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Às 4 horas saímos de casa já que o parque era pertinho. Ao ver Theo ele vem correndo me abraçar, e eu abraço-o muito forte.

— Senti tanta saudade — ele diz

— Eu também meu amor. Como você está? E a escola?

— Estou bem. A escola também. Tenho vários amigos e eles vão lá em casa

— Isso é ótimo, Theo! Fico muito feliz por você. — ele olha pra cima e vê o Jake

— Oi Jake

— E ai cara — eles dão um soquinho amigável

— Sabe, a gente gosta de você. Só o meu pai que não. Mas você faz minha irmã feliz, e ela gosta muito de você

— Valeu, amigão. Também gosto de você

— Que tal eu e você irmos brincar um pouco? — digo ao Theo que concorda prontamente — Vai lá. Vou falar com a mamãe e te encontro — ele sai correndo e nós vamos até a minha mãe — Oi mãe

— Oi Cleo. Tudo bem, minha filha?

— Tudo sim. —cutuco Jake no braço e ele estende a mão a ela

— Oi Sra.Hill. Bom revê-la — ela olha para ele mas aperta sua mão

— Bom rever você também,Jake. Como você está?

— Estou bem, obrigado. E a senhora?

— Por favor, me chame de você. E de Eva. Não sou tão velha assim, ou sou?

— Não, com certeza não.— eles sorriem um para o outro discretamente e me sinto muito mais aliviada

— Bom, eu vou deixar vocês dois colocando o papo em dia e vou ali com o Theo.

Brinco com o Theo e me divirto muito com ele. Estava com saudade de ter um pirralho me chamando. Compro um algodão doce para ele que obviamente adora. Decidi não ficar olhando muito para onde Jake e minha mãe estavam para não ficar querendo saber do quê eles falavam.

— Cleo, você comprou algodão doce pro Theo?

— Sim, qual o problema? Um algodão doce não mata, mãe

— Bem, vamos embora Theo? Já brincou bastante e seu pai e eu temos um jantar para ir

— Sócios?

— Sim.

— Posso ficar com o Theo se quiser

— Isso! Deixa mãe, deixa! — Theo pede

— Não é preciso, filha. Quem sabe outra hora. Tchau filhota

— Tchau mãe — abraço ela

— Posso te dar um abraço também,Jake?

— Pode — eles se abraçam e até Theo acha esquisito

— Tchau Jake. Se cuida e cuida bem do meu anjo

— Pode deixar, Eva

Me despeço do Theo. Minha mãe me entrega minhas coisas e vamos embora.

— Que conversa profunda você e minha mae tiveram? Isso foi muito além do esperado — nós rimos

— Conto pra você depois.

Minha ansiedade e curiosidade não se aguentam e quando chegamos em casa é a primeira coisa que pergunto.

— Então.. o que foi?

— O que?

— Que vocês conversaram..!

—  Você é muito curiosa, sabia? Isso é entre nós dois

— O que? Mas ela é minha mãe! E você meu namorado! É meu direito saber

— Mas não vou contar

— Você disse que iria. Conta logo! Vai Jake!

— Tá legal! Chata! Ela foi minha psicóloga por um tempo

— Tá, e conversaram sobre o que?

—Minha vida. Com você.. o que eu sinto. O que eu quero..

— E o que é?

— Bem.. eu amo você. Como jamais amei alguém. Na verdade acho que nunca tinha realmente amado. Você é como uma joia rara, dificil de ser encontrada, e eu quero muito proteger essa joia. Mas às vezes acho quase impossível e contraditório alguém como eu proteger alguém como você. E o que eu quero.. bom.. eu não sei. Eu quero viver o momento. Curtir com você essa jornada. Não quero pensar no futuro. Eu não gosto do futuro. O agora. Isso estou que nós temos.

Beijo ele.

— O agora esta ótimo pra mim.

— Sabe o que estava pensando? — pergunto pro Jake enquanto assistimos Game of Thrones, e ele resmunga um "hum?" — O que faremos quando terminarmos a escola? Você vai pra faculdade? — ele solta uma risada

— Faculdade? Eu?

— Por que não?

— Porque eu não sou como- quer dizer, eu não tenho dinheiro. E nem quero. Escola regular já é demais pra mim.

— Ok.. e vai trabalhar com o que?

— Com a mesma coisa que trabalho agora

— Entregas?

— Exato

— Você não acha que é muito pouco?

— Pouco? — ele ri — Não.. e quanto a você?

— Bem, eu quero ir pra faculdade. Mas ainda não sei o que fazer. Talvez enfermagem

— Enfermagem? — assinto — Eu gostaria de ver você com um uniforme curto, branco..

— Isso é uma fantasia?

— Nah.. minhas fantasias são mais obscuras.. mas você seria uma boa enfermeira. Sempre achei que você gostava de cuidar das pessoas

— É.. eu gosto..

Na segunda feira, após a escola, Jake tem um compromisso do trabalho então vou andando pra casa sozinha.
Ando pela rua distraída quando sinto alguém agarrar meu braço, me assustando.

— Charlotte? — a irmã da Anna me leva para um beco mais deserto. Ela tem um olhar desesperado. — O que foi?

— Cleo, não é? Presta atenção. Me ouve com muita atenção. O Jake não é de confiança. O que ele está fazendo com você ele já fez comigo

— O que? Não, o Jake está diferente. É diferente dessa vez

— Não! Não é diferente! Ele diz que quer ser bom pra você, compra coisas, te satisfaz, certo? — meu coração acelera — Você precisa sair da casa dele. Rápido. Você pode estar correndo perigo. Aqui, tome isso — ela me dá uma arma

— O que? Não! Eu não posso ficar com isso!

— Você precisa! Cleo! Você precisa. Leva isto. Guarde. Esconda dele. E sai. De. Lá.

— Eu não.. não tô entendendo, Charlotte

— Preciso ir. Cuidado, Cleo! Ele é perigoso!

— Charlotte! Charlotte, espera!

Ela entra no carro e vai embora. Meu coração está muito acelerado e minha cabeça a mil. Não posso ir pra casa agora. Vou pro shopping. Na praça de alimentação me sento numa das cadeiras. Penso nos últimos dias, penso no que ela disse, no que Anna me contou há meses atrás. Penso no meu pai. Penso nele.

A Droga do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora