Sexta-feira à noite e eu vou ao cinema com a Anna. Assistimos o filme A Cabana, e é simplesmente incrível.
— Seus pais vão vir te buscar? — Anna pergunta quando saímos da sala de cinema.
— Ah não. Eles estão em um jantar com uns sócios do meu pai.
— E o Theo?
— Está com uma babá. Eu vou andando.
— Quer que eu vá com você?
— Não precisa. Você mora aqui perto. Depois teria que voltar o percusso todo sozinha.
— Tem certeza?
— Tenho. Obrigada — abraço ela.
— Ok. Boa noite. Me liga quando chegar.
— Tá legal. Boa noite. — sorrio e cada uma vai pra um lado.
Começo a andar, saindo da iluminação do cinema. Apresso um pouco o passo e aperto o casaco contra o meu corpo. A cada som atras de mim, o meu coração acelera. Olho para trás de cinco em cinco segundos e quando dou por mim já estou quase correndo. Não é muito tarde. São apenas 9:30 mas é tarde o suficiente para que as ruas estejam quase todas desertas. Passo perto de um beco escuro e ouço alguém sair de lá. Olho pra trás e tento correr, mas ele já agarrou meu braço. Um cara de uns 26 anos, não muito alto, mas forte, me olha nos olhos sorrindo.
— Boa noite, princesa — eu não respondo — O gato comeu sua língua? — ele me imprensa contra a parede com força. — Sabe, eu ia apenas roubar o quê você tem aí nessa bolsinha mas acho que posso me divertir de outras formas — ele vai se aproximando de mim, enquanto tento desvencilhar-me dele.
— Ei, Roland. Larga ela — ouço dizerem e o cara para.
— Quem é você? — ele pergunta e a pessoa aparece das sombras. Jake. O cara parece reconhecê-lo também. — Por quê eu faria isso?
— Porque você sabe o que acontece com quem desobedece uma ordem minha — Roland encara-o com raiva como se Jake tivesse atrapalhado ele bem na hora de sua refeição principal. Bem, eu seria a refeição. — Então, como vai ser? — o homem me larga e saio correndo de perto dele.
— Isso não acabou. Ouviu bem, Jake e.. patricinha — ele se vira e vai embora. Eu volto a andar, mesmo com as pernas bambas e a respiração descompassada.
— Você tá legal? — Jake me pergunta .
— Tô.. por quê me ajudou? Eu pensei que você fosse..
— O vilão? É. Eu provavelmente sou.
— Então por que? Costuma sempre intervir em situações assim? — ele solta um pequeno riso.
— Não. Sei lá. Eu só achei que não seria legal você ser estuprada no primeiro semestre aqui na cidade — Ele me encara. Deus, como ele é lindo.
— É, tá. Valeu de qualquer forma — volto a andar mas ele vem atrás de mim.
— O que você faz sozinha a essa hora?
— Fui no cinema. E não é tão tarde.
— Para Durham, é. Cinema com quem?
— Minha amiga.
— Anna, certo?
— Você conhece ela?
— Sim. Qual é o seu nome?
— Olha, você não tem nada melhor pra fazer? Roubar alguém, matar alguém, talvez? — ele ri
— Você acha que somos o que? Uma máfia?
— Eu não sei..
— Temos vida, patricinha.
— Eu não sou patricinha..
— Nós não batemos nas pessoas a torto e direito. Muito menos matamos. Até porque a policia ficaria na nossa cola.
— Ok, então vai encontrar sua namorada.
— Namorada?
— É. A garota que tentou acabar com o meu estômago na aula de educação física, e que você ficou rindo, aliás.
— Ah, Amelia. Ela não é minha namorada. Longe disso.
— Sei..
—Não deveria querer afastar alguém que acabou de te salvar.
— Eu não.. — respiro fundo — Ok. Tá. — ficamos em silêncio por um tempo e chegamos na minha casa.
— É aqui que você mora?
— É.
— Típico.
— Típico de quê?
— Típico de uma patricinha.
— Já disse que eu não sou isso. Boa noite — digo entrando
— Boa noite, patricinha.
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A Droga do Amor
RomanceEu não sei muito sobre o amor. Também não sei muito sobre amar. Mas uma coisa eu sei; quando se ama alguém, faz-se tudo por ela .