Entrava agora no elevador que a levaria ao piso do seu escritório, sentia-se anestesiada parecia-lhe que caminhava num mundo totalmente parado a sua volta, como era possível sentir-se tão vazia? As portas do elevador abriram-se após um leve "bip", saiu e percorreu mais uma vez o corredor até ao escritório, era-lhe agora tudo tão familiar mas ao mesmo tempo tão distante, parecia-lhe aquelas lembranças de infância que para eternamente estariam gravadas em si mas que tinham tido lugar há vários anos. Agora não eram os anos mas sim tudo o que tinha passado desde a ultima vez que percorrera aquele mesmo corredor, a ultima vez que ali passara tinha o coração a fervilhar com o romance que vivia com Beatriz e com o entusiasmo de ir ao Brasil, agora voltava com o coração duplamente vazio e a sensação que o Brasil lhe roubara muito mais do que alguma vez pensou ser possível, roubara-lhe a hipótese de viver o grande amor da sua vida. Os olhos rasaram-lhe de lágrimas.
Carina saia de um gabinete poucos passos a sua frente, olhou para Sílvia e esboçou um sorriso verdadeiramente genuíno de quem tinha sentido a sua falta, só porque sim, só porque gostava de trabalhar diariamente com ela e a sua ausência tinha tornado o dia mais vazio, mais insípido. Sílvia sentiu aquele sorriso com uma intensidade descomunal e sorriu de volta.
Carina aproximou-se e continuando a sorrir estendeu-lhe a mão para a cumprimentar, ela não tinha noção do bem que tinha feito a Sílvia a sinceridade daquele simples sorriso, e Sílvia olhou para a sua mão e sorrindo afastou-a cumprimentando-a com dois beijos na face.
A reacção de Carina foi de espanto pois em tantos anos de trabalho nunca se cumprimentaram daquela forma mas aceitou carinhosamente os beijos e retribui-o da mesma forma.
- Então que tal foram esses dias no Brasil, divertiu-se ou foi só trabalho?
Por fracções de segundo na mente de Sílvia passaram imagens dos momentos com Ana, mas forcou-se a sorrir e responder cordialmente.
- Foram bons, com muito trabalho, muito mesmo, mas bons. – respondeu Sílvia sorrindo.
- Por aqui sentimos a sua falta mas pelas conversas que o Dr. teve acredito que tivesse mesmo tido imenso trabalho, não pararam de chegar aqui novas actualizações da base de dados de clientes.
- É verdade o mercado lá está ao rubro.
- Daqui a pouco já passo no seu escritório para lhe levar um café.
- Muito obrigado.
E assim continuou a andar até à porta do escritório. Estava igual a como o tinha deixado, ali, nada mudou.
Após sentar-se e ligar o portátil, bateram-lhe a porta levemente era o Dr. e atrás vinha Carina com o prometido café.
- Olá Sílvia! Prazer em tê-la de volta, espero que tenha tido algum tempo para descansar.
- Obrigado, tive sim pouco mas deu para retemperar forças.
- Eu sei que os últimos tempos têm sido muito esgotantes para si, mas prometo que após tratarmos de algumas coisas por aqui e de me ajudar a fechar alguns negócios muito importantes terá as suas tão merecidas férias, até trago testemunhas. – disse apontando para Carina.
Sílvia sorrindo respondeu:
- Não precisa de testemunha a sua palavra chega-me, mas ainda assim não me parece que o Dr. precise da minha ajuda para fechar um negócio, de qualquer forma sinto-me lisonjeada.
- Preciso sempre da ajuda de todos, o homem que pensa que faz tudo sozinho não consegue fazer nem metade daquilo a que se propõem. – disse dando uma leve palmada nas costas de Carina. – Preciso que disponibilize a sua agenda amanhã, não marque nada pois vai passar o dia em reuniões comigo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Simplesmente Aconteceu (romance lésbico)
RomanceSílvia era uma jovem e linda mulher na casa dos 30 que tinha posto fim a uma longa relação com aquela que pensava ser o amor da sua vida, uma relação que terminara abruptamente com uma traição, mas muito havia ainda por contar e o seu verdadeiro amo...