Capítulo XVIII

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O voo foi calmo e muito rápido, Sílvia sentia que a conversa com Ana tinha-lhe dado uma perspectiva da mulher por trás da artista e tal como todas as mulheres tinha as suas fraquezas e duvidas os seus momentos em que colocava em causa todo o seu percurso mas ao mesmo tempo tinha plantado em si a duvida, o que ela escondia que a levava a sair do seu pais para se sentir livre? Bem a realidade é que já há muito tempo que não se via nas revistas "cor-de-rosa" fotografias de Ana com algum namorado... pensando bem Sílvia chegou a conclusão que nunca tinha visto fotos de Ana com um namorado, pelo menos assumido, há uns anos atrás lembrava-se de umas fotos de ela com um jovem artista que disseram ser o seu novo namorado, mas tal nunca foi confirmado ou desmentido por nenhum dos dois. Seria Ana gay também?

Chegavam agora a um pavilhão de espectáculos de dimensão considerável onde se avistava ao longe uma multidão de gente.

- Ana está esgotado? – perguntou Sílvia.

- Sim, mas também não é muito grande, leva quantas pessoas Filipa? – perguntou Ana olhando para Filipa.

Esta brincava distraidamente com um tablet.

- Hum, não tenho a certeza mas acho que 12 mil. – respondeu passado algum tempo.

Sílvia riu do numero – Pois não é muito grande, é tudo uma questão de perspectiva, certo?

- Bem tem razão mas em comparação com o ultimo show que dei aqui no Brasil eram mais de 40 mil... - disse Ana.

Estavam agora no backstage, o cenário do show era simples, mas Sílvia pelo que conhecia de Ana sabia que estava não acreditava em shows muito elaborados, lembrava-se de ter lido numa revista que importante para ela num artista era a capacidade de interpretação e o amor que tinha por aquilo que fazia, o espectáculo fazia-se pela qualidade do artista tudo o resto eram efeitos especiais.

- Não me leva a mal mas agora preciso de um tempo sozinha para me preparar para o show tá? – disse Ana.

- Claro que não!

- Até já!

Filipa levou então Sílvia para uma zona lateral ao palco de onde era possível ver todo o show.

- Vou-te deixar aqui um pouco o show começa daqui a meia hora, tenho que ir tratar de umas coisas, se precisar de alguma coisa manda me chamar, ok?

- Combinado Filipa, obrigado. – respondeu Sílvia. – Até já.

Segundos depois, Filipa já tinha desaparecido no meio da estrutura montada por detrás do palco. Sílvia viu então as portas do recinto abrirem-se e todo o pavilhão encher-se de gente cheia de energia e que gritava por Ana.

Pouco depois tinha Ana ali ao seu lado fazendo os últimos preparativos para entrar em palco, o extraordinário era que nem precisava de aquecer a voz, era realmente um dom aquela sua capacidade vocal.

- Vou entrar agora espero que você goste do espectáculo. – disse Ana encostando a boca no seu ouvido. Sílvia sentia-se num perfeito jogo de sedução e estava completamente envolvida.

- Vou adorar ainda mais, do que já é normal! – disse Sílvia sorrindo. – no meu pais existe a superstição que não se deseja boa sorte a um artista, deseja-se muita merda!

- Já conhecia, obrigado! – disse Ana sorrindo.

Ana entrou em palco e o ruído era de tal ordem que fazia estremecer o chão, o espectáculo decorreu com o alinhamento que Sílvia tinha visto pouco tempo antes em Lisboa mas a resposta do publico era totalmente diferente era electrizante, Sílvia cantou todas as musicas conhecias de cor, após mais de uma hora de espectáculo, Ana olhou para ela piscou-lhe o olho e disse:

Simplesmente Aconteceu (romance lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora