voltar para trás Paula tinha sido demasiado importante para si, mesmo passado 6 meses acordava a sentir o seu cheiro e ás vezes ainda meio inconscientemente ao acordar procurava o seu corpo para abraçar era cada vezes mais esporádico mas quando acontecia tinha que se levantar de imediato para ocupar a sua cabeça com outra coisa não a queria ali dentro da sua mente a descortinar os seus pensamentos a misturar-se no que já não era dela!

Toca novamente o telemóvel era Rodrigo já estava a porta, Sílvia abriu deu-lhe um abraço:

- Já comeste alguma coisa? – perguntou Sílvia.

- Lanchei

- Olha vou fazer alguma coisa para comer e faço logo para os dois. - Ao dizer isto apontou com o braço na direção da sala, Rodrigo sabia bem que esta era a autorização para ir se sentar em frente ao piano e assim foi.

Enquanto Sílvia fazia uns ovos mexidos e aquecia um resto de sopa do dia anterior, começou a ouvir algumas notas vindas da sala, mas não conseguia entender a melodia os acordes eram inconstantes e não tinham ligação, não faziam sentido! Começou a achar tudo aquilo um pouco estranho, mas também os seus conhecimentos musicais era muito parcos apesar de ter gostos bem definidos, por varias vezes tinha pedido a Rodrigo que lhe ensina-se a tocar piano este olhava para ela com uma expressão frustrada de quem adoraria mas baixava a cabeça e respondia Não sei como. ,ele nem sabia como tinha aprendido.

Simplesmente Aconteceu (romance lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora