Capítulo 5

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Thomas

Sinto o líquido gelado descer como um bálsamo em minha garganta e batendo em meu estômago vazio. Era tudo o que eu precisava hoje: cerveja gelada. O bem-vindo torpor do álcool em minha mente e corpo exausto.

— Agora sim – Erick esbraveja soltando um ruidoso arroto em seguida me fazendo rir.

— Porco!

— Obrigado! – Erick sorri, fazendo sinal para a bartender encher mais o seu copo.

Nós estamos faz meia hora no bar irlandês que fica na esquina do hospital para onde inevitavelmente fugíamos a cada fim de plantão para encher a cara e pegar algumas garotas, se ainda tivesse força, antes de irmos para nossas respectivas casas e cairmos na cama para um bem-vindo sono depois de horas estressantes.

— Mais uma para você também? - A bartender pergunta numa voz de inconfundível interesse o que me faz levantar o olhar da cerveja para dar uma checada. Definitivamente gata com cabelos pretos, tatuagem nos braços e sacanas olhos azuis que piscam pra mim sem nenhum disfarce.

— E aí, tô pensando em encurralar em alguma sala aquela interna, a baixinha gostosa, o que acha?

Falar das internas azeda meu humor e faz qualquer interesse que eu começava a ter na bartender desaparecer feito fumaça e no lugar ressurgir a raiva que eu vinha tentando camuflar o dia inteiro desde que ela cruzara meu caminho de novo.

Elizabeth Spencer.

Ainda irritantemente linda. Ainda irritantemente sexy.

Ainda fodendo a minha vida.

— E você? Vai investir na branquinha? Como é mesmo o nome? Spencer? Se bem que me falaram que você e Emily andaram sacudindo algumas aspirinas hoje no armário de medicação. Não posso culpá-lo, Emily é gata pra cacete. Se quiser deixar a branquinha pra mim...

— Cala a boca! – Grunhi irritado com o solilóquio de Erick que já fala merda sóbrio, com a bunda cheia de cerveja ficava ainda pior.

— Ei, calma, amigo! Já entendi que a Spencer é território proibido - Ele solta uma risada, limpando a boca de cerveja – se bem que é só até que você se canse né? O que sempre acontece, aí eu e o meu colega aqui estaremos a postos para consolá-la – ele segura o saco e eu tenho vontade de fazê-lo engolir as próprias bolas por apenas estar sugerindo que vai passar aquele pinto sujo na minha garota.

Espera. Minha garota? Que diabos eu estava pensando?

Eu não via Liz a quase nove anos. Nós ficamos juntos um tempo tão ínfimo que nem sei se eu podia chamar o que tivemos de relacionamento.

E tudo acabara mal. Muito mal.

Ok, eu a considerei minha um dia.

Agora ela era apenas uma interna no hospital.

Eu tinha que continuar pensando assim.

— E falando nelas... – Erick cantarola, entornando mais cerveja e eu acompanho seu olhar para ver os jovens internos entrando em bando no bar.

E lá está ela. A razão do meu tormento.

E de súbito o tesão que faz meu pau se contorcer dentro das calças.

Maldito traidor.

Maldita Spencer!

Os internos seguem entrando ruidosos como gralhas, se agrupando numa mesa, meus olhos seguem como um falcão aquela que eu deveria estar evitando a qualquer custo.

Linha da Vida - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora