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Carol estava feliz naquela manhã. Apesar da doença tê-la atacado pouco antes de sair de casa,quase a impedindo de reunir-se com os amigos para o aguardado pequenique de sábado. Os cinco iam á frente dela,entretidos em assuntos animados. Mas por mais que se esforçasse em acompanhar o ritmo deles naquele dia,sabia que a doença não lhe permitiria e ela se cansaria rápido demais. No entanto,preferiu não contar nada a nenhum deles; não queria estragar aquele dia.

Ela viu Jhon,seu melhor amigo diminuir o ritmo dos passos para que ela pudesse alcança-lo. Ele olhou para ela gentilmente,a luz do dia deixava seus olhos quase da mesma cor do âmbar.

-O que foi? se sente bem? -Ele perguntou.

Jhon sabia de sua doença,porém nunca a mencionava para ela,a não ser que fosse realmente necessário. Carol se sentia realmente grata por isso,odiava falar da mesma doença que matara sua mãe.

-Estou bem -Ela forçou-se a sorrir. -A manhã está muito bonita.

Ele olhou para cima,como se contemplasse o céu.

-E fresca,isso te fará bem. -Sorriu para Carol e estendeu-lhe uma mão.

Ao chegarem no espaço amplo onde fariam o pequenique e passariam parte da manhã,Carol viu Rose estender sobre o chão um pano vermelho xadrez. Ela era uma das quatro irmãs de Jhon,e a que Carol particularmente gostava mais. Jhon se afastou dela para aproximar-se de Angela,sua irmã mais nova. Os dois entreteram-se em algum assunto ao qual ela não podia sequer imaginar,e então Carol aproveitou-se para afastar-se e sentar-se em um tronco no chão.

De onde estava,ela tinha total visão do espaço em que estavam. Ainda sentia a doença se agitar levemente dentro de seu corpo frágil,mas ela não mencionaria nada. Sentiu uma brisa fresca soprar seu rosto e sacudir seus longos cabelos escuros. Ela alisou seu vestido claro florido,a brisa lhe fazia bem,como dissera seu amigo.

Ela olhou distraidamente para o espaço atrás dela e apertou os olhos,nunca havia adentrado mais fundo aquela área da floresta. Lançou novamente um olhar para os amigos,pareciam todos muito absortos em seus próprios assuntos para notar se ela se levantasse e saísse. Carol se levantou devagar e caminhou para a extensão atrás dela. Ali,a brisa soprou com mais força,levando seus cabelos para a frente do rosto e fazendo seu vestido leve se enroscar entre as pernas. O frescor era tão bom,que por um momento ela fechou os olhos. Caminhou mais um pouco até encontrar uma grande pedra no centro da floresta,onde o sol que vinha dentre as copas das altas árvores ali projetava-se sobre ela. A visão daquilo a fez recordar-se da pedra onde o lendário Rei Arthur desencravou a espada Excalibur,ela sorriu com aquilo enquanto contornava a pedra de centro.

Lembrou-se dos momentos em casa com Jhon,e de suas infindáveis discussões e explicações sobre Avalon. Mas foi em determinado momento,quando ela chegou mais adiante na mata,que sentiu como se tivesse atravessado um campo de força. Era estranho,pensou ela. A doença devia estar lhe causando algo. Carol não teve muito tempo para pensar,antes de sentir o mundo girar e seus olhos gravarem a imagem do sol penetrando as copas das árvores.

Rei Das Cinzas. (Livro 01)Onde histórias criam vida. Descubra agora