Capítulo 7: Ciúmes e castigo.
Ouvi dizer que são milagres
Noites com sol
Mas hoje eu sei não são miragens
Noites com sol
Posso entender o que diz a rosa
Ao rouxinol
Peço um amor que me conceda
Noites com sol
Onde só tem o breu
Vem me trazer o sol
Vem me trazer amor
Pode abrir a janela
Noites com sol e neblina
Deixa rolar nas retinas
Deixa entrar o sol
Livre será se não te prendem
Constelações
Então verás que não se vendem
Ilusões
Vem que eu estou tão só
Vamos fazer amor
Vem me trazer o sol
Vem me livrar do abandono
Meu coração não tem dono
Vem me aquecer nesse outono
Deixa o sol entrar
Pode abrir a janela
Noites com sol são mais belas
Certas canções são eternas
Deixa o sol entrar
JOÃO PEDRO
Eu estava andando pelo corredor da Santa Casa, discutindo com um médico residente o tratamento mais adequado para um paciente após uma intervenção cirúrgica para tratar uma lesão vascular intracraniana causada por aneurisma, quando vi Fernanda vir na minha direção, do setor de Dermatologia, onde atendia. Nem sempre nossos horários coincidiam e tínhamos ficado a semana toda sem nos ver.
- Depois continuamos. – Avisei ao rapaz, ávido por aprender sempre mais e que tinha me acompanhado naquela cirurgia em questão. Despedi-me dele e parei em frente à Fernanda, beijando seu rosto. – E aí, tudo bem?
- Tudo Ok, João. – Com os cabelos presos e o rosto maquiado sempre impecável, sorriu para mim. – E você? Senti saudades.
- Eu também.
- Vai ao clube hoje? Pensei que pudéssemos nos encontrar lá.
Eu fiquei calado, incomodado. Era sexta-feira e desde quarta pela manhã, quando Ana foi trabalhar, eu não a via. Tinha planejado procurá-la hoje à noite, passar o sábado com ela. Como me conhecia bem, Fernanda observou-me com atenção e completou:
- Deixa pra lá. Já vi que tem compromisso.
- Foi uma semana corrida, Nanda.
- Ainda está se encontrando com ela? – Perguntou diretamente. Parecia serena, até fria. Mas eu a conhecia bem demais para perceber que estava um pouco magoada por ser deixada de lado uma segunda vez.
- Sim, estou.
- Certo.
- Nanda ...
- João, não to cobrando nada. Foi só uma pergunta. – Analisou-me com os olhos e então sorriu. – Você não vai virar baunilha, não é?