Capítulo 11

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Thomas

Eu sei que estou no inferno quando vejo nos olhos de Liz exatamente o que está se passando pela sua cabeça.

Mas que porra estava acontecendo com a minha vida ultimamente que tudo dava errado?

— Oh, oi... – Emily teve a decência de dar um passo para trás, enquanto esboçava um sorrisinho maroto. – Ops, acho que fomos pegos!

Inferno. Mil vezes inferno. Cala a boca, Emily. Cala essa sua maldita boca.

Eu quero abrir a minha dizer a Liz a famosa frase "não é nada do que você está pensando", porém, assim como ela, eu também perdi minha voz.

E, silenciosamente, eu vejo seu olhar surpreso se transformar em raivoso antes de ela dar meia volta e sair da sala.

— Nossa, será que ela vai contar pra alguém? – Emily continua, alheia a merda que sua sedução estava causando – bom, eu nem ligo! – Suas mãos voltam para meu jaleco, eu as afasto.

— Volte ao trabalho, Emily.

— Por quê? A gente ia se divertir...

— Não a gente não ia! – Ajeito minhas roupas e saio da sala, disposto a ir atrás de Liz.

Claro que eu estava fazendo papel de trouxa novamente, indo atrás dela.

Enchê-la com minhas explicações. Mendigar seu perdão.

Implorar por sua atenção.

Que tipo de masoquista eu tinha me transformado?

Hoje de manhã eu tinha acordado com o firme propósito de esquecer de vez que Liz Spencer existia. Eu tinha dito a mim mesmo que não valia a pena. Eu já havia me envolvido com ela uma vez, há oito anos, quando era ingênuo o suficiente para acreditar que poderia ter algum tempo com ela e partir como se nada tivesse acontecido. Com minhas emoções sob controle. Como sempre fazia.

E as coisas não foram bem assim.

Eu deveria estar correndo agora.

Ainda mais depois de ontem, quando eu a prensara no armário me lembrando exatamente o porquê de ela ser inesquecível. Era como se sua boca tivesse sido moldada para a minha. Tudo nela encaixava perfeitamente em mim.

E, em todos aqueles anos, eu nunca havia encontrado uma mulher com quem tivesse aquele nível de afinidade física.

Então ela fugiu de novo. Jogou na minha cara que nunca mais poderia existir nada entre nós. Ela não tinha esquecido ainda o que eu fizera há oito anos. E inferno, o que eu fiz foi tão grave assim?

Eu só quis ser sincero. Eu sabia que nossa ligação era muito intensa. Eu estava lá também, sabia como era perfeito quando estávamos juntos. Só não sabia que ela tinha todos aqueles planos.

Aquilo me assustara pra caralho.

Possivelmente teria assustado qualquer cara da minha idade. Mas eu era pior do que os outros caras porque, enquanto alguns apenas se divertiam esperando que um dia fossem encontrar alguma garota que iria prendê-los, eu tinha horror de me imaginar nessa situação. Eu não queria me apaixonar, eu nunca iria me apaixonar. Nem por uma garota como Liz Spencer. Perfeita pra mim em todos os sentidos.

Porra foi justamente por isso que eu me vi dizendo todas aquelas palavras. Eu sabia que a estava magoando.

Eu tive vontade de amenizar. Tive vontade de dizer que eu sentia algo também. Eu sentia mais do que era permitido, e por isso mesmo eu precisava recuar e dar o fora.

Linha da Vida - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora