Rei Das Cinzas. (Livro 01)

16

Durante algum momento da madrugada,Oliver dormira abraçado ao cavalo. Já não sentia mais tanta dor,mas estava exausto. Pensara em seu rei diversas vezes enquanto trotava pela mata,se ele estaria bem; o que a Rainha de pedra teria exigido deles e se...se Casser sentia raiva dele. Imagens o perturbaram até que ele pegasse no sono,despertando apenas mais tarde com os raios de sol machucando seus olhos. Ele se endireitou e forçou os olhos a se ajustarem á luz do dia,então notou que estava na Floresta do Sol; mais precisamente na divisa dela com Tonder,onde os Pullpers governavam. Ele se perguntou se seria possível que a garotinha tivesse tomado as rédias de seu cavalo e os guiado até ali,pois não acreditava que o animal pudesse retornar por si.

Ele puxou a rédea do animal e o forçou a parar. Raios de sol penetravam as copas das árvores,devia estar bem no início da manhã. Ele desceu com dificuldade do animal e sentiu o impacto de dor ao pisar em terra firme,o mundo de repente pareceu girar e ele sentiu a necessidade de apoiar-se no cavalo. Esperou um momento até que estivesse bem o suficiente para andar,havia uma casa pequena ali; ele pediria ajuda. Caminhou lentamente com a mão no braço esquerdo,sobre o sangue seco e então bateu á porta de madeira. Foi necessário apenas uma vez para que a porta se abrisse e ele visse uma bela mulher de cabelos escuros e feições delicadas,ela o olhou com enormes olhos escuros.

-Preciso...-Oliver buscava as palavras,mas a tontura já tomava conta de seu corpo outra vez. -Preciso que me ajude.

E então ele caiu desacordado diante daquela mulher estranha.

Lumi estava sentado em uma das mesas nos fundos,notou Amanda. Cabisbaixo,brincava com o copo na mão,mas seus olhos estavam fixos no nada. Na certa ele estava assim porque havia perdido o rei Casser de vista,ao menos Amanda gostava de pensar que sim. Ela esfregava o balcão silenciosamente enquanto lançava olhares na direção de Lumi Ayola,aquele ser perverso. Sentia-se bem por ter ajudado o rei Casser a fugir da morte,ele a ouvira afinal. Mas se Lumi tivesse conhecimento de que fora ela quem o advertira sobre o ataque que planejavam ao palácio de Casser,ela seria uma mulher morta. Tinha certeza disso. Lumi não lhe parecia um homem piedoso,ela podia ver o ódio e o desejo de pisotear o próximo nos olhos dele. Perdida em pensamentos,ela não viu quando o pai a contornou e pousou um copo vazio na parte debaixo do balcão.

-O rei fugiu. -Comentou ele baixinho,sem olhar para ela.

Após olhar para o pai por um momento,Amanda baixou os olhos e se concentrou ainda mais em esfregar o balcão. O pai a observou com atenção.

-Isso já está limpo o suficiente. -Falou.

Ela parou,mas não conseguia olhar para o pai e dizer algo. E se ele de repente lesse em seus olhos que ela fora responsável pela fuga do rei?

-Por isso ele está com essa carranca toda? -Ela despistou e passou o pano de leve sobre a superfície do balcão,apenas para não ter que encarar o pai.

O homem entendeu que ela se referia á Lumi no canto do Pub.

-Me parece que sim. -Respondeu baixo. -Não o encare,Amanda.

Dessa vez,ela o olhou.

-Mas é quase impossível não encará-lo. -Rebateu baixinho. -É ele quem sempre agita este aposento todas as vezes que vem aqui,e hoje está... -Ela lançou um breve olhar na direção de Ayola. -Está péssimo.

-Ouvi comentários enquanto servia as mesas. -Disse o pai. -Alguns dizem que ele não ousou retornar a Tonder ainda,temendo punição de seu senhor.

Amanda piscou e olhou para o pai.

-Que tipo de punição?

-Não sei. -Respondeu o velho,dando de ombros. -Não servimos um homem misterioso como Lumi,sabe lá o que ele pode fazer com ele; que tipo de treinamento recebeu.