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Chego na casa do Jake e chamo-o.

— Cleo?— ele franze as sobrancelhas ao ver a mochila — Aconteceu alguma coisa? — eu assinto

— Eu saí de casa

— O quê? Como assim?

Entro na casa dele e me sento no sofá. Explico pra ele o que aconteceu e ele escuta atentamente, demonstrando preocupação.

— Isso não pode ficar assim,Cleo. Você não pode ficar aqui. Não por muito tempo

— Por que não?

— Eu já te disse. É arriscado. Não quero que nada te aconteça.

— Nada vai me acontecer, Jake. Por que você ainda insiste nisso?

— Nós já conversamos sobre isso hoje,Cleo. Afinal, o que vamos fazer? Você vai conversar com seu pai?

— Não..! Eu só volto quando ele me pedir desculpa

— Bem.. aqui não dá pra você ficar

— O que você quer dizer? Não posso ficar aqui? — ele não responde. Balanço a cabeça — Beleza então, Jake. Obrigado

Pego minha mochila e abro a porta, saindo.

— Cleo! Cleo, espera!

— O que é?

— Você pode ficar. Me desculpa

— Tem certeza que não vai ser um incômodo?

— Não. Jamais seria.. Por favor, entra

Volto pra dentro da casa dele e coloco a mochila em cima de sua cama.

— Eu estou com fome — comento

— Tem batata frita aí

— Podemos ir em uma lanchonete? Por favor? Preciso arejar a cabeça — ele sorri

— Claro que sim, princesa

Ele pega um casaco e o maço de cigarros e fecha a porta de casa.

— De carro?

— Não. Vamos andando. — ele assente e segura minha mão, começando a caminhar.

Falamos algumas coisas aleatórias mas na maior parte do tempo fico em silêncio. Penso em como em pouco tempo as coisas podem melhorar e  piorar também. Quando me acerto com Jake, me embolo com meu pai. Olho para cima e examino o rosto dele. Tão expressivo, tão.. enigmático. Ele me vê encarando e me beija, e me permito dar um pequeno sorriso.
Chegamos na lanchonete e só então lembro que Anna trabalha ali. Meu coração acelera um pouco pois ela não sabe que voltamos a ficar juntos. Sentamos em uma das mesas mais ao fundo e uma garçonete vem nos atender.

— Boa tarde, o que vão querer?

— Eu quero um cheeseburguer com batata — respondo

— Pode ser dois.

— E pra beber?

— Uma Coca-cola para cada — a jovem assente e se retira. Olho em volta procurando a Anna mas não a vejo ali.

Converso com Jake sobre as aulas de física que estão cada vez mais difíceis e ele concorda. Um tempo depois, nosso pedido chega.

— Dois cheeseburguers com batata frita e duas cocas.. — a menina fala colocando em cima da mesa.

Olho pra cima quando vou agradecer e vejo que é a Anna. Ela também demonstra surpresa e não sabe mais o que dizer.

— Anna..

— Bom apetite — ela diz saindo mas eu vou atrás dela

— Anna, espera

— Cleo,eu estou no meu horário de trabalho, ok? A gente conversa depois — ela some lá pra dentro e eu volto ao meu lugar. Jake me examina.

— O que foi?

— Por que você tem tanto medo da reação dela?

— Eu não tenho medo

— É lógico que tem. Você coloca o rabinho entre as pernas e vai falar com ela

— Isso não é verdade

— Então me diz o que é

— Eu tenho medo da reação dela sim. Porque eu tenho medo de perder ela. Caso você não tenha reparado, ela é a minha única amiga aqui nessa cidade

— Você tem a mim — sorrio e reviro os olhos

— Você é meu namorado

— E não posso ser seu amigo?

— Você é meu amigo. Mas não pode fazer papel de namorado, amigo e melhor amiga. Agora come

Ele ri e nós comemos. Jake paga a conta e voltamos pra casa.

A Droga do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora