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Acordo no outro dia com a claridade que invade o quarto do Jake. Vejo no celular as horas mas me deparo com inúmeras ligações de Anna, Logan e da minha mãe. Olho pro lado e Jake não está deitado. Visto minha roupa e saio do quarto. Encontro Jake na cozinha virado para a janela, com uma mão apoiada na parede e a outra segurando um cigarro.

— Oi — digo apenas e ele olha por cima do ombro e dá mais uma tragada

— Oi. A gente precisa conversar

— Tudo bem — ele apaga o cigarro e se senta no sofá e eu na cadeira à frente dele

— Olha Cleo, o que aconteceu ontem foi maravilhoso mas acho melhor não levarmos isso a frente

— O que você quer dizer?

— Quero dizer que.. talvez seja melhor nós deixarmos isso como estava antes, sabe?

— Não, não sei. Você quer que eu esqueça o que dissemos e o que fizemos? Por que?

— Porque eu não quero que você se machuque. Eu não quero machucar você

— Por quê você me machucaria?

— Eu não sei, Cleo! Eu não sei até que nivel a cocaína pode me levar. A droga costuma intensificar algumas coisas nas pessoas.

— Você não me machucaria. Fisicamente não. Eu sei disso

— Como você pode saber?! Hein?! Como você pode ter certeza de que eu jamais levantaria um dedo pra você?!

— Você.. não faria isso

— Sóbrio não. Mas você não sabe como fico depois que uso

— Não, eu não sei. Mas eu não vou me afastar de você

— O que?

— Eu não vou me afastar de você. Esta decidido. Você não vai conseguir me distanciar de novo. Eu amo você e eu sei que você me ama também. E eu vou ficar do seu lado, não importa o que aconteça. Nós vamos sair dessa juntos.

— Você é maluca, Hill

— Acho que sou — rio e beijo ele. — Voce promete pra mim que vai tentar?

— Por você eu faço qualquer coisa, meu amor. — nos beijamos de novo e eu o abraço

— Nós vamos ficar bem. Eu sei que vamos.

Volto pra casa duas horas depois. Minha mãe esta em pé na cozinha andando de um lado pro outro. Meu pai sentado na bancada da cozinha falando no celular com alguém. Quando minha mãe me vê, vem até a mim com raiva nos olhos, mas com alívio também.

— Onde você estava, Cleo?! Onde raios você se meteu?!

— Pode deixar. Ela já chegou. Obrigado Andersen. — meu pai diz encerrando a ligação

— Calma mãe. Eu estava na casa do Jake.

— Calma?! Você sai para uma festa às 9 da noite e some! Seus amigos não sabem de você e nem ninguém e você quer que eu tenha calma?! Desde quando você se tornou tao irresponsável assim?!

— Eu não me tornei irresponsável. Eu e Jake nos reconciliamos ontem na festa e ai eu fui pra casa dele. Esqueci de te avisar. Desculpa

— Ah então você estava com aquele marginal? Está explicado. O que vai ter que acontecer pra você ver que esse garoto não é bom pra você, Cleo? — meu pai fala

— Ele não é um marginal e eu vou sim continuar com ele até quando eu quiser. Vocês não vão me impedir

— Não quero te impedir Cleo contanto que o namoro de vocês não te atrapalhe e nem te tire a segurança. Mas o que ele fez não é certo. Você ainda é menor de idade então ele deveria te trazer em casa ou pelo menos dar uma satisfação aos seus pais. Nós estávamos ligando para a polícia!

— A culpa não foi dele. Eu que esqueci. Por favor mãe, me entende. Eu amo muito ele. Não é uma coisa boba. Eu juro

— Eu não sei Cleo.. Eu não sei se posso continuar aprovando isso

— É claro que não podemos! Eva, você não vê o que aquele.. desgraçado tem feito com a nossa filha?! Você não vê o quanto ela mudou?!

— A minha mudança independe do Jake! Eu estou mudando porque estou crescendo ou você quer que eu continuo sendo sua menininha pra sempre?! Eu tenho quase 18 anos pai e se você não vai me deixar viver a minha vida então eu prefiro em ir embora!

— Cleo, isso é ridículo — minha mãe diz

— Não é ridículo mãe! O meu pai tem tentado colocar defeito no Jake desde o primeiro dia em que o viu sem nem ao menos tentar conhecê-lo! Eu não vou ficar embaixo do mesmo teto com um pai que não consegue nem ao menos tentar conhecer o garoto que sua filha está amando!

— Você nem sequer sabe o que é amor! — meu pai diz — Você é apenas uma menina que nós cometemos o erro de mimar e que não sabe nem a metade de como é o mundo real!

— Então eu vou saber.

— Vai! Pode ir! Mas quando você quebrar a cara e cair na real do que está jogando fora, eu não vou estar te esperando!

— Ótimo. Eu não vou precisar.

Subo pro meu quarto e coloco o quanto posso dos meus pertences em uma mochila. Ouço minha mae gritar com o meu pai mas não ouço a voz dele. Olho pra trás quando ouço um barulho e vejo Theo.

— Você vai embora?

— Vou

— Por que?

— É complicado.

— Não quero que você vá — chego perto dele e o abraço

— Eu vou sempre vir te ver, ta bom?

— Eu não posso ir com você?

— Você tem que ficar aqui com a mamãe e o papai, tá legal? Um dia quem sabe você vá morar comigo. Eu amo você — dou um beijo nele

— Também amo você.

Desço as escadas e minha mae vem pra perto de mim chorando.

— Filha, não vai. Por favor. Eu te imploro. Seu lugar é aqui conosco. Nós somos uma familia

— Sinto muito mãe, mas eu preciso fazer isso. Eu amo você. Muito. Mas eu tenho que ir

Ela me abraça forte e meus olhos também se enchem de lágrimas. Abro a porta e olho pro meu pai, que encara a televisão com os olhos frios. Me pergunto como chegamos a isso e fecho a porta a trás de mim.

A Droga do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora