Capítulo 13

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Thomas

Eu provavelmente não tinha ouvido direito.

Um zunido cada vez mais alto parecia que ia fazer minha cabeça explodir, enquanto eu encarava Liz com assombro.

— O quê? – Balbuciei confuso, esperando que ela desfizesse o mal-entendido horrível.

Liz recuou, com a mão na boca, perdida em seu próprio choque.

Sua cabeça vai de um lado para outro em negação.

Eu não posso deixá-la ir. E, quase com violência, seguro seus ombros.

— Que diabos está dizendo? Liz? Responda! – A sacudo.

Ela tira a mão da boca e vejo uma lágrima escorrendo de seu rosto derrotado.

— Você ouviu...

— Não – a negação sai da minha boca, bem como minhas mãos de seus ombros.

— Eu queria que não fosse verdade, mas é – sua voz não passa de um sussurro.

Então eu finalmente começo a acreditar. Não há mentira em suas palavras.

Liz está falando a mais pura verdade. Ela esteve grávida. Há oito anos.

Sinto o ar me faltar enquanto processo aquela informação assustadora.

Liz grávida.

Eu a deixei grávida. Puta que pariu!

— Você estava grávida quando a deixei? Por que não me disse? Por quê...

— Eu não sabia, eu só descobri quando você já tinha ido embora – ainda há um mundo de rancor em suas palavras.

— E daí? Você sabia onde eu estava! Podia ter me procurado, podia ter me contado!

Ela ri. Um riso sem o menor humor.

— Fala sério, Thomas! Até parece que iria adiantar alguma coisa! Você se livrou de mim como se livra de um sapato velho! E estava muito feliz com suas festinhas e garotas fáceis!

— Eu não fazia ideia! Porra, Liz! – Eu estou furioso.

Por que demônios eu só estou sabendo daquela merda toda somente agora? Depois de oito anos?

Então algo que ela havia dito retornou a minha mente.

— Você disse que meu pai sabia...

— Sim ele sabia

— Por que ele sabia e eu não?

— Porque quando eu fui atrás de você na sua casa, você estava se atracando com várias garotas numa piscina.

— O quê? Que diabos – De repente eu me lembro. A festa da piscina, num feriado que passei em casa.

Então Liz havia estado na minha casa naquele dia?

— Por que não falou comigo? Por que foi direto ao meu pai?

Ela dá de ombros.

— Eu passei mal. Ele me encontrou e eu contei a ele o que seus olhos médicos já desconfiavam.

— Aquela festa foi cinco meses depois que eu fui embora...

— Sim, eu demorei isso tudo para ter coragem de ir atrás de você. Ou de contar a alguém.

Passo os dedos nervosos pelos meus cabelos, puxando os fios, em frustração e raiva.

Está sendo difícil de processar tudo.

Linha da Vida - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora