Capítulo 2: Uma decisão difícil - Ana Flor

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Gosto de ficar te olhando

Passo o tempo imaginando

Teu modo de amar

Toda vez que eu te vejo

Eu te quero e te desejo

Não dá pra disfarçar...

Eu preciso dar um jeito

Nessa paixão guardada

Dentro do meu peito

Tenho amor demais pra dar.

ANA FLOR

Eu havia escolhido um lugar público para almoçar com Vítor e conversar com ele. Em casa minha mãe não me deixaria em paz. E eu precisava falar com ele, pois depois que eu tomava uma decisão não conseguia pensar em outra coisa até ter tudo resolvido.

A pressa em encontrar Vítor não era para eu ser logo livre e correr atrás de João. Eu não faria aquilo, embora fosse o meu desejo mais profundo. Eu só não queria mais me sentir culpada, como se eu estivesse enganando Vítor e atrapalhando sua vida. Me arrependia muito por ter dado tantas esperanças a ele e sabia que a conversa não seria fácil, mas estava decidida a resolver da melhor maneira possível.

O garçom se aproximou da minha mesa, para ver se eu queria mais um suco ou fazer o pedido. Disse que não, já preocupada com Vítor. Ele deveria ter chegado há muito tempo e não era de se atrasar. Não atendeu também o celular, quando liguei alguns minutos atrás.

Enrolei meu rabo de cavalo com o dedo, pensando se haveria algum engarrafamento entre o Alto da Boa Vista e aquele restaurante no Recreio, de frente para o mar. Talvez fosse isso.

Aproveitei que minha mãe não estava por perto e roí a unha do polegar, ansiosa. Meu estômago estava embrulhado e eu não sabia como poderia almoçar com tantas palavras que o magoariam entaladas na minha garganta. Nunca namorei e nunca precisei desmanchar um namoro. Antes mesmo de começar eu já queria terminar e correr para minha casa.

Fitei meu pequeno relógio de pulso e olhei em volta novamente, esperando que Vítor chegasse logo. Qual não foi a minha surpresa ao ver quem acabava de entrar no restaurante. Meu coração deu um salto e disparou como um louco. Arregalei os olhos, sem acreditar.

João estava na entrada, olhando ao redor com atenção. Alto, espetacular, com seus cabelos negros despenteados, ele me fez engolir em seco, prestes a ter um ataque cardíaco. Todo meu corpo reagiu, quase que entrando em combustão instantânea. Fiquei imóvel, sem conseguir tirar os olhos dele. Deus, o que ele estava fazendo ali?

Ele estava de tirar o fôlego usando uma calça jeans que marcava seus quadris estreitos e as coxas musculosas. A blusa num tom goiaba, de malha, marcava seu abdome definido, seu peito forte e os ombros largos. Moreno, com aquele rosto másculo e aqueles profundos olhos azuis, ele parecia um modelo de perfeição masculina e de sensualidade.

Seu olhar finalmente encontrou o meu. Me senti acuada, como uma presa imobilizada por seu caçador. Nem me mexi na cadeira. Nem respirei. Um frio esquisito inundou meu estômago quando ele caminhou decidido em minha direção.

João parou ao lado da minha mesa, sem tirar aqueles olhos quase violetas dos meus. Moveu de leve a cabeça e cumprimentou-me bem sério, com o semblante fechado:

- Ana Flor.

Engoli de novo, tentando me tornar coerente. Consegui balançar a cabeça de leve e murmurar:

- Oi.

Era estranho ele estar ali. Eu tinha que perguntar o porquê, mas minha língua parecia pesada, lenta.

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