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Entro na escola e todos me encaram. Já estava cansada de sempre estar nos olhos de todos. Dessa vez provavelmente por chegar, depois de  duas semanas, com Anna ao invés de Jake. Entro na minha sala e ao fundo, vejo ele que parece muito surpreso ao me ver. Sento na cadeira à frente ao lado da Anna. Tento dispersar meus pensamentos pra longe dele e ignorar que ele está ali. Peço a Deus que ele continue no lugar onde está e não venha falar comigo. Quando a aula acaba, mudo de sala. Anna para ao meu lado e me pergunta se estou bem, e respondo que sim dando um fraco sorriso.

No intervalo, me sento para comer na única mesa que tem sobrando, e que infelizmente fica de frente para a mesa em que Jake e seus amigos estão sentados. Eles riem alto, fazem a mesma algazarra de sempre, menos ele. Vejo que ele não solta nem um sorrisinho sequer, e por mais que não queira olhar pra ele, não consigo evitar. Ele também não está na melhor das condições físicas. Parece mais magro e com olheiras fundas. Ele vira o olhar pra mim e eu mudo minha visão para o prato à minha frente. Então, ao subir meu olhar novamente meus olhos se encontram com os dele e mantemos esse contato. A expressão dele parece demonstrar um vazio no olhar, quase como...tristeza. Mas não.. não era isso. Não iria mais cair nos joguinhos dele.

Ao final do dia, me sinto exausta. As pessoas perguntavam o tempo todo como estava me sentindo, quase como se eu tivesse sofrido um acidente. Provavelmente elas não sabia o real contexto da situação, apenas um término de namoro como tantos outros, isso era bom. Evitava mais perguntas, além dos comentários "sinto muito por vocês. Eram lindos juntos" ; "por quê terminaram? Achei que seria pra sempre". É, esse era mais do tipo maldoso. Mesmo assim, alguns eu respondia apenas que não tinha dado certo.

Algumas semanas depois era meu aniversário. Bem, faltavam dois dias. Eu já estava com a auto estima bem melhor mas ainda assim, sem vontade de fazer festa. E era isso que meus pais e eu estávamos discutindo.

— Mas Cleo, são seus 18 anos..! Não pode deixar passar assim

— Mãe, eu não quero festa. Já disse. Por que não pega esse dinheiro e investe em algo?

— Não quero investir. Quero investir na comemoração do seu aniversário. Mais um ano de vida! É uma benção!

— Na verdade é um ano de vida a menos

— Cleo Rosalie Hill

— Por favor filha. Pode ser do jeito que você quiser. Como quiser. Com quem quiser — respiro fundo e reviro os olhos

— Tá legal, ok.. uma festa pequena e eu escolho os convidados

— Isso! — minha mãe comemora — A decoração-

— A decoração vai ser simples mãe, por favor

— Tá bom, tá bom..

Ela organiza tudo em dois dias e eu convido alguns amigos e a família que vem de Londres. No dia, acordo me sentindo renovada. Enfim, 18. Desço as escadas e todos estão na cozinha.

— Parabéns pra você, nesta data querida. Muitas felicidades, muitos anos de vida! — eles cantam e eu sopro a velinha que está em cima de um mini bolo.

— Obrigada família! — abraço eles.

— Bem, temos um longo dia pela frente. As decoradoras vão vir arrumar o jardim às 5 da tarde. O bolo será entregue as 6 já que a festa começa às 7. O pessoal de Londres chegará bem no horário da festa e as comidas serão entregues, assim como os garçons que virão as 6:30

— Decoradoras, garçons... Mãe, eu disse uma festa pequena

— É uma festa pequena

— Com garçons? Não me parece pequena

— Já está feito. Enfim, você pode fazer o que quiser hoje. É o seu dia!

— Vou ver serie então

— Série? Cleo. Está um dia lindo pra você ficar dentro do quarto assistindo televisão

— Você disse qualquer coisa mãe. Até mais tarde

A Droga do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora