Liz
Se uma situação está ruim, ela sempre pode piorar.
E muito.
Este era o resumo do meu dia.
Ruim. E ficando cada vez pior.
Como se não bastasse este ser o meu primeiro fodido dia como médica, ainda tinha que lidar com o fato de ter Thomas Hardy por perto.
E, com minhas emoções em frangalhos, eu agora tenho um paciente sob meus cuidados.
— Certo. Vai dar tudo certo – murmuro comigo mesma, enquanto empurro a maca de volta ao quarto, depois de tê-lo levado à tomografia. Até agora, tudo indo bem.
Era só respirar fundo e me lembrar do que eu tinha aprendido na maldita faculdade.
— Ei, querido, me deu um susto – a mulher loira se inclina sobre o sonolento paciente, acariciando seu rosto pálido.
— Está tudo bem agora... – Ele consegue responder.
A mulher então me encara.
— O que aconteceu? Ele não parece nada bem...
— Ele tomou um sedativo para a tomografia, por isto está meio grogue – explico.
— Você é a médica dele? Pode me dizer o que aconteceu? Ele vai ficar bem, terá que fazer alguma cirurgia?
Eu engulo em seco diante de tantas perguntas, sem saber o que responder, enquanto começo a suar frio.
— É, na verdade, eu não sou a médica...
— Não?
— Quer dizer, eu sou, mas...
— Doutora Spencer? – Uma enfermeira nos interrompe e eu respiro aliviada.
— Sim?
— Tem uma ligação para você na recepção. Me pareceu urgente.
Ligação pra mim? Eu não fazia ideia do que poderia ser, balbucio uma desculpa e me afasto do quarto, aliviada por me livrar das perguntas.
— Me disseram que tinha uma ligação? – Falo ao chegar à recepção e a atendente aponta para o telefone. – Obrigada – respondo, pegando o aparelho – Elizabeth Spencer.
— Filha, finalmente consigo falar com você.
Ah droga, falando em coisas ruins!
— Mãe? Por que diabos está me ligando aqui?
— Oras, você não atendeu a minha ligação hoje cedo. Estou preocupada.
— Mãe, eu estou trabalhando, pelo amor de Deus!
— Por isto mesmo! É seu primeiro dia no hospital, quero saber de tudo...
— E não pode esperar? Eu estava em meio a um atendimento e não posso ficar atendendo ligações particulares!
— Ah, eu sou a Doutora Spencer, todo mundo me respeita. E você é minha filha.
— Mãe, você disse que eu era sua filha? – Abaixo o tom, ao ver a atendente me encarando curiosa.
— Você é minha filha, qual o problema?
— Não quero que as pessoas saibam disto!
Bárbara ri do outro lado da linha.
— Não seja boba! Ser minha filha vai lhe abrir muitas portas.
— Temos opiniões diferentes sobre este assunto – resmungo.
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Linha da Vida - Degustação
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