Capítulo 1: O Olhar - João Pedro

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JOÃO PEDRO VALENTE

Coisa mais bonita é você,

Assim,

Justinho você

Eu juro, eu não sei porque você

Você é mais bonita que a flor,

Quem dera,

A primavera da flor

Tivesse todo esse aroma

De beleza que é o amor

Perfumando a natureza,

Numa forma de mulher

Porque tão linda assim não existe a flor

Os olhos dela eram dourados. Grandes, brilhantes e expressivos olhos castanho-claros como de criança. Nunca havia visto olhos tão doces e luminosos como os daquela moça.

Foi só olhar pra ela que senti um baque dentro de mim, como se tudo tivesse parado e então voltado a funcionar com vivacidade redobrada. Fui pego desprevenido e por um momento não tive ação. Meu pensamento, sempre tão controlado e racional, por um momento vacilou, perdido na doçura tão feminina e suave daquela mulher.

Quem era ela?

Eu havia me educado para controlar meus sentimentos. Mas estava ali confuso, abalado, totalmente envolvido por uma completa desconhecida. Sem saber o que pensar, notei que ela parecia igualmente abalada e que nem por um momento desviou os olhos dos meus.

Minha primeira reação foi recuar. Sensações assim intensas e cruas me assustavam e me remetiam a épocas em que não tive controle da minha vida. Há anos eu aprendi a pisar somente em terreno seguro e manter as rédeas sobre minha própria vida. E agora, bastou um olhar e eu me sentia inseguro, atraído, totalmente envolvido em emoções intensas e até mesmo desconhecidas.

Agi até mesmo antes de pensar sobre o que eu fazia. Andei até ela, decidido a saber quem era e porque me atraiu com tanta força. Estava convencido que havia uma explicação racional para o modo que eu me sentia, disposto a descobrir que talvez tudo não tenha passado de imaginação ou de uma troca de energia passageira, que se desvaneceria se eu falasse com ela.

Vi como ela arregalou os olhos ao me ver aproximando.

Era uma graça, parada ali perto de um belo arranjo de flores, com seus cabelos de um castanho reluzente cortados em camadas e espalhados por seus ombros e peito, bem longos. Uma franja displicente caía em sua testa, até as sobrancelhas escuras bem delineadas. Era linda, de um jeito doce e suave, mediana, esguia, mas com curvas nos lugares certos. E aqueles olhos como caramelo derretido...

Já vi mulheres mais lindas que ela. Mais exuberantes, sensuais, maravilhosas. Não podia ser a sua aparência que me abalava daquele jeito. Então, o que era?

De repente, alguém entrou no meu campo de visão, escondendo a imagem dela. Parei abruptamente a alguns passos antes de alcançá-la, quando reconheci Vítor, que se dirigiu a ela e a abraçou e beijou, bem na minha frente.

Porra. Era a noiva dele.

Fiquei sem ação, olhando enquanto ele parecia feliz da vida com ela nos braços. Ela ficou imóvel, sem reagir, deixando que ele a abraçasse e dissesse palavras de carinho.

Não sei ao certo o que senti. Raiva, decepção, uma mistura incongruente de sentimentos. Então aquela era a famosa Florzinha por quem Vítor estava loucamente apaixonado, de quem falou milhares de vezes pelo telefone e pela internet. A garota maravilhosa que relutava em ficar com ele, mas que ele lutava com afinco para conquistar. Eu podia entendê-lo um pouco nesse momento, levando em consideração a maneira que ela mexeu comigo.

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