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Luid lançou um rápido olhar atônito na direção do pai,o soldado bateu á porta mais uma vez.

-Esconda-a. Ordenou Tom,baixinho.

Luid guiou Carolina pelos ombros até uma parte oculta mais ao fundo da pequena casa e abriu um alçapão.

-Entre. -Instruiu baixinho.Seus olhos azuis brilhavam desesperadamente ao vasculhar o rosto de Carol. -Há um guarda-roupa lá dentro,esconda-se lá. Dentro dele há uma passagem para a área externa,caso sinta que precisa...não hesite.

Quando Carol assentiu perturbada e desceu,Luid fechou o alçapão ao tempo que seu pai permitia que os soldados entrarem.

-Caçador. -Cumprimentou um dos soldados do Rei,com um aceno de cabeça. -Perdoe nossa invasão,mas temos ordem do Rei para explorar a floresta á procura de uma jovem intrusa. -Os olhos cor de chá do soldado avaliaram Tom e Luid,desconfiados. -Vocês por acaso viram alguém diferente pelas redondezas? Uma moça,especificamente?

O coração de Luid estava acelerado,se os soldados do rei tivessem conhecimento da presença de Carolina ali,todos pagariam. Casser não teria piedade,os executariam por esconder a jovem intrusa. Foi Tom,com sua experiente paciência de anos quem respondeu. As mãos dele se cruzaram atrás das costas e a expressão parecia relaxada,Luid se perguntou como o pai conseguia manter tal controle.

-Nós não vimos ninguém passar por aqui. -Respondeu. -Caçamos ontem e hoje,ninguém diferente. -Sua voz soou convicta.

Escoltando o soldado-comandante do rei,estavam mais dois soldados. Um deles corria os olhos por toda a casa em busca de algo suspeito e o outro olhava com atenção para Luid,aquilo o incomodou.

-Se não se importar,caçador -Disse o soldado-comandante. -Meus homens checarão sua residência.

-Claro que não. -Respondeu Tom prontamente.

Luid sabia que seu pai confiava que ele tivesse feito um bom trabalho escondendo a moça,mas ele não tinha tanta certeza de que Carol encontraria a passagem para a área externa caso fosse necessário. Silenciosamente e com expressão fechada,Luid se afastou para dar passagem aos guardas do rei. Ele sabia que Arabelle havia se enfiado dentro do quarto,como sempre acontecia quando recebiam alguém diferente. Um dos guardas se direcionaram para o quarto onde a garotinha estava e o outro para próximo do alçapão que Luid havia puxado para Carol passar alguns minutos antes.

Ele olhou disfarçadamente para seu arco em cima da pequena cômoda e para o pai,se algo corresse errado,não hesitariam em dar um fim nos soldados de Casser. O comandante passava uma calma surpreendente,e a expressão dele era serena. Tinha uma das mãos atrás das costas e a outra posta sobre sua espada,Luid se perguntou se ele realmente queria fazer aquilo. Sua postura revelava um experiência de pelo menos um ano servindo ao rei. Luid viu o soldado descer pela passagem do alçapão e instintivamente desceu atrás dele,lançando um olhar significativo para o pai: "Se algo der errado,não hesite em pegar o arco"

Lá dentro,Luid viu que após o soldado vasculhar com o olhar o aposento interior,foi direto para o guarda-roupa. Ele o abriu sem rodeios e afastou as roupas com as mãos. A encontrariam,Luid pensou- encontrariam Carolina e a levariam para seu rei,depois executariam seu pai e ele. Se Casser tivesse piedade,talvez permitisse que Arabelle vivesse. Aquele pensamento o fez levar a mão imperceptivelmente á adaga em sua cintura,sabia que seu pai daria conta dos dois soldados na parte superior da casa. O soldado ali não dava sinais de ter encontrado alguém,talvez Carol já tivesse passado para fora. Esperta.

Quando o soldado se afastou,sua expressão era de tédio.

-Parece limpo. -Falou e após uma última olhada pelo aposento,subiu as escadas de volta ao piso superior. Luid soltou a respiração e lançou um olhar na direção do guarda-roupa,falaria com Carol depois. Ele seguiu o soldado para cima,precisava checar se corria tudo bem no piso superior.

Rei Das Cinzas. (Livro 01)Onde histórias criam vida. Descubra agora