Capítulo 2: Uma decisão difícil - Ana Flor

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Vem, se eu tiver você no meu prazer

Se eu pudesse ficar com você ficar com você

Todo momento em qualquer lugar

Ah, se no desejo você fosse o amor

Durante o frio fosse o calor

Na minha lua você fosse o mar

Vem, meu coração se enfeitou de céu

Se embebedou na luz do teu olhar

Queria tanto ter você aqui

Ah, se teu amor fosse igual ao meu

Minha paixão ia brilhar e eu

Completamente ia ser feliz.

ANA FLOR

Eu consegui evitar Vítor na segunda e na terça-feira, falando com ele só por telefone para saber como ele estava e inventando desculpas para não vê-lo. Na quarta-feira ele insistiu para nos encontrarmos e disse que o motorista o levaria em minha casa. Acabei prometendo que passaria na casa dele após o trabalho.

Saí às cinco da tarde e fui direto para a casa dele, pegando um trânsito terrível. Fiquei no engarrafamento roendo as unhas e pensando que eu gostaria de esperar ele tirar a tipoia e ficar completamente recuperado para terminar tudo. Mas sabia que não dava mais para inventar desculpas e nem ficar fugindo. Era melhor abrir o jogo com ele naquela noite.

Criei coragem por todo trajeto. Cheguei à mansão decidida, embora consciente que seria difícil.

Vítor já me esperava sentado em um confortável sofazinho na varanda iluminada e se levantou eufórico ao me ver. Mal entrei na varanda, já com o coração doendo pelo mal que eu lhe causaria, ele veio me abraçar com o braço esquerdo e me beijar na boca.

Retribuí seu abraço, mas virei o rosto de leve e ele beijou minha face.

- Ana? - Ele estranhou. - Não está com saudades?

- Claro. - Afastei-me um pouco, forçando um sorriso. - Como você está?

- Melhor agora, que você está aqui. - Fitou-me com atenção - Aconteceu alguma coisa?

- Por que nós não sentamos? - Fugi de seu olhar e me acomodei na poltrona ao lado do sofá, deixando minha bolsa no colo.

- Você está estranha, Florzinha. O que houve? - Vítor se sentou no sofá, ansioso.

- Vítor, precisamos conversar.

Criei toda coragem do mundo e o olhei nos olhos, que ele apertou de leve. Ficou tenso, quieto. Eu sabia que precisava ser o mais direta possível:

- Tenho pensado muito sobre nós dois. Sempre fui sincera com você. Desde o início do nosso namoro tenho dúvidas. Acho que nos precipitamos ao ficarmos noivos...

- Ana...

- Por favor, Vítor, escute.

- Não estou gostando do seu tom. Nem dessa conversa.

- Desculpe, mas preciso falar. Eu não amo você. Gosto demais de você, quero que seja feliz, mas não posso me casar com você. Nem esticar mais esse relacionamento. Juro que eu não queria que fosse assim, fiz de tudo pra que a gente desse certo, mas não consegui me apaixonar. Quero que sejamos apenas amigos.

Durante todo o tempo ele ficou imóvel, me encarando. Então reagiu, empalidecendo e se inclinando para frente. Disse baixo:

- Você não pode estar falando sério.

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