Aquele dia estava passando devagar.
Aquele sonho visitava seus pensamentos constantemente, mas eram afastados pelos gritos de seus donos, mandando-a fazer as coisas.
A criatura de seu sonho estava certa. Estava muito atarefada com os preparativos do aniversário da filha mais nova do casal, que é seu dono. E o dia estava realmente estava passando devagar.
Seus pensamentos foram dispersos com sua dona, Keylle, a gritando da cozinha.
- Oi, minha senhora. - Disse a menina, chegando à cozinha. Keylle estava fazendo as comidas. O cheiro do bolo agraciou o seu nariz. - Me chamou?
- Sim, chamei sim. Preciso que vá até as árvores da Floresta Minguante e pegue maçãs.
- Fará um bolo de maçãs, minha senhora?- Perguntou a menina. Ela percebeu que se intrometeu demais e tratou logo de consertar:- Desculpe, não queria me intrometer minha se...
- Ei.- Interrompeu Keylle.- Calma. Sabe que pode perguntar tudo pra mim. Comigo não precisa ter essa formalidade toda. Sabe que pode me chamar de Keylle.
- Eu sei.- Relaxou a garota. Em parte.- Mas é que meu senhor não gosta que eu fale assim com você, e eu não me sinto à vontade de desobedecer meu senhor...
- É, eu nunca entendi porque ele sempre implicou com você, flor.
- Não tem importância, eu já estou acostumada. Nasci criada, cresci criada e morrerei criada.
- Não diga isso!- Keylle a abraçou como uma verdadeira mãe fazia com seu filho.- Você sempre foi como uma filha para mim.
A menina resmungou afirmando e afundou sua cabeça no ombro de Keylle. O perfume dela era misturado com o cheiro da farinha e dos ovos, mas mesmo assim seu abraço era de uma real mãe.
- Obrigada Keylle.- Sussurrou a menina, enquanto saía do abraço.- Agora eu vou lá. Quanto mais rápida eu for, eu conseguirei acabar as tarefas.
Keylle riu e a dispensou.
A menina pegou a cesta e foi até a Floresta Minguante. Aquela floresta a causava arrepios. As pessoas diziam que todos os seres mitológicos antigos moravam ali, principalmente na "árvore-mãe"; uma serigüela imensa que havia no meio da floresta. Diziam que os seres eram imortais, e ainda cuidavam de sua árvore como se fossem soldados, protegendo seu rei, ou até mesmo seu castelo.
A garota, dentre pensamentos, nem percebeu que chegara até a Floresta, e estava tao distraída que esbarrou em uma grande árvore. A criada achava que as árvores dali eram engraçadas. Eram grandes, mas só nas folhas. Seus troncos eram pequenos, tanto que ela podia tirar os melhores frutos de dentro das folhas com as mãos.
A garota não entendia porque se chamava Floresta Minguante. Não podia culpar ninguém; não tivera escolaridade, nenhum tipo de aprendizado. Só sabia o que escutava por aí, ou até mesmo em casa, quando tinha coragem o suficiente para perguntar a seu senhor o que era isso ou aquilo.
A menina encontrou a macieira. Era enorme, cheia de lindos e convidativos frutos.
Ela começou a pegar algumas maçãs. De repente, algo atrás dela começou a se mexer; ela podia ouvir os galhos partindo. A garota disfarçou, e foi para o outro lado da árvore. Ouviu o que parecia serem galhos remexendo. Catou rápido todas as maçãs que conseguia e se apressou de sair de lá.De repente algo salta na frente dela, fazendo-a cair para trás. Instintivamente, a menina se arrastou para onde ela conseguia.
- Ei!- Disse alguém.- Não fique com medo!
Mas a menina não queria saber. Catou suas coisas o mais rápido que pôde.
- Ei, calma!- Pediu alguém.- Não vou te machucar.
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O Poder Da Esquecida
FantastikUma garota é deixada na porta de um familia rica do reino de Lithaen, onde é adotada como criada. Sua vida é de uma empregada normal. Ela mora na casa, tem roupa lavada, comida, só precisa arrumar as coisas. Mas tudo não passa de exploração. Uma men...